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Brasileiros enfrentam risco de deportação nos Estados Unidos

Dados do governo americano apontam que 38 mil brasileiros enfrentam ordem de deportação. Gazeta do Paraná entrevistará imigrante para relatar desafios e impactos da medida.

Por Gabriel Porta Martins

Brasileiros enfrentam risco de deportação nos Estados Unidos Créditos: AFP

Dados do Serviço de Imigração dos Estados Unidos indicam que quase 1,5 milhão de pessoas possuem sentença de deportação no país, incluindo aproximadamente 38 mil brasileiros. As informações, referentes a novembro de 2024, foram divulgadas em um documento do ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas) e obtidas pela Folha de S.Paulo.

Esses números englobam cidadãos estrangeiros que já passaram por processos legais e receberam uma ordem formal de deportação por violação das leis de imigração americanas. Em 2022, um estudo do Pew Research Center estimou que cerca de 11 milhões de imigrantes viviam em situação irregular nos EUA, sendo 230 mil brasileiros, um aumento significativo em comparação com a década anterior. O Itamaraty calcula que a comunidade brasileira no país chegue a aproximadamente 2 milhões de pessoas, sem detalhar quantas delas estão em situação legal.

No ano passado, 1.859 brasileiros foram deportados dos Estados Unidos. Apesar da expulsão, ainda existem formas legais de retorno para o país. Segundo o advogado André Linhares, especialista em imigração que atua em Miami, aqueles que já receberam sentença de deportação "teoricamente podem ser detidos a qualquer momento e removidos do país", afirmou ele à Folha de S.Paulo.

A questão da deportação ganhou destaque na última sexta-feira (24), quando um voo fretado trouxe 88 brasileiros deportados para Manaus. Vídeos que circularam nas redes sociais mostram que muitos desembarcaram algemados nas mãos e nos pés, algo que, segundo autoridades brasileiras, contraria acordos firmados entre Washington e Brasília. Relatos também indicam denúncias de maus-tratos, dificuldades para acessar banheiros e más condições durante o voo, incluindo falta de ventilação adequada.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, integrantes do Ministério das Relações Exteriores defenderam a revisão dos termos do acordo de deportação para garantir que os brasileiros não desembarquem algemados no país. O governo brasileiro também quer que os Estados Unidos investiguem as denúncias feitas pelos deportados.

O ICE afirma que há diversos motivos pelos quais nem todas as ordens de deportação são imediatamente cumpridas. Entre os fatores que podem impedir a remoção estão solicitações de asilo e proteções previstas pela Convenção Contra a Tortura, um tratado internacional da ONU assinado pelo Brasil e outros países. Além disso, o serviço de imigração americano alega dificuldades operacionais devido à falta de cooperação de algumas nações para a repatriação de seus cidadãos, embora o Brasil não esteja entre esses países.

O ex-presidente Donald Trump, que já anunciou planos de ampliar deportações em massa, afirmou que pretende realizar o maior processo de expulsão de imigrantes da história do país. Especialistas, no entanto, duvidam da viabilidade dessa proposta, destacando desafios logísticos e impactos econômicos. Durante seu primeiro mandato, Trump deportou cerca de 1,5 milhão de imigrantes. Segundo o American Immigration Council, um plano dessa magnitude custaria aos Estados Unidos aproximadamente US$ 315 bilhões (R$ 1,8 trilhão) para prender, deter e deportar os 13,3 milhões de pessoas que vivem no país ilegalmente ou sob status temporário revogável.

A Gazeta do Paraná segue acompanhando o tema e, hoje (30), conversará com uma imigrante brasileira que vive nos Estados Unidos. Ela relatará em primeira mão as dificuldades enfrentadas pelos brasileiros que estão em situação irregular no país, trazendo uma visão mais detalhada sobre o impacto dessas medidas no dia a dia dos brasileiros que vivem nos Estados Unidos.