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Recuperação judicial do Grupo Pupin é considerada inviável, aponta Comitê de Credores

Manifestação entregue à Justiça em Mato Grosso afirma que o grupo não possui condições mínimas de operação

Recuperação judicial do Grupo Pupin é considerada inviável, aponta Comitê de Credores Créditos: Folha Max

 

A recuperação judicial bilionária do Grupo Pupin tornou-se financeiramente insustentável e caminha para um colapso completo em menos de três anos, segundo manifestação do Comitê de Credores anexada ao processo em 17 de novembro de 2025, na 1ª Vara Cível de Campo Verde (MT). O documento afirma que os dados econômicos e contábeis demonstram “de forma técnica e inequívoca” a inviabilidade de prosseguir com o plano de reestruturação.

De acordo com o parecer, o grupo já não possui condições operacionais mínimas para manter qualquer estratégia de soerguimento. O Comitê aponta que os próprios documentos oficiais revelam que nenhuma atividade rural seria capaz de suportar o acréscimo anual de R$ 355 milhões em juros e correções do passivo extraconcursal, classificando o cenário como “matematicamente insustentável”.

O estudo mostra que, mesmo que todas as áreas produtivas — cerca de 23 mil hectares — fossem retomadas imediatamente, a operação seguiria inviável. Isso porque os encargos consumiriam o equivalente a 123 sacas de soja por hectare, enquanto a produtividade média do Estado é de 66,3 sacas, menos da metade do necessário apenas para neutralizar a atualização da dívida.

A manifestação também ressalta que a inviabilidade não é recente. Demonstrativos financeiros apresentados pelos próprios recuperandos mostram que, entre 2017 e 2020, não houve um único exercício lucrativo, com prejuízos que chegaram a R$ 318 milhões em 2017. Hoje, as fazendas estão arrendadas, sem produção, comercialização ou quadro funcional — situação que, segundo o Comitê, torna o processo “sem operação, sem caixa e sem preservação patrimonial”.

Mesmo em cenários extremamente favoráveis, como a venda integral dos ativos pelos R$ 2,89 bilhões da avaliação de 2024 — hipótese que o próprio Comitê classifica como irreal — as projeções seguem negativas. Em 2025, o déficit para credores concursais seria de R$ 651,67 milhões. A deterioração avança nos anos seguintes: em 2026, haveria recursos apenas para quitar créditos trabalhistas e 46% dos credores com garantia real; em 2028, nem a venda total do patrimônio cobriria o passivo extraconcursal, resultando em saldo negativo de R$ 180 milhões.

Com o passivo extraconcursal saltando de R$ 1,85 bilhão (2025) para R$ 3,14 bilhões (2028), enquanto o ativo permanece estático, o Comitê afirma que “a relação entre ativo e passivo implode de maneira irreversível”. Para o órgão, manter o processo ativo apenas aprofunda o déficit e reduz o patrimônio útil, afastando qualquer chance de satisfação do concurso.

O parecer conclui que não há mais condições objetivas para continuidade da recuperação judicial, sustentando que a situação atual apenas “opera contra os credores” em um processo que se arrasta desde 2015.

Com informações do Folha Max

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