STF discute envio de Bolsonaro à Papuda após rejeição de recursos da defesa
Aliados do ex-presidente temem prisão no presídio de Brasília e veem decisão como tentativa de desgaste político; ministros ainda avaliam manter prisão domiciliar por motivos de saúde
Créditos: Antônio Augusto/STF
Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro acreditam que o Supremo Tribunal Federal (STF) poderá determinar sua transferência para o presídio da Papuda, em Brasília, já na próxima semana. A medida ocorreria após a rejeição dos embargos de declaração apresentados pela defesa. Atualmente, Bolsonaro cumpre prisão domiciliar.
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Nos bastidores, pessoas próximas ao ex-presidente avaliam que parte dos ministros do STF considera o cumprimento da pena em presídio um gesto simbólico, representando o desfecho do julgamento da trama golpista. Um membro da família de Bolsonaro, ouvido sob reserva, classificou a possível decisão como uma tentativa de “humilhação” e “desgaste político”.
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Apesar da expectativa de transferência, aliados acreditam que o ex-presidente deverá permanecer por pouco tempo na Papuda, já que o tribunal pode restabelecer a prisão domiciliar devido às condições de saúde dele. Bolsonaro sofre sequelas da facada sofrida em 2018 e foi diagnosticado com câncer de pele neste ano.
Questionado sobre o tema, o STF não emitiu posicionamento oficial até o momento.
Discussões internas no Supremo
Fontes ligadas à Corte informam que o assunto vem sendo debatido entre os ministros. Um magistrado que mantém interlocução com Alexandre de Moraes defende que Bolsonaro continue em prisão domiciliar, citando como precedente o caso do ex-presidente Fernando Collor, que obteve o mesmo benefício por questões médicas.
“Se concedemos a Fernando Collor, não há motivo para não conceder a Jair Bolsonaro”, afirmou a fonte, ressaltando que ambos necessitam de acompanhamento médico constante.
Por outro lado, Moraes é descrito como favorável ao cumprimento da pena na Papuda, em uma cela especial, equipada com televisão, ar-condicionado e paredes brancas.
Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio público. Ele está em prisão domiciliar por ter descumprido medidas cautelares em outra investigação, que apura suposta coação no curso do processo.
