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Vera Holtz participa como atriz pela primeira vez do Festival de Curitiba com 'Ficções'

Por Giuliano Saito


Peça tem como ponto de partida o best-seller Sapiens – Uma Breve História da Humanidade e foi a primeira a ter ingressos esgotados nesta 31ª edição. Produção também marca a volta de Vera Holtz aos palcos após 10 anos. Vera Holtz agradece sucesso de seu espetáculo no Festival de Curitiba Um dos espetáculos mais esperados da 31ª edição do Festival de Curitiba é o monólogo da atriz Vera Holtz. "Ficções", que tem como ponto de partida o best-seller Sapiens – Uma Breve História da Humanidade, do filósofo e escritor Yuval Noah Harari, rendeu a ela o Prêmio Shell, deste ano, de melhor atriz. Há mais de dez anos longe dos palcos, neste solo, Vera se desdobra em cena em diversos personagens, interpretando, em alguns momentos, até ela mesma. A montagem escrita e encenada por Rodrigo Portella discute a condição humana e a capacidade de criar histórias, ficções e de acreditar coletivamente nelas. Programe-se: Confira a programação completa do festival Conheça: Gastronomix abre a cozinha e a panela de chefs renomados ao público do Festival de Curitiba Enfim, de volta...Público volta às plateias do Festival de Curitiba ansioso por arte; 'O olho das pessoas está brilhando', diz ator Em conversa com o g1 Paraná, a Vera Holtz revela que o grande desafio deste trabalho foi se deparar com as limitações da idade, a atriz está com 70 anos. Ela fala sobre este momento e a expectativa de encontrar o público no festival. Vera Holtz participa como atriz pela primeira vez no festival de Curitiba. Wesley Cardozo Ficções marca teu retorno ao palco e de certa forma o 'grande' retorno do teatro pós-pandemia. Como está sendo esta retomada? Não é muito fácil retomar depois de ficar tanto tempo, praticamente, fechada em casa. Não é simples ter que enfrentar a vida novamente, e além disso, junto com a pandemia tivemos também outros impedimentos. Mas, quando você se depara com o público, percebe a importância do presencial na nossa vida. Não tem jeito, em dois minutos você retorna a ser humano. É bom estar de novo juntos, de ver o sorriso das pessoas, de ver o público chegando ao teatro, de nos reconectarmos com o outro. Qual a expectativa para esta edição do Festival? Você já deve saber que Ficções foi o primeiro espetáculo a vender todos os ingressos logo nas primeiras semanas? Já estive como diretora de um espetáculo no Festival, não como atriz, esta será a primeira vez. É um evento fundamental, acompanho há muitos anos, ele gera muita expectativa no público, nos artistas. Parabenizo o Festival de Curitiba pela longevidade, por se manter durante tanto tempo. Já sei que Ficções teve uma grande procura. A expectativa agora é encontrar essa quantidade de pessoas que vão estar com a gente no Guairão. Vai ser uma noite especial, aliás duas. Vera Holtz participa como atriz pela primeira vez no festival de Curitiba. Wesley Cardozo O que te motiva neste trabalho? É uma obra que teve um processo rápido, foi uma sucessão de acasos, de encontros, as pessoas foram se aproximando porque gostavam da obra do Yuval Harari, Sapiens. O que eu acho bacana é discutir as narrativas. Por que essas narrativas são mantidas até hoje? Por que mantemos esse sistema de crenças? Essa reflexão sobre o fato de que tudo é criado, tudo foi inventado pela humanidade, acho importante. Se tudo é criado, então pode ser 'descriado'. É para pensar sobre isso. Por que a minha vida caminha de certa forma, por que tenho determinadas crenças? Por que não posso me ver de outra forma? Fazendo isso estabeleço novas crenças, novas ficções, novos acordos. Esse é o recorte da obra que me interessa e as pessoas são tocadas nesse lugar pelo espetáculo. Quais foram os desafios para esta montagem? Um deles foi transpor uma obra do tamanho de Sapiens para o teatro. O Rodrigo foi muito feliz nisso, ele humaniza uma obra densa e consegue tornar a obra de fácil compreensão, no lugar da afetividade. Se deparar com a idade, estou com 70 anos, também foi um grande desafio, o mais difícil. É uma questão real. Percebi os limites físicos, a dificuldade para memorizar os textos. Como a estreia foi precoce, essas questões vieram à tona, mas fui bem protegida pelo Toni Rodrigues, que fez minha preparação corporal; pelo Jorge Maya, que cuidou da minha voz e por toda a equipe. Não fazia teatro há dez anos. A idade não é um empecilho, mas é uma constatação. É interessante para o ator se deparar com este fato. Vera Holtz participa como atriz pela primeira vez no festival de Curitiba. Wesley Cardozo É bom ver a casa cheia novamente? É um momento importante do teatro, as pessoas querem estar juntas, ver teatro, se reconectar. Elas querem estar presentes, querem estar ligadas umas às outras. Se reconhecerem. Tenho percebido isso acontecer em outros trabalhos também. As pessoas querem estar próximas do humano, porque é o outro que nos conecta com a gente mesmo. O que significa para você o Prêmio Shell, recém conquistado? Eu extrapolo, não vejo eu, Vera, ganhando um prêmio, me vejo fazendo parte de um prêmio sensacional. Foi uma noite única, de diversidade muito grande. Foi muito importante para muita gente, é o teatro deslocando o futuro das pessoas, deslocando a ancestralidade, o eixo de vida, de famílias. Foi uma constatação de que o teatro salva. É vida, é presente! É óbvio que fiquei muito satisfeita, mas mais ainda de estar junto com aquela turma toda que foi agraciada com o Prêmio Shell. Vera Holtz participa como atriz pela primeira vez no festival de Curitiba. Wesley Cardozo Os vídeos mais assistidos do g1 PR: Mais notícias do estado em g1 Paraná.