MP Eleitoral defende cassação de Eduardo Pimentel e Paulo Martins
Jantar de apoio a Eduardo Pimentel vira alvo de ação e pode gerar inelegibilidade de lideranças do PSD no Paraná
Por Gazeta do Paraná

O jantar de adesão promovido pelo PSD no restaurante Madalosso, em Curitiba, durante a campanha de 2024, em apoio à candidatura de Eduardo Pimentel à Prefeitura da capital paranaense, pode desencadear uma das maiores crises políticas recentes no Paraná — com possíveis efeitos diretos na disputa pelo Palácio Iguaçu em 2026.
Em parecer assinado nesta quinta-feira (8), a promotora eleitoral Cynthia Maria de Almeida Pierri, do Ministério Público Eleitoral, pediu a cassação do registro da chapa formada por Eduardo Pimentel (prefeito eleito) e Paulo Martins (vice), além da inelegibilidade por oito anos de ambos e também do ex-prefeito e atual secretário estadual Rafael Greca. O parecer foi obtido com exclusividade pelo Blog Politicamente.
A promotora aponta indícios de abuso de poder político e de autoridade, citando um suposto esquema de coação a servidores municipais para participarem financeiramente do jantar de arrecadação promovido pelo PSD em 3 de setembro de 2024. Segundo a denúncia, originada pela então candidata Cristina Graeml (Podemos), servidores foram pressionados a adquirir convites de até R$ 3 mil sob ameaça de exoneração. O então superintendente de Tecnologia da Informação da Prefeitura, Antônio Carlos Pires Rebello, teria conduzido a coação — o que foi registrado em áudio divulgado pelo portal Metrópoles à época. Após o caso vir à tona, Rebello foi exonerado do cargo.
“O uso da máquina administrativa e da hierarquia funcional para constranger servidores públicos a financiar campanhas eleitorais configura grave violação aos princípios mais basilares da Administração Pública”, diz a promotora no documento, que também ressalta que a responsabilidade não se limita à gravação divulgada, mas se sustenta em outros elementos probatórios e circunstanciais robustos.
Eduardo Pimentel se manifestou em nota, afirmando: “Repudio toda e qualquer atitude que possa configurar ameaça ou constrangimento a servidores públicos. O evento foi organizado pelo PSD e não pela candidatura. Respeito o parecer do Ministério Público, mas ressalto que se trata da opinião da promotoria. Aguardo a decisão judicial, com a certeza de que o caso será arquivado, já que não há nenhum fato que demonstre que a campanha tinha conhecimento ou deu anuência para qualquer ato irregular”.
A defesa alega que as gravações são irregulares, feitas de forma clandestina, e nega qualquer participação ou conhecimento de Pimentel, Martins ou Greca sobre o suposto abuso.
Apesar da gravidade do parecer, trata-se de uma fase inicial dentro de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), que será agora analisada pela 175ª Zona Eleitoral de Curitiba. A decisão poderá ser contestada no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) e, em última instância, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Caso o pedido do MP seja aceito até as últimas instâncias, Curitiba teria nova eleição municipal, e Rafael Greca ficaria inelegível até 2032, o que o impediria de concorrer ao Governo do Estado em 2026 — cenário que pode reconfigurar totalmente a disputa política no Paraná.
Com informações do Blog Politicamente