Trump joga o Brasil para os braços da China
Crise com os Estados Unidos força Brasil a se reposicionar no cenário geopolítico internacional
Por Gazeta do Paraná

A recente crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos está colocando o país em uma encruzilhada geopolítica cada vez mais delicada: a necessidade de escolher um lado no confronto global entre EUA e China.
Nos últimos dias, a postura do presidente Donald Trump tem empurrado o Brasil para mais perto do governo chinês. No contexto da política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já defendia uma aproximação com a China, esse movimento ganha ainda mais força.
Empresas chinesas têm intensificado ofertas de investimentos no agronegócio, infraestrutura, logística e até mesmo no sensível setor de defesa e armamentos. Recentemente, representantes russos também procuraram autoridades brasileiras em Brasília para discutir cooperação militar. O tema é visto com cautela pelas Forças Armadas brasileiras, historicamente ligadas aos Estados Unidos e a países da Otan. Há temor de que a crise política com Washington prejudique acordos de compra de equipamentos, treinamentos e até a exportação de produtos brasileiros de defesa, como caças suecos montados no Brasil e aviões militares da Embraer.
No momento, o governo brasileiro não conta com canais de diálogo de alto nível com a Casa Branca. As exigências comerciais americanas são consideradas difíceis, enquanto as demandas políticas de Trump são vistas como inaceitáveis para um governo soberano.
Segundo fontes próximas ao governo dos Estados Unidos, a crise comercial está sendo tratada em Washington como parte de uma disputa muito maior contra a China. Para especialistas, é justamente esse cenário que o Brasil deveria evitar de ser forçado a escolher lados na principal rivalidade geopolítica do século.
