PGR denuncia Léo Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado
Sobrinho do ex-presidente Bolsonaro e ex-candidato a vereador em Cascavel, Léo Bolsonaro é acusado de participação nos atos golpistas de 8 de janeiro
A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou denúncia contra Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido como Léo Índio ou Léo Bolsonaro, primo dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele é acusado de associação criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, entre outros crimes.
A informação foi inicialmente divulgada pelo jornalista Nilson Klava, da GloboNews, e confirmada pela Gazeta do Paraná. Léo Bolsonaro, que concorreu sem sucesso a uma vaga como vereador em Cascavel pelo Progressistas (PP) – alcançando apenas 739 votos –, foi apontado como um dos participantes dos atos antidemocráticos que culminaram nas invasões e depredações das sedes dos Três Poderes em Brasília, em 8 de janeiro de 2023.
Entre as medidas pedidas pela PGR está o sequestro de bens e valores do acusado como parte de uma cautelar patrimonial. Durante os eventos em Brasília, Léo Bolsonaro compartilhou imagens nas redes sociais em que aparecia no alto do Congresso Nacional e próximo ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em uma das postagens, ele afirmou que seus olhos estavam vermelhos devido ao gás lacrimogêneo usado pela Polícia Militar.
Quem é Léo?
Léo Bolsonaro é uma figura controversa com um histórico marcado por acusações e investigações. Ele já ocupou o cargo de assessor parlamentar do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), mas pediu exoneração em 2020 após ser flagrado com R$ 33.150,00 escondidos na cueca. Posteriormente, Léo foi nomeado assessor parlamentar na Primeira Secretaria do Senado, então comandada pelo senador Sérgio Petecão (PSD-AC).
Ele ganhou notoriedade ao promover uma campanha de financiamento para os atos bolsonaristas de 7 de setembro de 2021, usando suas redes sociais para divulgar a arrecadação, que incluía doações em criptomoedas. Isso levou à abertura de uma investigação pelo Supremo Tribunal Federal (STF), resultando no bloqueio de suas redes sociais e de uma chave Pix usada para as doações, por ordem do ministro Alexandre de Moraes.
Atualmente, Léo vive em Cascavel, onde se estabeleceu em novembro de 2023. Em entrevista a esta Gazeta para divulgar sua pré-candidatura, Léo contou que mantém uma ligação com a cidade desde 2017, quando foi convidado para assistir a uma prova da Stock Car, criando vínculos com os moradores. Sua relação com grupos políticos de direita também facilitou sua aproximação com a cidade, onde afirma ter desenvolvido um carinho especial.
Em 2022, Léo Bolsonaro concorreu a uma vaga na Câmara Legislativa do Distrito Federal pelo PL, mas também não foi eleito, recebendo 1.801 votos. Perguntado sobre a depredação na sede dos Três Poderes, Léo admitiu ter participado da manifestação, mas afirma que os danos foram causados por infiltrados. “Estive na manifestação, que começou de forma pacífica, mas infiltrados provocaram os danos. Estou à disposição da Justiça e tranquilo quanto ao resultado das investigações”, disse ele.
Além disso, Léo é mencionado no livro "Tormenta", da jornalista Thaís Oyama, que relata tentativas de Carlos Bolsonaro para assegurar cargos para ele no Palácio do Planalto. Ele também foi acusado de ser funcionário fantasma enquanto trabalhava como auxiliar administrativo júnior na liderança do PL no Senado, recebendo R$ 5.735,93. A exoneração veio após denúncias publicadas pelo UOL.
Na época, Léo negou qualquer irregularidade e afirmou não possuir condenações judiciais: “Não sou réu em nada, então não tenho do que me envergonhar”, declarou.
O colunista Josias de Souza, do UOL, destacou em sua análise que Léo representa um exemplo típico de figura que orbitou a família Bolsonaro. Para o colunista, Léo era como um "vagalume" durante o governo Bolsonaro, aparecendo sempre que havia movimentos que ameaçavam a estabilidade democrática. Apesar de ser um personagem secundário nos episódios que atentaram contra a democracia, o colunista reforçou que isso não diminui a necessidade de sua punição. Ele argumenta que figuras como Léo Bolsonaro, que aproveitaram a proximidade com o poder para se beneficiar de cargos públicos e conspirar contra o Estado Democrático de Direito, não devem permanecer impunes. “A punição de Léo Bolsonaro é importante não só pela gravidade de seus atos, mas também como um símbolo de que conspirações contra a democracia não serão toleradas. O fato de ele não ter um papel central não pode minimizar a responsabilidade e as consequências legais que devem ser enfrentadas”, concluiu Josias.