Ratinho Júnior deve desistir da Presidência e focar na sucessão no Paraná
Governador deve comunicar decisão ao PSD e concentrar articulações locais para 2026

O governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), deve comunicar nos próximos dias ao presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, que desistirá de disputar a Presidência da República em 2026. A informação é do Blog do Esmael, que cita fontes próximas ao Palácio Iguaçu. Segundo a publicação, o governador pretende concentrar esforços na sucessão estadual e na consolidação de sua base política no Paraná.
De acordo com o Blog do Esmael, a decisão de Ratinho Júnior foi influenciada pelo fortalecimento do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como principal nome da direita para a corrida presidencial. O paulista, segundo o site, passou a ser o preferido de setores econômicos e políticos ligados à chamada “Faria Lima” e à grande mídia, o que reduziu o espaço para outras candidaturas do campo conservador.
Além disso, o governador paranaense teria avaliado que o momento político nacional ainda depende fortemente do bolsonarismo, o que limita alternativas fora desse eixo. A falta de apoio mais firme do presidente do PSD ao seu projeto nacional também teria pesado na decisão. Conforme o Blog do Esmael, a ausência de um gesto concreto de Kassab gerou incômodo dentro do grupo político de Ratinho Júnior.
A estratégia agora seria fortalecer o campo governista no Paraná e preparar a disputa ao Palácio Iguaçu, em que o principal adversário tende a ser o senador Sergio Moro (União Brasil). Pesquisas internas indicam que Moro parte com vantagem, o que aumenta a pressão por definição de um nome competitivo entre os aliados de Ratinho.
Nos bastidores, o movimento é visto como uma tentativa de o governador manter controle sobre sua sucessão. A ordem transmitida aos aliados mais próximos foi para que todos os pré-candidatos corram o Estado, ampliem presença regional e testem sua capilaridade política. O comando da Assembleia Legislativa, Alexandre Curi (PSD), aparece como um dos nomes mais fortes. Também são citados o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, e o ex-chefe da Casa Civil, Guto Silva. O vice-governador Darci Piana segue com perfil discreto.
O Blog do Esmael aponta ainda que lideranças nacionais da direita sondaram Ratinho Júnior para coordenar a campanha de Tarcísio de Freitas na Região Sul. A hipótese, em estudo, incluiria a migração do governador paulista do Republicanos para o PL até o fim do ano, fortalecendo a estrutura da candidatura. Em contrapartida, Ratinho manteria o comando do projeto político paranaense e ganharia papel estratégico em eventual governo de direita, caso o grupo vença as eleições presidenciais.
No plano estadual, a disputa pela sucessão de Ratinho tende a se intensificar ao longo do fim de 2025. O governador quer observar o desempenho dos aliados antes de definir quem será o candidato oficial. A expectativa é que a escolha ocorra entre abril e junho de 2026, período de maior clareza sobre alianças e o cenário nacional.
Enquanto isso, Sergio Moro acelera sua pré-campanha e busca unificar o campo da direita no Paraná. O senador tenta recompor alianças com o PP e minimizar conflitos internos, mas enfrenta dificuldades diante da fragmentação do grupo. Conforme o Blog do Esmael, crises recentes com aliados como Cristina Graeml e Jeffrey Chiquini evidenciam os desafios de Moro para consolidar seu projeto.
Nos bastidores do Centro Cívico, a avaliação é que, sem a corrida presidencial no horizonte, Ratinho Júnior ganha tempo e margem de manobra para gerir divergências dentro do seu grupo e organizar a base com mais calma. O governador deve manter foco em obras e na agenda administrativa para preservar popularidade e evitar que disputas internas prejudiquem a imagem do governo.
Especulações sobre uma eventual aproximação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são tratadas como improváveis. O núcleo político do governo descarta qualquer movimento nesse sentido, reforçando que Ratinho seguirá alinhado ao campo da direita, ainda que com perfil mais pragmático.
Com Lula em alta nas pesquisas e o tabuleiro político nacional ainda indefinido, a desistência de Ratinho da disputa presidencial é vista por analistas como uma jogada de contenção. A decisão preserva seu capital político, garante influência nas negociações regionais e o mantém como figura central na articulação da direita no Sul do país.
A escolha, no entanto, envolve riscos. Se o governador demorar a indicar um sucessor, pode perder espaço para Moro e para a oposição. Caso antecipe demais a definição, pode provocar fissuras entre aliados e enfraquecer a coesão do grupo.
Gabriel Porta/Gazeta do Paraná
