Coração de bebê de 1 ano captado em Cascavel vai salvar outra criança de Brasília
Após morte encefálica de uma criança de um ano de idade, doação foi autorizada pelos familiares e levada para o DF
Por Gazeta do Paraná

O Huop (Hospital Universitário do Oeste do Paraná) realizou, neste domingo (16), a 5ª captação de órgãos deste ano na unidade hospitalar. Desta vez, uma equipe médica de Brasília veio a Cascavel para buscar a doação do coração de uma menina de 1 ano de idade.
A Gazeta do Paraná conversou com os pais de Melanny Kyrás Silva do Nascimento, que teve a morte encefálica confirmada no sábado (15), após uma parada cardíaca. A família mora em Toledo há dois anos, onde a criança nasceu. A mãe contou à nossa reportagem que a menina apresentou sintomas de gripe em fevereiro e, depois de várias idas e vindas à Unidade de Pronto Atendimento da cidade vizinha, recebeu o diagnóstico de pneumonia.
“Eu senti que ela estava com uma gripezinha, levei ao médico por quatro ou cinco vezes nas últimas semanas. Nas primeiras consultas, voltei para casa com o diagnóstico de gripe apenas. Foi em cinco de março que o estado piorou. Voltei à UPA, e foi quando me deram uma medicação mais forte e um xarope. Mas o quadro dela agravou na segunda-feira da semana passada. Na terça-feira [11], ela deu entrada no HU e já foi intubada”, explicou a mãe da criança, Ariane do Nascimento.
O pai e atleta, David Bryan Alexandre do Nascimento, conta que não esperava que a condição da filha se agravasse tão rapidamente. Triste com a perda da menina, ele falou sobre a importância da doação de órgãos.
“É uma situação muito difícil como pai, ninguém espera perder seu filho tão cedo. A Melanny tinha uma vida inteira pela frente e não teve a oportunidade de vivenciar nada. Mas a mensagem que eu deixo é que tenham mais amor pelo próximo. Se você tiver a oportunidade, autorize, doe, faça o bem para alguém”, destaca.
“O que me conforta é saber que a minha bebê continuará viva em outra criança, que dará alegria para outra família. Mesmo com meu coração partido, eu, meu esposo e minha sogra esperamos que o menino que está recebendo a doação da minha filha cresça com muita saúde e seja muito feliz”, declarou a mãe da bebê, Ariane do Nascimento.
A coordenadora do Serviço de Transplante de Órgãos do HU, Gelena Castilho, afirmou que esta é a 5ª captação de órgãos deste ano no hospital e a segunda envolvendo uma criança, sendo a primeira realizada no mês passado.
“Esta criança chegou para nós com um estado de saúde muito grave. O hospital deu todo o suporte para salvá-la, mas, infelizmente, ela não resistiu. Para nós, sempre é uma tristeza perder uma criança, ainda mais tão jovem. Mas, diante da morte encefálica, quando não há mais o que fazer, nos conformamos um pouco ao saber que essa criança proporcionará vida a outra. Em nome do HU, agradecemos aos pais que autorizaram a doação, um gesto tão bonito e humano”, ressaltou.
Quem pode ser doador de órgão no Brasil
Basta conversar em vida com a família sobre o desejo de ser doador, pois, no Brasil, a doação é realizada apenas após a autorização familiar.
Existem dois tipos de doadores:
Doador vivo – Desde que não prejudique sua saúde, a pessoa pode doar rins, parte do fígado, parte da medula óssea e parte do pulmão. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Caso contrário, se não houver parentesco, a doação só pode ocorrer com autorização judicial.
Doador falecido – São pacientes com diagnóstico de morte encefálica, geralmente vítimas de derrame cerebral ou traumatismo craniano. Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de transplante e estão aguardando na fila de espera, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes.
Eliane Alexandrino/Gazeta do Paraná

