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Setembro Amarelo: Cascavel registra mais de 3,7 mil atendimentos em saúde mental por mês

A Secretaria Municipal de Saúde conta com 6 centros especializados, com 18 médicos psiquiátricas e 16 psicólogos que atuam gratuitamente pelo SUS

Por Eliane Alexandrino

Setembro Amarelo: Cascavel registra mais de 3,7 mil atendimentos em saúde mental por mês Créditos: Assessoria

Eliane Alexandrino/Cascavel

Amanhã,  quarta-feira (10), é lembrado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, dentro do movimento Setembro Amarelo, que tem como objetivo ampliar a conscientização sobre a importância de cuidar da saúde mental e prevenir o suicídio em todo o mundo.

A campanha surgiu nos Estados Unidos, em 1994, e desde então vem ganhando força em diversos países. No Brasil, os números preocupam: segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o país lidera o ranking mundial de casos de ansiedade e depressão, com cerca de 18 milhões de pessoas afetadas. Dados da Saúde Business apontam que 54% da população já teve ou tem algum problema de saúde mental desde a pandemia, e ao menos 31% enfrentam estresse contínuo.

O impacto também é sentido no mercado de trabalho: em 2023, um terço dos trabalhadores brasileiros (33%) apresentou algum tipo de transtorno mental, resultando em aumento de afastamentos. Entre os jovens, os índices de adoecimento mental também são alarmantes.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a rede de atenção psicossocial do município realiza, em média, 2.430 consultas psiquiátricas e 1.312 atendimentos psicológicos por mês. A estrutura conta com 18 médicos especialistas e 16 psicólogos, distribuídos em seis centros de atendimento especializados em saúde mental, todos gratuitos pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

“A dor emocional não é visível”, alerta especialista

A Gazeta do Paraná conversou com a psicóloga Deise Rosa, especialista em luto e saúde mental, que destacou a necessidade de um olhar responsável para as emoções.

“A saúde mental precisa ser cuidada exatamente como a saúde física. Quando sentimos dor física, buscamos um remédio ou procuramos um médico. Já a dor emocional é silenciosa, e a nossa cultura não nos ensinou a lidar com ela. Olhar para a saúde mental não é só em setembro, mas o ano inteiro. O melhor movimento é falar sobre o que se sente, dividir com as pessoas, escrever, colocar para fora e pedir ajuda quando necessário”, afirma.

Segundo a especialista, a cultura de “ser forte” e reprimir emoções ainda prejudica a população, especialmente os homens. “Aprendemos que chorar é sinal de fraqueza, mas isso não é verdade. Chorar é humano. A população masculina me preocupa bastante, porque os homens são ensinados desde pequenos a valorizar apenas a força física, ignorando suas vulnerabilidades e emoções. É preciso acolher a dor e buscar apoio quando necessário”, acrescenta.

Cuidar de si é fundamental, principalmente em famílias que já tiveram casos.  Deise Rosa ainda deixou um recado para a população:

“Quero deixar um convite para que cada pessoa olhe para dentro de si. Não esconda seus problemas “debaixo do tapete”. Valide sua tristeza, mas não more nela. Se a dor for constante, é hora de buscar ajuda psicológica ou psiquiátrica, conversar com pessoas de confiança e não deixar a angústia se acumular. O movimento de falar sobre o que se sente é essencial para a saúde da alma, do coração e do afeto”, conclui a especialista.

Mais de 1 bilhão de pessoas

Segundo dados mais recentes da OMS, cerca de 1 bilhão de pessoas vivem no mundo hoje com algum tipo de transtorno mental, isso inclui ansiedade ou depressão. Muitos não percebem, mas o cenário causa além de prejuízos humanos, mas econômicos. Em 2021, cerca de 721 mil vidas foram ceifadas em todo mundo, por alguma doença ligada ao emocional. Os jovens lideram parte do ranking, independente do contexto socioeconômico. Ainda de acordo com a OMS, atualmente, os transtornos de saúde mental são a segunda maior causa de incapacidade a longo prazo, gerando perda na qualidade de vida.

CVV Cascavel

O  CVV (Centro de Valorização da Vida de Cascavel) não tem mais sala presencial desde janeiro de 2024. Anteriormente o CVV funcionava em um dos espaços do Terminal Rodoviário. Segundo os voluntários, desde que iniciaram as reformas no local não tiveram mais espaço físico.

Hoje, no Brasil são em média 280 mil atendimentos por mês, ao ano chega a 3,3 milhões de ligações feitas pelo 188. Somente em Cascavel são 23 plantonistas/voluntários que dedicam em média 3 horas por semana para ouvir e prestar ajuda às pessoas que precisam de ajuda psicológica.

Se você precisar de ajuda, ligue 188 ou busque atendimento médico na UBS (Unidade Básica de Saúde) ou UPA (Unidade Pronto Atendimento) mais próxima de sua casa. 

Serviços de Saúde Mental em Cascavel

  • CAPS III (Centro de Atenção Psicossocial III) – Atendimento diário e intensivo para pessoas com transtornos mentais graves e persistentes.

  • CAPS AD III – SIM PR – Atendimento especializado para pessoas com transtornos relacionados ao uso e abuso de álcool e outras drogas.

  • CAPS I (Infantil) – Voltado ao cuidado em saúde mental de crianças e adolescentes.

  • CAPS AD (Álcool e Drogas – Infantil) – Atendimento para crianças e adolescentes com transtornos decorrentes do uso de álcool e drogas.

  • CASM (Centro de Ambulatório em Saúde Mental) – Atendimento ambulatorial para acompanhamento de transtornos mentais.

  • Cetea (Clínica-Escola do Espectro Autista) – Atendimento multidisciplinar para pessoas com TEA e suporte às famílias.

Foto: Divulgação

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