Compra do Hospital Policlínica pela Unimed é "barrada"

Da Redação/Cascavel

A Superintendência-Geral do Cade  (Conselho Administrativo de Defesa Econômica ) submeteu ao Tribunal do Conselho a operação envolvendo a aquisição do Hospital Policlínica pela Unimed Cascavel .

O Hospital Policlínica é um considerado um dos principais hospitais gerais de Cascavel, e detém de 40 a 50% do mercado, controlado pela Hospital Care Caledônia S.A (empresa do bilionário Elie Horn). Já a Unimed Cascavel é a principal operadora de planos de saúde da cidade, detendo de 80 a 90% dos beneficiários de planos de saúde médico-hospitalares.

A fusão incentivaria integrações verticais que incluem planos de saúde da Unimed Cascavel e serviços médico-hospitalares do Hospital Policlínica, principalmente do segmento de hospitais gerais de Cascavel.

A fase de descoberta concluiu que há elementos que indicam tanto capacidade quanto incentivos para o fechamento do mercado. 

“Segundo o documento, os riscos envolvem tanto o insumo, que são os serviços prestados pelo Hospital Policlínica, quanto o acesso ao mercado consumidor, que são os beneficiários da Unimed Cascavel , em integrações verticais entre planos de saúde e hospitais gerais”, afirma o Cade.

Os resultados da aplicação da metodologia aritmética vertical foram utilizados para analisar as implicações competitivas das integrações verticais, de acordo com o parecer técnico do Departamento de Estudos Econômicos do CADE e aspectos qualitativos relacionados ao mercado de planos de saúde e à transação.

Segundo informações extraoficiais, para ter um hospital próprio, a cooperativa teria que desembolsar R$ 85 milhões.

Danos à concorrência?

Em decorrência do fechamento do mercado de hospitais gerais para operadoras de planos de saúde, podem ocorrer efeitos nocivos à concorrência. Tais efeitos podem ser decorrentes da falta de interesse dos concorrentes da Unimed por planos de saúde, da eventual ausência do Hospital Policlínica nas redes credenciadas ou do crescimento limitado desses concorrentes, considerando a possibilidade de redução significativa de leitos hospitalares nas redes credenciadas para oferta aos seus beneficiários.

Além da probabilidade de um encerramento completo do mercado, a Unimed Cascavel também poderia adotar estratégias para fazer com que concorrentes perdessem o credenciamento, como o Hospital São Lucas, seu principal concorrente no município. Após utilizar a análise aritmética vertical, o DEE (Departamento de Estudos Econômicos) identificou incentivos que facilitam esse tipo de conduta. O estudo também considera encerramentos parciais para os casos em que o plano de saúde poderia encaminhar seus beneficiários para a realização de determinados procedimentos médicos em hospitais específicos, prejudicando outros concorrentes no segmento de hospitais gerais.

Assim, considerando a importância da Unimed Cascavel como contratante de serviços hospitalares na região, pode haver efeitos negativos no mercado de hospitais gerais do município de Cascavel.

Segundo a SG, as medidas não podem ser aplicadas para mitigar o potencial dano ao ambiente concorrencial. As medidas seriam excessivamente onerosas tanto para o Cade quanto para as partes envolvidas na fusão, sem o restabelecimento das condições de mercado concorrencial.

Por isso, o SG decidiu encaminhar o caso ao Tribunal e recomendou o bloqueio da transação. Após a submissão do caso para decisão final, um conselheiro será designado para uma análise mais aprofundada, seguida da decisão do colegiado.

Alguns planos de saúde como a Amil, afirmou que a operação sendo finalizada, quem ganharia seria a Unimed, com mais mercado em uma cidade onde já tem dominância dos serviços e que traria concorrência desleal entre as outras operadoras (planos de saúde).

Em junho do ano passado o Cade impugnou outra transação, foi no caso da compra do controle da Fundação Ouro Branco, com donas de clínicas e hospitais, por três cooperativas do Sistema Unimed (Unimed Conselheiro Lafaiete, Unimed São João Del Rei e Unimed Inconfidentes).

Caberá aos conselheiros do Cade julgar a avaliação da Superintendência-Geral do órgão. 

Hospital Care 

A Hospital Care Holding administradora de serviço de saúde adquiriu 60% das ações do Hospital Policlínica em novembro de 2021. Ao todo o grupo administra mais sete unidades hospitalares (Curitiba -PR,  Campinas -SP, Ribeirão Preto SP, São José do Rio Preto -SP, Sorocoba -SP e Florianópolis -SC).

O que diz a Unimed?

A Unimed Cascavel atualiza as informações relativas ao trâmite junto ao Cade para a compra do Hospital Policlínica Cascavel. Em 16 de abril de 2025, a superintendência-geral do Cade remeteu a operação ao Tribunal Administrativo do órgão. Em documento assinado na mesma data, a superintendência sugere a impugnação da compra, devido ao receio de fechamento de mercado para novas operadoras de planos de saúde e outros hospitais.

Essa etapa - seja ela negativa ou positiva – faz parte do curso normal dentro do Conselho, assim como o próximo passo, que será a definição final pelo Tribunal Administrativo. Neste momento, a Unimed Cascavel trabalha com o auxílio de assessorias jurídicas renomadas, fornecendo todas as informações solicitadas pelo Cade, e espera que o processo se concretize de forma positiva o mais breve possível.

A Gazeta do Paraná também entrou em contato com o Hospital Policlínica, o mesmo afirma que o processo ainda está em curso e não foi finalizado. Sendo assim, é necessário aguardar o desfecho antes de emitir qualquer comunicado.

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