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Empresa do agronegócio pede falência do Grupo Pupin após casal declarar incapacidade de gestão

Credora alega que problemas de saúde de José e Vera Pupin inviabilizam a continuidade da recuperação judicial, que soma dívidas de R$ 2 bilhões

Empresa do agronegócio pede falência do Grupo Pupin após casal declarar incapacidade de gestão Créditos: Olhar Jurídico

A empresa Agrimaque Peças Agrícolas Ltda. protocolou um pedido de decretação de falência do Grupo Pupin, que está em recuperação judicial desde 2017 e acumula dívidas estimadas em R$ 2 bilhões. O pedido foi apresentado à 1ª Vara Cível de Campo Verde (MT), sob o argumento de que os empresários José Pupin, conhecido como oRei do Algodão, e sua esposa Vera Lúcia, declararam em juízo incapacidade civil e cognitiva para administrar os negócios.

Na petição, a Agrimaque sustenta que, por se tratarem de empresários individuais, não há separação entre as pessoas físicas e jurídicas, o que inviabilizaria a continuidade das empresas diante da alegada incapacidade dos titulares. A credora afirma que essa condição anula os pressupostos da recuperação judicial, transformando o processo em um “simulacro de reestruturação”.

O documento cita problemas de saúde como sequelas de um câncer enfrentado por José Pupin e doença de Parkinson de Vera Lúcia, além de questões emocionais e alegações de um “engodo” envolvendo o fundo Fource. A Agrimaque também pediu o encaminhamento do caso ao Ministério Público de Mato Grosso para investigação de possíveis crimes na condução da recuperação.

Disputa judicial e denúncias de irregularidades

O Grupo Pupin teve seu plano aditivo de recuperação homologado em 2024, mas enfrenta nova crise desde setembro, quando a defesa da família alegou ter sido vítima de fraude ao firmar contratos com o Grupo Midas/Fource, que se apresentava como investidor interessado na reestruturação.

Segundo os advogados, o acordo foi firmado em um momento de fragilidade do casal e acabou concedendo ao grupo poderes amplos sobre as fazendas e operações financeiras. A partir de 2020, as empresas associadas ao Midas/Fource teriam movimentado ativos sem autorização judicial, redirecionando valores a fundos do próprio grupo.

A defesa dos Pupin pede a suspensão dos contratos, o cancelamento de procurações e a prestação de contas completa da administração patrimonial, além da reversão de bens que teriam sido transferidos indevidamente.

Auditoria independente e questionamentos

O New Distressed FIDC, um dos principais credores do Grupo Pupin, solicitou a contratação de uma auditoria independente por uma das empresas do grupo “Big Four” (PwC, Deloitte, EY ou KPMG) para esclarecer as movimentações financeiras.

O fundo questiona a versão de que os Pupin foram enganados e cobra provas médicas e psiquiátricas que confirmem a alegada incapacidade. Para o FIDC, não há indícios de que o controle tenha sido transferido ao Grupo Midas/Fource, nem de alienações irregulares de propriedades rurais, sustentando que eventuais promessas de venda não configuram ato consumado.

As manifestações da Agrimaque, da defesa do Grupo Pupin e dos demais credores aguardam decisão judicial.

Com informações do Olhar Jurídico

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