A Noruega pode cruzar o caminho do Brasil?
Seleção escandinava foi uma das poucas que conseguiram derrotar o Brasil em fases de grupos dos Mundiais
Por Luciano Neves

A Seleção Brasileira estará na Copa do Mundo de 2026. A próxima edição será a maior da história, já que o número de participantes sobe de 32 para 48 participantes. E a Noruega também estará no Mundial do ano que vem. O histórico entre as duas seleções é bem diferente. Enquanto o Brasil esteve em todas as Copas, a Noruega teve apenas três participações. O time canarinho é pentacampeão. E a melhor campanha norueguesa foi em 1998, quando chegou nas oitavas de final. Aquela, inclusive, foi a última participação da Noruega em Mundiais. O número de jogos da Noruega é exponencialmente menor que o número de partidas do Brasil em Copas. Os brasileiros já entraram em campo 114 vezes e a Noruega fez apenas oito. Mas a Noruega conseguiu algo que pouquíssimas seleções conseguiram: derrotar o Brasil na fase de grupos da Copa. Dos 114 jogos, em Copas, o Brasil conquistou 76 vitórias, teve 19 empates e sofreu 19 derrotas. Em fase de grupos, o Brasil perdeu para a Iugoslávia no Mundial de 1930. Depois, em 1934, a Seleção Brasileira foi derrotada pela Espanha. Naquele ano, a Copa só teve jogos eliminatórios. De 1950 para cá, todos os mundiais tiveram a primeira fase com seleções divididas. A Seleção Brasileira teve duas derrotas para Hungria e Portugal e foi eliminada na primeira fase. Depois que a Copa teve um aumento de 16 para 24 seleções, o Brasil não perdeu mais na fase de grupos.
Só voltou a ser derrotado em 1998, justamente o ano do aumento de 24 para 32 seleções. E foi para a Noruega.
Na França
O Brasil foi para a Copa de 1998, na França, como favorito. Afinal de contas, quatro anos antes, a Seleção havia faturado o tetracampeonato nos Estados Unidos. A Noruega, inclusive, esteve na Copa de 1994, mas não conseguiu passar da primeira fase.
Em 98, o sorteio colocou Brasil e Noruega no mesmo Grupo A. Cabeça de chave, a Seleção Brasileira abriu a Copa contra a Escócia e teve uma vitória sofrida por 2 a 1. O jogo ocorreu no dia 10 de junho daquele ano. No mesmo dia, mas um pouco mais tarde, a Noruega estreou com um empate em 2 a 2 com o Marrocos.
Na segunda rodada, a Noruega empatou com a Escócia em 1 a 1. E a Seleção Brasileira garantiu a primeira posição do grupo com uma vitória contundente por 3 a 0 sobre o Marrocos.
Na terceira rodada, os dois jogos ocorreram no dia 23 de junho, no mesmo horário. A Noruega só conseguiria avançar se vencesse o Brasil. Na ocasião, o saudoso técnico Zagallo poupou alguns jogadores e saiu na frente com Bebeto, após cruzamento de Denilson. Tore André Flo empatou o jogo, mas o resultado não servia. Bem no finzinho da partida, o zagueiro Júnior Baiano puxou a camisa de Tore Andre Flo dentro da área e cometeu um pênalti. Rekdal. Depois da derrota, Zagallo disse a seguinte frase: “perdemos quando poderíamos perder!”. O detalhe é que, na sequência, a Seleção Brasileira perdeu quando não poderia perder e tomou um 3 a 0 da França na final do Mundial. Já a Noruega avançou em segundo lugar no Grupo A e caiu nas oitavas ao ser derrotada pela Itália por 1 a 0.
Marrocos
A maior frustração no Grupo A foi do Marrocos. O time africano fez 3 a 0 na Escócia, resultado que garantiria a vaga nas oitavas desde que o Brasil não perdesse para a Noruega. Mas a derrota brasileira eliminou o Marrocos.
2022
Depois da derrota para a Noruega, o Brasil só voltou a ser derrotado na fase de grupos de uma Copa em 2022, no Catar. No Mundial passado, o então técnico Tite também poupou alguns atletas no jogo da terceira rodada contra Camarões, depois de vitórias sobre a Sérvia e a Suíça. No terceiro jogo, a Seleção perdeu por 1 a 0 e, mesmo assim, ficou com o primeiro lugar no Grupo G. Nas oitavas, o Brasil goleou a Coreia do Sul por 4 a 1. E depois caiu nas quartas ao perder para a Croácia nos pênaltis por 4 a 2, após empate em 1 a 1, com os dois gols marcados na prorrogação.
Craques
A dupla formada por Erling Haaland e Martin Ødegaard eleva o nível técnico da seleção da Noruega, com o atacante sendo um dos maiores goleadores do futebol atual e o meia um dos principais jogadores do Arsenal. Outros nomes como Alexande Sørloth, atacante do Atlético de Madrid, assim com Julian Ryerson, Kristoffer Ajer e Sander Berge, que complementam um elenco promissor. Contudo, desafios persistem: a defesa ainda oscila, e a ausência na Eurocopa de 2024 levanta dúvidas sobre a consistência tática da equipe. Historicamente, a Noruega tem presença discreta em Copas, o que adiciona um peso psicológico à missão de classificação. Mesmo assim, com organização e um bom início de campanha, a Noruega pode surpreender e alcançar, no mínimo, as oitavas ou até as quartas de final. Ainda não figura entre os favoritos como Brasil, França, Argentina, Espanha ou Inglaterra, mas tem potencial para causar impacto.
Créditos: Luciano Neves