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Empresa do Paraná irá demitir 100 funcionários por conta do tarifaço do Trump

O grupo do ramo de compensados e MDF opera em cinco plantas no Paraná e Santa Catarina, e exporta 60% da produção para a costa leste dos EUA. O corte será feito nos próximos 60 dias.

Por Eliane Alexandrino

Empresa do Paraná irá demitir 100 funcionários por conta do tarifaço do Trump Créditos: Assessoria

Eliane Alexandrino/Cascavel

Há poucos dias do início do tarifaço americano do presidente dos EUA, Donald Trump, empresas do Paraná já sofrem com o anúncio da taxação.
A exemplo está a empresa Sudati, que anunciou que iria demitir ao menos 100 colaboradores nos próximos 60 dias, que estão em plano de adequação para enfrentamento às incertezas relacionadas ao aumento das tarifas pelos EUA, um dos principais mercados de atuação da empresa.

A Gazeta do Paraná conseguiu conversar com a Sudati, empresa que é do setor de compensados e MDF, com produção anual de cerca de 600 mil m³ e um quadro de aproximadamente 2,8 mil colaboradores. A empresa opera cinco plantas de unidades de negócios de compensados no Paraná, nas cidades de Palmas, Ibaiti, Ventania e Telêmaco Borba, além de mais uma planta de MDF no município de Otacílio Costa, em Santa Catarina. São 25 anos exportando para a faixa leste dos Estados Unidos da América (12 cidades em diferentes estados). Cerca de 60% da produção feita aqui é exportada para os EUA.

“O atual cenário econômico tem exigido das indústrias maior eficiência e resiliência a uma demanda mais retraída até a definição de início de vigência ou negociação de tais tarifas. Após cuidadosa análise, a medida se mostrou necessária para garantir o equilíbrio financeiro e a sustentabilidade da operação, sem comprometer os compromissos com clientes, fornecedores e parceiros. A decisão, ainda que difícil, está sendo conduzida com responsabilidade e respeito. Todos os colaboradores afetados estão sendo comunicados individualmente e receberão o apoio necessário, conforme determina a legislação trabalhista e os princípios de ética que regem a atuação da Sudati”, explica a empresa.

Diante da incerteza nos próximos dias, a GP também  conversou com o presidente da Acic (Associação Comercial Industrial de Cascavel), Márcio Blazius.

E disse que o Brasil precisa seguir o exemplo de outros países, que também foram taxados, e buscar formas de diálogo com o governo de Donald Trump. 

“Pelos canais certos e de forma amistosa e respeitosa, sempre há chances de dialogar e, por meio desse recurso, buscar entendimentos que sejam razoáveis às partes. Infelizmente, é verdade que perdemos tempo precioso e acho que as tarifas serão aplicadas sim a partir de 1º de agosto. Mas o governo precisa seguir tentando abrir janelas de negociação e, com isso, buscar reduzir os impactos do tarifaço sobre produtos brasileiros”, destaca.

Para o consultor tributário, José Parodes, o tarifaço divulgado pelo governo americano é mais uma pressão ao governo brasileiro sobre as manobras políticas. 

“O tarifaço divulgado pelo Governo Americano é mais uma pressão ao Governo Brasileiro de esquerda, face às péssimas relações diplomáticas que estão ocorrendo. Isso poderia ser solucionado com o reconhecimento do Governo Brasileiro sobre as manobras impopulares que vêm sendo feitas. Não atribuo ao filho do Bolsonaro, o tarifaço divulgado pelo Trump e sim pelas afrontas feitas pelo Governo Brasileiro, em relação ao judiciário com imigrantes americanos e recentemente a manifestação do Lula em criar uma moeda própria nos países membros do BRICS e a grande manifestação de repúdio às medidas Americanas pelo Governo Brasileiro”, pontuou.

 

Governo do Paraná anuncia pacote de apoio a empresas afetadas por tarifas dos EUA

Diante da possível imposição de tarifas de 50% pelos Estados Unidos a produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, o Governo do Paraná anunciou uma série de medidas para mitigar os impactos sobre as empresas paranaenses. O pacote inclui flexibilização de prazos de investimentos do programa Paraná Competitivo, monetização de créditos de ICMS homologados no Siscred e oferta de linhas de crédito pela Fomento Paraná e BRDE. O Estado também avalia aporte no Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE) para ampliar o acesso a recursos com juros baixos.

As medidas foram discutidas ao longo da semana com representantes do setor produtivo e poderão ser ampliadas conforme os efeitos da taxação se confirmem. Segundo o governador Ratinho Junior, o objetivo é manter a economia do Paraná estável em meio às incertezas do cenário internacional. O Paraná exporta cerca de US$ 1,5 bilhão por ano aos EUA, sendo a madeira e seus derivados os principais produtos, além de uma diversidade de mais de 90 grupos exportadores que podem ser diretamente afetados pela medida americana.

 

Haddad afirma que governo tem plano para socorrer setores afetados por tarifaço 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo federal finalizou o plano de contingência para socorrer os setores brasileiros afetados pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos. O plano, elaborado em conjunto pelos ministérios da Fazenda, Indústria e Relações Exteriores, será apresentado ao presidente Lula ao longo desta semana, após avaliação da Casa Civil. Segundo Haddad, apesar das dificuldades nas negociações, o Brasil continua buscando diálogo com os EUA, embora a Casa Branca tenha dificultado as tratativas.

Haddad destacou que o governo ainda acredita na possibilidade de um acordo antes da entrada em vigor das tarifas, marcada para 1º de agosto, citando experiências recentes com países como Vietnã e Japão. O ministro também elogiou iniciativas de governadores, como a linha de crédito anunciada por São Paulo, mas ponderou que ações locais têm alcance limitado frente ao impacto bilionário sobre as exportações brasileiras. Ele ainda criticou setores que, inicialmente, apoiaram as tarifas impostas por Donald Trump.

Trump confirma tarifaço para 1º de agosto e descarta prorrogações

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou no último domingo (27) que as tarifas de importação anunciadas contra produtos estrangeiros, incluindo os brasileiros, entrarão em vigor no dia 1º de agosto. Segundo ele, todos os acordos estarão concluídos até essa data, com exceção dos que envolvem aço e alumínio. Trump mencionou que cerca de 200 cartas tarifárias estão sendo preparadas, com taxas que variam entre 10% e 15%.

O secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, reforçou a decisão em entrevista à Fox News, afirmando que não haverá prorrogações ou períodos de carência. “As tarifas estão definidas. Elas entrarão em vigor, a alfândega começará a cobrar, e lá vamos nós”, disse. Apesar disso, Lutnick ressaltou que Trump está aberto a negociações mesmo após o início da cobrança. "Ele está sempre disposto a ouvir", afirmou o secretário, deixando espaço para futuras tratativas com grandes economias.

Foto: Assessoria Sudati 

 

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