A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) identificaram indícios de que o Banco Master, comandado por Daniel Vorcaro, vendeu ao Banco de Brasília (BRB) cerca de R$ 12,2 bilhões em carteiras de crédito que não existiam. As transações teriam sido justificadas com documentos falsos enviados ao Banco Central (BC), segundo a investigação.
As informações motivaram a deflagração da Operação Compliance Zero, nesta terça-feira (18), que resultou na prisão de Vorcaro e no afastamento do presidente do BRB, Paulo Henrique Costa. No mesmo dia, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Master, menos de 24 horas após o Grupo Fictor manifestar interesse em adquirir a instituição.
O BC comunicou os indícios de fraude aos órgãos de investigação após rejeitar a proposta de compra do Master pelo BRB. Ao identificar um rombo bilionário no balanço da instituição, o Banco Central determinou que o BRB desfizesse as operações para recompor liquidez e reorganizar suas contas — uma das exigências durante a análise do negócio.
De acordo com a apuração, o BRB transferiu R$ 12,2 bilhões ao Master no primeiro semestre de 2025 para adquirir carteiras de crédito antes mesmo de formalizar a intenção de compra do banco. Ao examinar o negócio, o Banco Central identificou sinais de que os créditos eram fictícios. Documentos apresentados pelo Master continham datas de 2024, mas tinham assinaturas eletrônicas emitidas apenas em abril e maio de 2025, período em que o BC solicitava informações sobre as transações.
A decisão judicial que autorizou a operação afirma que o Grupo Master buscava inflar artificialmente seu patrimônio ao se associar, de forma ilícita, a uma Sociedade de Crédito Direto, simulando aquisições de carteiras inexistentes e revendendo-as ao BRB para encobrir um rombo de R$ 12 bilhões.
Os documentos falsos incluíam dados de duas associações ligadas a Augusto Lima, sócio de Vorcaro, com o objetivo de simular carteiras bilionárias de crédito consignado.
Mesmo após a rejeição da compra pelo Banco Central, os investigadores identificaram que o BRB continuou transferindo recursos ao Master. Para a PF e o MPF, isso indicava continuidade das práticas criminosas e reforçou a necessidade de prisão preventiva de Vorcaro e de outros diretores do banco.

Créditos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília