Lewandowski diz que falta de recursos trava combate ao crime organizado no Brasil
Em CPI no Senado, ministro da Justiça afirma que segurança pública depende de financiamento permanente e defende novas fontes de receita, como imposto sobre bets, para estruturar ações de enfrentamento
Créditos: Tom Costa / MJSP
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta terça-feira (9) que a falta de recursos é o principal obstáculo para o avanço no combate ao crime organizado no país. A declaração foi feita durante sessão da CPI do Crime Organizado no Senado, quando ele foi questionado sobre medidas para conter a entrada de drogas e armas pelas fronteiras brasileiras.
“Dinheiro, dinheiro, dinheiro e mais dinheiro. Sem dinheiro não se faz segurança pública”, disse o ministro, ao apontar que o orçamento federal atual não supre as necessidades das forças de segurança. Lewandowski destacou que, mesmo diante das limitações, o governo tem batido recordes em operações contra o chamado “andar de cima” do crime, citando ações contra fraudes no INSS, no sistema financeiro e operações como a Carbono Oculto.
O ministro defendeu a constitucionalização do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) para garantir recursos permanentes e impedir contingenciamentos. Em 2025, o FNSP acumulou R$ 2,4 bilhões — valor considerado insuficiente pelo chefe da Justiça. Ele lembrou que houve bloqueios superiores a R$ 500 milhões entre o Fundo Penitenciário e o próprio FNSP. “Estamos de mãos absolutamente amarradas”, afirmou.
Lewandowski também elogiou o parecer do relator da CPI, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), ao PL Antifacção, que prevê a criação de um imposto sobre plataformas de apostas esportivas para financiar o enfrentamento às organizações criminosas. Segundo ele, a medida representa a busca por “dinheiro novo” para um sistema que opera no limite imposto pelo Arcabouço Fiscal.
Ao defender a PEC da Segurança Pública — proposta enviada pelo Executivo ao Congresso para integrar as forças policiais — o ministro reforçou que o Estado ainda não está organizado na mesma medida em que o crime se estrutura. “Sem verba perene e substantiva, não é possível enfrentar o crime organizado”, concluiu.
