Vai começar a era Ancelotti na Seleção Brasileira

A CBF anunciou na manhã desta segunda-feira (12) a contratação de Carlo Ancelotti, que deixa o Real Madrid para assumir o time canarinho

Por Luciano Neves

Vai começar a era Ancelotti na Seleção Brasileira Créditos: Site CBF

A Seleção Brasileira tem um novo técnico para a disputa da reta final das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. Nesta segunda (12), Carlo Ancelotti foi anunciado pela CBF como o novo treinador da equipe pentacampeã mundial. Nascido na Itália, Carlo Ancelotti tem 65 anos e vinha dirigindo o badalado Real Madrid, da Espanha. Treinador desde 1995, ele acumula experiência em grandes equipes da Europa: já dirigiu Juventus, Milan, Chelsea, PSG e Bayern de Munique. A CBF informa que Ancelotti irá comandar o Brasil até a Copa do Mundo de 2026 e já treinará o time nos dois próximos jogos pelas Eliminatórias diante do Equador e Paraguai, no próximo mês. “Trazer Carlo Ancelotti para comandar o Brasil é mais do que um movimento estratégico. É uma declaração ao mundo de que estamos determinados a recuperar o lugar mais alto do pódio. Ele é o maior técnico da história e, agora, está à frente da maior seleção do planeta. Juntos, escreveremos novos capítulos gloriosos do futebol brasileiro”, afirmou Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF.

Foi a segunda tentativa da Seleção Brasileira em contratar Ancelotti depois da Copa de 2022. Na primeira oportunidade, em 2024, o treinador preferiu seguir no comando do Real Madrid. Porém, na atual temporada, o comandante não conseguiu os resultados esperados e sua saída era prevista no time espanhol. Desde a despedida de Tite após o fim do Mundial de 2022, a Seleção Brasileira amarga uma profunda crise. Nomes como Ramon Menezes, Fernando Diniz e Dorival Júnior dirigiram a equipe sem sucesso. Nas Eliminatórias, o time ocupa a quarta posição, com 21 pontos, e ainda tem controlada sua posição na zona de classificação do Mundial - seis avançam e o sétimo irá disputar a repescagem.

 

Currículo

A carreira do treinador é recheada de títulos. Ancelotti venceu a Liga dos Campeões em cinco oportunidades, além de levantar o Mundial de Clubes três vezes. Também faturou títulos nacionais na Espanha, Itália, Inglaterra e Alemanha. Ancelotti é o único treinador a conquistar as cinco principais ligas europeias, o italiano acumula passagens triunfais por gigantes como Milan, Real Madrid, Chelsea, PSG e Bayern de Munique. Além de sua brilhante carreira como técnico, Ancelotti foi um craque dentro das quatro linhas. Um meio-campista de inteligência rara, ele brilhou por clubes como Parma, Roma e Milan, conquistando duas Champions League como jogador. Seu capítulo final como atleta foi especial: um amistoso contra a própria Seleção Brasileira, em 1992. Trinta anos depois, o ícone retorna para fazer história com a Amarelinha.

 

Quarto gringo

O italiano Carlo Ancelotti será o quarto estrangeiro a treinar a Seleção Brasileira, embora, ao contrário de seus breves antecessores, ele assumirá o cargo visando reverter a situação e guiar os pentacampeões rumo a uma bem-sucedida Copa do Mundo de 2026.

O primeiro “gringo”, como os estrangeiros são conhecidos no Brasil, a treinar a Seleção foi o uruguaio Ramón Platero, na Copa América de 1925 (então conhecida como Campeonato Sul-Americano). Embora Joaquim Guimarães tenha sido oficialmente apresentado como técnico para a competição, Platero era o técnico de fato, enquanto o brasileiro assumia as funções de técnico, conforme explicado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em 2015. O Brasil terminou em segundo lugar no torneio, realizado entre o final de novembro e dezembro em Buenos Aires, com a participação de Argentina e Paraguai.

 

Uma dupla de nações

Por muitos anos, a passagem de Platero pelo banco de reservas "amarelo" foi desconhecida — até mesmo pela CBF. Alguns acreditam que o primeiro estrangeiro a assumir o comando da seleção foi o português Jorge Gomes de Lima, conhecido como Joreca. O então técnico do São Paulo formou uma dupla com o brasileiro Flávio Costa em 1944. A dupla treinou o Brasil em dois amistosos contra o Uruguai: uma vitória por 6 a 1 em 14 de maio no Rio e uma vitória por 4 a 0 quatro dias depois em São Paulo. Após essa experiência, Joreca continuou a treinar o São Paulo até 1947, dois anos antes de sua morte por infarto, e ainda é considerado um dos melhores técnicos do Tricolor paulista.

Costa, por sua vez, foi o técnico da Seleção no "Maracanazo", quando o Uruguai venceu o time por 2 a 1 na final da Copa do Mundo de 1950. Faleceu em 22 de novembro de 1999, aos 93 anos.

 

Uma Seleção Palmeirense

O último estrangeiro a comandar o Brasil foi o argentino Filpo Núñez, em 7 de setembro de 1965, quando a seleção já havia conquistado a Copa do Mundo de 1958, na Suécia, e a de 1962, no Chile, com os anfitriões como técnicos. Na época, o ex-jogador argentino do San Lorenzo e do Independiente comandava um Palmeiras todo-poderoso, famoso por enfrentar o Santos de Pelé. A Confederação Brasileira de Desportos, antecessora da CBF, pagou ao Verdão para que sua equipe representasse a seleção em um amistoso contra o Uruguai, em comemoração à inauguração do Mineirão, em Belo Horizonte. Vestindo a Canarinha (vermelha e branca), o Palmeiras de Núñez derrotou o rival por 3 a 0 e depois retornou a São Paulo, onde o técnico, falecido em 6 de março de 1999.

Créditos: Gazeta Esportiva