Ponto 14

Popularidade de Lula despenca e governo tem apenas 28% de aprovação

Apesar disso, Lula aparece à frente de adversários em cenários eleitorais visando o ano de 2026

Por Bruno Rodrigo

Popularidade de Lula despenca e governo tem apenas 28% de aprovação Créditos: Ricardo Stuckert/PR

A pesquisa CNT/MDA divulgada nesta terça-feira (25) revelou um aumento significativo na avaliação negativa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com o levantamento, 44% dos entrevistados classificam o governo como ruim ou péssimo, representando um crescimento de 13 pontos percentuais em relação à rodada anterior, realizada em novembro de 2024. Trata-se do pior índice de desaprovação registrado neste terceiro mandato de Lula.

A pesquisa mostra que apenas 28,7% dos entrevistados consideram o governo como ótimo ou bom, um recuo significativo em relação à edição de novembro, quando o percentual era de 35%. Outros 26,3% classificam a gestão como regular. A margem de erro do levantamento é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Comparando com governos anteriores, Lula enfrenta uma situação mais delicada. Em fevereiro de 2021, Jair Bolsonaro tinha uma avaliação negativa de 36% no mesmo período de governo, oito pontos percentuais a menos que o atual presidente. Em suas duas gestões anteriores, Lula registrava uma avaliação positiva mais elevada: 42% em 2005 e 62% em 2009.

Os resultados também estão alinhados com os dados do Instituto Datafolha, que, no último dia 14, mostrou uma queda na aprovação do presidente, atingindo 24%.

Desempenho pessoal

A pesquisa também analisou a percepção do eleitorado sobre o desempenho pessoal do presidente. O percentual de desaprovação chegou a 55,3%, o maior desde o início do atual mandato. Em novembro de 2024, esse índice era de 46%. Apenas 40,5% dos entrevistados afirmam aprovar a condução de Lula.

Além disso, 64,8% dos entrevistados acreditam que Lula não merece ser reeleito em 2026, enquanto apenas 31,7% acham que o petista deveria continuar no comando do país por mais quatro anos.

A pesquisa também investigou se a idade do presidente influenciaria a decisão dos eleitores em uma eventual nova candidatura. A maioria (43,6%) afirmou que o fator etário é irrelevante, enquanto 36,2% consideram que Lula é velho demais para um novo mandato. Outros 17,3% apontam a idade como uma vantagem, por entenderem que líderes mais experientes são preferíveis.

Economia

O levantamento revelou que a economia é o setor com pior avaliação entre os entrevistados. Para 32% dos consultados, a gestão econômica do governo Lula é a principal fonte de insatisfação. Em seguida, aparecem as áreas de segurança (20%) e saúde (13%).

Entre os setores melhor avaliados, destacam-se os programas de assistência social, como o Bolsa Família, mencionados por 22% dos entrevistados. Outras áreas com boa percepção são a educação (12,8%) e as relações internacionais (10,7%).

A inflação é apontada como um dos principais fatores que afetam a percepção negativa do governo. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou 4,56% nos últimos 12 meses, com destaque para a alta nos preços dos alimentos, que subiram 8,2% no período. Apesar disso, o governo aposta na queda do dólar e na supersafra de 2025 para conter a inflação e aliviar o custo de vida.

Cenários para 2026

A pesquisa também avaliou o cenário eleitoral para 2026. No primeiro turno, Lula lidera com 30,3% das intenções de voto, seguido por Jair Bolsonaro (PL), com 30,1%. Entretanto, como Bolsonaro está inelegível, o levantamento testou outros nomes da direita, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Tarcísio de Freitas (Republicanos), que aparecem com cerca de 13% a 14% das intenções de voto.

O levantamento também analisou um cenário no qual Lula não concorra e Fernando Haddad (PT) seja o candidato petista. Nesse caso, Haddad tem 16,2% das intenções de voto, ficando atrás de Ciro Gomes (PDT), que tem 19,7%, e pouco à frente de Tarcísio (14,4%).

No segundo turno, o atual presidente aparece em desvantagem. Se o confronto for contra Bolsonaro, o ex-presidente lidera com 43,4%, contra 41,6% de Lula. Caso o adversário seja Tarcísio, a disputa fica acirrada: Lula tem 41,2%, contra 40,7% do governador paulista.

Para Haddad, o cenário é ainda mais desafiador. Contra Bolsonaro, o ministro da Fazenda tem 39,4% das intenções de voto, contra 43,1% do ex-presidente. No embate com Tarcísio, Haddad aparece com 37,3%, enquanto o governador tem 38,3%.

Na pesquisa espontânea, Lula lidera com 23,5% das citações, seguido por Bolsonaro (19,6%). Outros nomes, como Tarcísio de Freitas (1,8%), Pablo Marçal (0,9%) e Nikolas Ferreira (0,9%), aparecem com percentuais baixos.