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Marido de Carla Zambelli é exonerado em meio à fuga da parlamentar

Deputada está na Europa

Por Gazeta do Paraná

Marido de Carla Zambelli é exonerado em meio à fuga da parlamentar Créditos: Reprodução/Redes sociais

O coronel Aginaldo Oliveira (PL), marido da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), foi oficialmente exonerado do cargo de secretário de Segurança Pública de Caucaia, no Ceará. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Município na última segunda-feira (30), atendendo a pedido do próprio coronel, que já estava afastado desde maio por “motivo de doença em pessoa da família”.

A exoneração ocorre em meio à fuga da deputada Carla Zambelli para a Europa, após a condenação pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão em regime fechado, além da perda do mandato, por envolvimento na invasão hacker ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O prefeito de Caucaia, Naumi Amorim (PSD), se pronunciou nas redes sociais sobre a saída de Oliveira. “Quero agradecer ao coronel pelos serviços prestados e pelo trabalho realizado à frente da nossa segurança”, declarou. No entanto, ele não esclareceu se Oliveira chegou a reassumir a função após a licença iniciada em 21 de maio.

A justificativa inicial para o afastamento foi o acompanhamento de um parente em tratamento de saúde — o nome do familiar não foi divulgado. Durante o afastamento, Zambelli anunciou publicamente que o casal havia deixado o Brasil. Dias depois, o ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão preventiva da parlamentar, acatando pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), ao afirmar que a deputada tentava “se furtar da aplicação da lei penal”.

Zambelli está atualmente na Itália, país do qual possui cidadania. O STF solicitou à Interpol a inclusão da deputada na lista de difusão vermelha, e o Brasil já oficializou o pedido de extradição ao governo italiano. Ainda assim, Zambelli alegou estar “tranquila”, afirmando que, por ser cidadã italiana, não pode ser deportada. “Sou intocável na Itália”, afirmou em entrevista.

Arrecadação por Pix e uso para fuga

Antes de deixar o país, Zambelli promoveu uma campanha virtual de arrecadação via Pix, alegando que os recursos seriam usados para pagar “multas injustas” determinadas pelo STF. Em apenas dois dias, entre 19 e 21 de maio, ela arrecadou R$ 285 mil. A quantia, no entanto, passou a ser usada para custear sua estadia na Europa. Mesmo foragida, Zambelli continuou publicando dados bancários em seus perfis e repassou a gestão de suas redes sociais à mãe, Rita Zambelli, que ela apresentou como “pré-candidata a deputada federal”.

Carla Zambelli enfrenta outras acusações criminais. Em março de 2025, a deputada foi condenada pelo STF a cinco anos e três meses de prisão por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal, após perseguir um homem negro armada, em outubro de 2022, na véspera do segundo turno das eleições. O episódio foi considerado decisivo para o rompimento dela com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que declarou publicamente que Zambelli “tirou o mandato” de sua chapa.

Zambelli também acumula condenações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) por propagação de fake news e desinformação durante o processo eleitoral. Em janeiro deste ano, ela foi declarada inelegível por oito anos. As penalidades envolvem acusações de ataques infundados contra o sistema eleitoral e de divulgar informações falsas sobre o ex-presidente Lula, durante a campanha de 2022.

Apesar da condenação, a deputada ainda não teve seu mandato formalmente cassado. Segundo a Constituição, cabe à Câmara dos Deputados declarar a perda do cargo, o que ainda não ocorreu. No entanto, com a pena em regime fechado superior a 120 dias, a jurisprudência do STF permite a perda automática do mandato por ausência prolongada às sessões.

Coronel ligado à Força Nacional e derrotado nas urnas

Aginaldo Oliveira tem histórico de atuação como comandante da Força Nacional durante o governo Bolsonaro. Em 2021, foi apadrinhado no casamento com Zambelli pelo então ministro da Justiça, Sergio Moro. Em 2024, Oliveira concorreu à Prefeitura de Caucaia pelo PL, com apoio de Bolsonaro, mas terminou em quarto lugar.

Com a exoneração, ele encerra um ciclo de envolvimento direto com a gestão da segurança pública municipal, em meio ao agravamento da crise envolvendo sua esposa e o isolamento político do casal dentro do próprio partido.

A situação de Carla Zambelli e Aginaldo Oliveira simboliza o colapso de uma das duplas mais alinhadas ao bolsonarismo no Congresso e na esfera de segurança pública, agora marcada por fugas, condenações e perda de capital político.

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