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Produtores de leite voltam a protestar nesta quarta-feira no Sudoeste do Paraná

Categoria reivindica medidas urgentes, como a suspensão imediata da importação por 120 dias. Mobilização no Sudoeste cobra respostas à concorrência externa e ao endividamento dos produtores

Por Eliane Alexandrino

Produtores de leite voltam a protestar nesta quarta-feira no Sudoeste do Paraná Créditos: Divulgação

Eliane Alexandrino/ Cascavel

Produtores rurais e representantes do setor leiteiro realizam, nesta quarta-feira (10), uma mobilização em Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná, para cobrar medidas emergenciais e a criação de políticas públicas definitivas para a cadeia produtiva do leite no Brasil.

Entre as principais reivindicações estão a suspensão imediata da importação de leite por 120 dias, o alongamento das dívidas dos produtores, a liberação de capital de giro e o fim das alienações fiduciárias, consideradas entraves ao desenvolvimento do setor.

A concentração está marcada para a partir das 9h, no trevo da PRE/Havan, na PR-180. Em seguida, os participantes seguem em carreata pelo centro de Francisco Beltrão, com encerramento no Centro de Eventos do Parque de Exposições Jaime Canet Junior, onde está previsto o pronunciamento de autoridades e lideranças do setor.

Os organizadores afirmam que a mobilização busca chamar a atenção do poder público e da sociedade para a grave crise enfrentada pelos produtores. Segundo eles, o objetivo é garantir uma política pública estruturante e definitiva para o leite brasileiro, assegurando a sustentabilidade econômica da atividade.

“A força do campo sustenta a nossa mesa. É hora da sociedade nos apoiar”, destacam os organizadores do ato.

Para o produtor de leite Sidiclei Risso, a cadeia leiteira enfrenta dificuldades há anos, sem o apoio necessário do governo federal. Segundo ele, o principal problema é a importação de leite em pó, que entra no Brasil, é reprocessado e passa a concorrer diretamente com o produto nacional.

Atualmente, grandes volumes de leite chegam ao país, principalmente da Argentina e do Uruguai, onde a produção recebe subsídios governamentais. De acordo com os produtores, essa prática caracteriza dumping, já que o produto é vendido no Brasil por valores inferiores aos custos internos, prejudicando diretamente o produtor nacional.

Entre as consequências apontadas estão o endividamento crescente, o risco de perda de propriedades e o abandono da atividade por parte de muitos produtores.

“A importação está sobrecarregando o nosso mercado e inundando o país com leite estrangeiro. Precisamos barrar isso urgentemente para que o mercado interno se regularize e os produtores consigam honrar financiamentos, investimentos e custos de produção. Se os produtores brasileiros quebrarem, vamos depender apenas do leite de fora, o que compromete a segurança alimentar, além de trazer riscos à saúde pública”, afirmou Risso.

Movimento nacional

O protesto desta quarta-feira integra o movimento nacional “Grito do Leite”. Além do ato público pela manhã em Francisco Beltrão, está prevista, às 13h30, uma carreata e um tratoraço pelas ruas da cidade. Já em Nova Laranjeiras, a manifestação ocorre às 8h, no pedágio da BR-277.

Entre as principais reivindicações estão:

-Suspensão imediata das importações por 120 dias;

-Alongamento das dívidas dos produtores;

-Liberação de capital de giro;

-Criação de uma Política Nacional do Leite, com medidas permanentes de apoio ao setor.

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Lei foi sancionada no mês passado

O governador Carlos Massa Ratinho Junior sancionou, no mês passado, a Lei nº 22.765/2025, que proíbe no Paraná a reconstituição de leite em pó e derivados lácteos importados para consumo alimentar. A norma, aprovada por unanimidade na Assembleia Legislativa, impede que indústrias e laticínios reidratem produtos estrangeiros, mas mantém permitida a venda direta ao consumidor final, desde que o item esteja em embalagem própria e com rotulagem conforme as normas da Anvisa.

Além da nova lei, o governo estadual também adotou outras medidas de estímulo ao setor, como a retirada da isenção de ICMS sobre a importação de leite em pó, o aumento da alíquota do imposto de importação para 19,5% e a isenção de ICMS sobre vendas internas de queijos e derivados.

O Estado ainda ampliou investimentos em assistência técnica, infraestrutura rural e estuda permitir a compra direta de leite da agricultura familiar para a merenda escolar, fortalecendo a cadeia produtiva, que está entre as que mais geram valor no campo paranaense.

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Produção de leite no Paraná

O Paraná possui a segunda maior bacia leiteira do Brasil, com 15,7% da produção nacional, atrás apenas de Minas Gerais (23,8%) e à frente de Santa Catarina. Segundo a Pesquisa Trimestral do Abate de Animais, do Leite, do Couro e da Produção de Ovos de Galinha, o Estado produziu 3,9 bilhões de litros de leite em 2024.

Em 2025, a produção alcançou 1,005 bilhão de litros no primeiro trimestre e 1,017 bilhão no segundo, totalizando 2,022 bilhões de litros no ano. Do volume total, 99,8% foram destinados à industrialização. O Paraná completou quatro trimestres consecutivos acima da marca de 1 bilhão de litros industrializados.

Foto: Divulgação

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