IPC e Secretaria de Obras apontam que não há erro no projeto de revitalização da Carlos Gomes
Problemas como o alagamento na Avenida após a revitalização, foram temas da reunião da Comissão de Obras da Câmara de Vereadores
Por Bruno Rodrigo

Na última quarta-feira (26), a Comissão de Obras da Câmara de Vereadores de Cascavel promoveu uma reunião para discutir os problemas enfrentados na revitalização da Avenida Carlos Gomes. O encontro contou com a presença de parlamentares, representantes da Prefeitura, da empresa Petrocon e de diversas entidades da sociedade civil. Em pauta, os recorrentes alagamentos na região, possíveis falhas no projeto e a necessidade de novos investimentos para correção dos problemas.
A obra, que conecta a Travessa Cristo Rei à Unioeste, foi orçada em R$ 51,1 milhões, com um aditivo de R$ 89 mil, e deveria ter sido concluída no final de 2023. No entanto, apenas 77,6% do projeto foi executado até o momento. Diante dos transtornos enfrentados por moradores e comerciantes, os vereadores da Comissão de Obras levantaram questionamentos sobre a qualidade da execução e eventuais falhas no planejamento.
Edson Souza (MDB) destacou a necessidade de apurar responsabilidades. "Queremos saber se existiram erros na etapa de realização do projeto e na compatibilização com a licitação. Caso haja irregularidades, quem são os responsáveis?", questionou. O parlamentar também cobrou esclarecimentos sobre a sinalização de segurança, regras de acessibilidade e a situação trabalhista dos funcionários da obra.
O vereador Cidão da Telepar (Podemos) enfatizou a necessidade de ouvir as reclamações da população. Representantes das Associações de Moradores dos bairros Maria Luiza e Parque São Paulo apontaram que os alagamentos constantes não ocorriam antes da revitalização. "Queremos saber quais são as soluções para os problemas identificados e qual o prazo para resolver. Por isso, contamos com os vereadores nesta fiscalização", afirmaram.
Problemas
Um dos principais problemas observados é a drenagem da água da chuva. Segundo o Secretário de Obras Públicas, Sandro Camilo Rocha, os alagamentos ocorrem devido às ruas adjacentes, cujas galerias pluviais não foram projetadas para suportar o volume atual. "A drenagem urbana precisa ser reconsiderada, e será necessário um investimento adicional de aproximadamente R$ 5 milhões para solucionar a questão", afirmou o secretário, que completou:
“Como nós acertamos somente 96% do projeto, esperamos chegar um dia a acertar sempre 100%. Vamos precisar de complementos aos serviços que já foram iniciados. São serviços complementares a aqueles que estamos executando. Ou seja, estamos seguindo os quantitativos da planilha. Chegou a um momento que precisamos aumentar esses quantitativos. Esse valor, ficará entre R$ 3 e 3,5 milhões. Anexando a drenagem urbana, ficará em R$ 5 milhões. Mas aqui, de forma muito transparente, podemos tomar a decisão de colocar as ruas adjacentes em um outro contrato, para não onerar esse atual”, explicou Sandro Camilo.
O engenheiro da Transitar, Juliano Denardin, mencionou que a sincronia dos semáforos e a conscientização dos motoristas são fatores determinantes para a melhoria do trânsito na região. Por sua vez, César Biancato, engenheiro da Petrocon, esclareceu que os aditivos financeiros não se trata de reajustes de valor, mas de serviços extras não previstos inicialmente.
O Instituto de Planejamento de Cascavel (IPC), responsável pela contratação do projeto, afirmou que não há erros estruturais na obra, apenas algumas inconsistências.
“Não dá para se afirmar que há erros de projeto. Nós estamos com uma obra ainda em execução, salvo engano com 77% de execução. Não há nenhum erro significativo. Alguma inconsistência com toda certeza, em um projeto dessa magnitude, são ajustes que são feitos durante a obra. Algum posicionamento, mas não um erro de projeto que você possa condenar todo o projeto por qualquer consequência da obra. Ao longo desse processo, tivemos aproximadamente 30 correções dos produtos que eram entregues pela empresa. A empresa foi responsável não só pelo projeto que agora está em execução, mas também pela transposição executada e entregue da Alexandre de Gusmão. Em relação aos apontamos do Tribunal de Contas, foram duas situações: uma especificamente era relativa ao detalhamento na prancha da localização dos controladores semafóricos, o que foi corrigido. E o outro apontamento, não dá nem para se considerar um erro, pois ele vem da tabela orçamentaria que foi utilizada da Sinapi, que era composição de custos do Cape, e também foi atendido conforme o apontamento do Tribunal”, afirmou Tales Riedi, presidente do Instituto de Planejamento.
No entanto, comerciantes e moradores contestam essa afirmação, apontando que os problemas de drenagem e a necessidade de correções indicam falhas graves no planejamento.
Insatisfação
Representantes das Associações de Moradores reforçaram a insatisfação da comunidade com as falhas na obra. "Antes não havia esses alagamentos. Agora, basta uma chuva mais forte para que casas e comércios sejam invadidos pela água", relataram.
Eles manifestaram preocupação com os prejuízos causados pelos alagamentos, mas não deixaram de reconhecer que a revitalização trouxe benefícios, apesar das falhas na execução.
Fiscalização contínua
O vereador Sadi Kisiel (Republicanos) garantiu que a Comissão continuará acompanhando a execução da obra para garantir transparência e eficiência nos investimentos. "Os vereadores vão continuar acompanhando a execução e fiscalização do projeto para garantir que os investimentos sejam aplicados de forma eficiente e transparente", afirmou.
Durante a vistoria realizada antes da reunião, os vereadores constataram diversos problemas, como falhas no escoamento da água pluvial, pontos de ônibus abaixo do nível do asfalto que acumulam água, iluminação insuficiente no canteiro central e irregularidades nas calçadas e meios-fios.
A Comissão de Obras decidiu seguir com a fiscalização e exigiu que a Prefeitura e a empresa Petrocon apresentem soluções concretas para os problemas levantados.