Crédito de R$ 200 milhões do BRDE vai socorrer empresas afetadas pelo tarifaço
Financiamentos variam de R$ 500 mil a R$ 10 milhões, conforme capacidade de cada empresa
Por Da Redação

O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) anunciou uma linha de crédito emergencial de R$ 200 milhões para apoiar empresas e cooperativas paranaenses afetadas pelo aumento tarifário imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Os recursos poderão ser utilizados para financiar capital de giro, com prazo de pagamento de cinco anos, incluindo um ano de carência. A taxa de juros será de IPCA mais 4% ao ano, abaixo das praticadas em outras linhas de crédito disponíveis no mercado.
Os financiamentos terão valores que variam de R$ 500 mil a R$ 10 milhões por empresa, dependendo da capacidade de pagamento do solicitante. As empresas interessadas deverão comprovar que foram impactadas pela nova tarifa, por meio de histórico de exportações para os Estados Unidos, registros de demissões ou férias coletivas. O banco também avaliará casos de empresas que já possuem contratos vigentes com o BRDE e que estejam enfrentando dificuldades para quitar parcelas em função das barreiras comerciais. Em casos específicos, o banco poderá postergar pagamentos. Solicitações acima de R$ 10 milhões serão analisadas dentro de outras linhas de crédito da instituição.
Para garantir maior competitividade à nova linha, o Governo do Estado do Paraná destinará R\$ 43 milhões em dividendos do BRDE, fortalecendo o lastro financeiro da operação.
Além do BRDE, a Fomento Paraná também oferecerá suporte às empresas prejudicadas, com foco em valores abaixo de R$ 500 mil. A instituição disponibiliza recursos para microcrédito e operações especiais voltadas a pequenos empreendedores, com atendimento personalizado. O total de recursos disponíveis pela Fomento Paraná para micro e pequenas empresas é de R$ 200 milhões. Também estão previstas renegociações para empresas que comprovarem prejuízos decorrentes da nova taxação.
Segundo o governador Ratinho Junior (PSD), a iniciativa busca proteger a economia local e os negócios que operam com o mercado norte-americano. Ele reforçou que o Estado está atuando diretamente com os setores afetados e expressou a expectativa de que o governo federal, por meio do Itamaraty, consiga avançar em negociações com os Estados Unidos para reverter a medida.
As ações anunciadas pelo Governo do Paraná podem totalizar até R$ 400 milhões em crédito. Além dos financiamentos, também foram divulgadas medidas como a utilização de créditos de ICMS homologados no Siscred para auxiliar o fluxo de caixa das empresas e a postergação de obrigações ligadas a compromissos de investimento. O Estado estuda ainda um possível aporte no Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE), o que permitiria ampliar a oferta de crédito com juros reduzidos.
A Secretaria da Fazenda do Paraná continua monitorando os impactos da medida e mantendo diálogo com os setores envolvidos e federações empresariais. Segundo o secretário da Fazenda, Norberto Ortigara, o momento é delicado para a economia e o governo estadual está comprometido em prestar todo o suporte necessário às empresas afetadas.
O novo imposto norte-americano foi anunciado pelo presidente Donald Trump e passa a valer no dia 6 de agosto. A taxação atinge produtos como madeira reflorestada, café, chá, carnes, couro, mel, móveis, peixes, cerâmica e erva-mate. Embora o decreto preveja isenção para madeira tropical, a medida não beneficia a maior parte da produção madeireira paranaense, que é baseada em reflorestamento.
De acordo com o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), apenas 2,7% dos produtos exportados pelo Paraná aos Estados Unidos em 2024 estão na lista de exceções. Isso equivale a US$ 42,4 milhões de um total de US$ 1,59 bilhão. Em nível nacional, a lista de exceções abrange 43,4% das exportações, totalizando US$ 18,4 bilhões de um volume de US$ 42,3 bilhões, segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham).
A discrepância ocorre porque os principais produtos brasileiros beneficiados pelas exceções, como petróleo bruto, ferro ou aço semimanufaturado, ferro fundido bruto e aeronaves, não integram a pauta de exportações do Paraná.
Créditos: AEN