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Penúltimo dia de Show Rural tem visita de Moro e novo recorde

Em entrevista no Show Rural Coopavel, senador Sergio Moro critica descompasso do governo federal com o agronegócio

Por Gabriel Porta Martins

Penúltimo dia de Show Rural tem visita de Moro e novo recorde Créditos: Claiton Biaggi/Ass. Show Rural

O 37º Show Rural Coopavel, que encerra visitação na tarde de hoje (14), registrou números impressionantes de público ao longo da semana, batendo recordes consecutivos. Ontem (13), o evento atingiu seu quarto recorde seguido, tanto em relação a esta edição quanto em comparação com os melhores resultados históricos dos 37 anos do evento. Nesse dia, o número de visitantes chegou a 95.596 pessoas, superando os 85.373 registrados na quinta-feira de 2024.
O público acumulado nos quatro dias desta edição totalizou 349.094 pessoas, ultrapassando os 333.100 visitantes da 36ª edição, realizada no ano passado. A diferença entre 2025 e 2024 foi de 15.994 visitantes. O maior público da história do evento foi registrado na quarta-feira (12), com 112.498 pessoas, superando o recorde anterior de 109.091 visitantes, alcançado na quarta-feira de 2024.

Na terça-feira (11), segundo dia do evento, o público foi de 84.086 visitantes, um novo recorde para esse dia da semana, superando os 83.280 registrados na terça-feira de 2024. Já na segunda-feira (10), o evento recebeu 56.510 pessoas, número superior aos 55.356 do primeiro dia de visitação oficial do ano anterior.
Se hoje é o último dia de visitação da feira, teve alguém que não deixou de marcar presença 'de última hora'. O senador Sergio Moro (União Brasil) esteve presente na feira ontem, e não perdeu a oportunidade de criticar o governo do presidente Lula (PT). Moro destacou a falta de apoio do governo federal ao agronegócio, enfatizou a importância do setor para a economia do Paraná e alertou para os riscos do avanço do crime organizado no país. Além disso, o parlamentar abordou questões indígenas, a atuação da Itaipu Binacional e a necessidade de políticas públicas eficientes para garantir segurança e desenvolvimento.

Moro, conhecido por ser um ferrenho opositor de Lula, afirmou que a atual gestão não demonstra simpatia pelo setor agropecuário. "O atual governo federal, do qual eu não sou eleitor, não tem muita simpatia pelo agro. Lula não veio ao Show Rural, nunca veio neste mandato e não mandou nenhum representante de primeiro escalão. Isso é uma desfeita que reflete o sentimento do governo federal em relação a esse setor", declarou o senador.

Moro destacou a força do agronegócio no Congresso Nacional, onde um grupo robusto de deputados e senadores têm defendido pautas importantes para o setor. "Temos conseguido avançar em temas como a nova lei do marco temporal e a lei dos fertilizantes, mas ainda não é suficiente para um ambiente de negócios ideal", afirmou Moro, que integrou a Comissão de Agricultura do Senado nos últimos dois anos e participou de deliberações significativas.

O senador ressaltou o papel transformador do agronegócio no perfil socioeconômico do oeste do Paraná. "A pujança dos produtores e trabalhadores da região fomentou a indústria e impulsionou o desenvolvimento local. Eventos como o Show Rural são essenciais para fortalecer esse setor", destacou. Moro também elogiou o trabalho do presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, e de todos os envolvidos na organização da feira, reafirmando seu compromisso com o agro paranaense.

Foco no mandato e preocupação com 2026
Questionado se tem desejo de colocar nome para a candidatura como governador do Estado, Moro afirmou que seu foco atual é o mandato de senador. "Estamos longe da eleição, e eu sempre acreditei que, trabalhando, o reconhecimento vem", disse. No entanto, ele expressou preocupação com o cenário político para 2026, especialmente no Paraná. "Não podemos admitir que um candidato do PT ou apoiado pelo PT assuma o governo do estado. O desastre que estamos vendo em Brasília não pode se repetir no Palácio Iguaçu", alertou.

Segurança pública
Moro também chamou a atenção para o avanço do crime organizado no Brasil, incluindo o Paraná. "Infelizmente, o estado não está imune a essa contaminação. Precisamos de políticas públicas fortes para combater esse problema", afirmou. Ele criticou a falta de ação do governo federal nessa área e reforçou a necessidade de medidas eficazes para garantir a segurança da população.

Questões indígenas e a atuação da Itaipu
Sobre as recentes invasões de terras no oeste do Paraná, Moro destacou que muitos dos envolvidos são paraguaios que cruzam a fronteira. "Há uma preocupação grande com a insegurança gerada por essas ações. A justiça local está paralisada por decisões de Brasília, e isso precisa ser resolvido", disse. Ele também questionou o papel da Itaipu Binacional no conflito. "A Itaipu está aqui para produzir energia barata, não para resolver problemas políticos. Se puder contribuir, ótimo, mas não pode ser usado como instrumento politiqueiro", afirmou.
O senador criticou ainda os gastos da Itaipu com a compra de terras para supostos invasores. "Já temos um débito de R$ 333 milhões na Itaipu, e agora pretendemos gastar mais R$ 250 milhões comprando terras. Isso precisa ser investigado", disse.

Energia e o papel da Itaipu
Moro também abordou a questão energética, defendendo que a Itaipu cumpra seu papel principal: fornecer energia barata para o Brasil e o Paraguai. "A expectativa era que a dívida da Itaipu resultasse em uma redução na conta de luz, mas isso não aconteceu. A hidrelétrica não pode se envolver em politicagem com o dinheiro que arrecada", afirmou. Ele defendeu investimentos em infraestrutura, como a construção de uma nova ponte entre Brasil e Paraguai, mas alertou para o uso indevido de recursos. "Precisamos verificar se o dinheiro da Itaipu está sendo usado corretamente ou se está financiando projetos políticos e pessoais", concluiu.