VÍDEO: Homem vai para a Ásia trabalhar com criptomoedas e diz que foi vítima de tráfico humano
Por Giuliano Saito
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Pela internet, homem e outras pessoas procuraram o Governo do Paraná para denunciar situações de abuso no Camboja. Ele conseguiu fugir. Ministério da Justiça disse que acompanha o caso. Brasileiro que fugiu de país da Ásia diz que foi aliciado para trabalho com criptomoedas Um brasileiro que está sendo atendido à distância pelo Núcleo de Enfrentamento de Tráfico de Pessoas (NETP-PR), do Governo do Paraná, relatou a experiência de trabalho que teve no Camboja, país da Ásia. Ele contou que se mudou sob a promessa de trabalhar com criptomoedas, mas chegando lá, viveu situações abusivas, incluindo cárcere privado. O trabalho também era diferente do combinado: o homem era obrigado a aliciar outros brasileiros. Ele acredita ter sido vítima de tráfico humano. Assista acima. O homem falou com exclusividade à RPC. Para o governo, a situação que o homem passou, e também a dos outros brasileiros que foram ao Camboja nas mesmas circunstâncias, é suspeita de ser análoga à escravidão e configurar tráfico de pessoas. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram "Chegando no Camboja, tudo mil maravilhas, já deram uma festa. Disseram que a gente teria wi-fi, água, tudo por conta deles, só que não foi isso que aconteceu, tinha que tirar do nosso bolso pra pagar internet, água. No terceiro mês a gente viu que não era nada daquilo”. O homem conseguiu fugir do país e despistar o grupo que o aliciou para o trabalho, porém, ainda não conseguiu voltar ao Brasil. Leia mais abaixo. O NETP investiga e também presta auxílio a pelo menos 20 brasileiros, sendo cinco paranaenses, que dizem ter sido contratados para o mesmo tipo de trabalho no país da Ásia. Entenda: Governo do Paraná investiga suspeita de tráfico de pessoas e diz que há pelo menos vinte brasileiros entre as vítimas Homem disse que foi ao país em busca de oportunidade; no Brasil ele estava desempregado RPC O Ministério da Justiça disse que está acompanhando as denúncias, mas, em nota, não explicou quais ações tomadas para resgatar as pessoas. O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) e a Polícia Federal (PF) foram acionados pelo Paraná e, segundo o governo, estão na investigação, mas não responderam sobre o caso. O governo do Paraná afirmou também ter acionado a Organização Internacional para as Migrações (OIM), da Organização das Nações Unidas (ONU), que disse estar mobilizada para prestar assistência às vítimas. A proposta Mensagens prometiam comissões de até 18%, e outros benefícios aos brasileiros Divulgação Segundo a investigação, brasileiros costumam receber as propostas pelas redes sociais. A promessa é de um trabalho com remuneração de R$ 900 dólares mensais – R$ 4 mil, além de outros benefícios, como moradia com água, luz e internet. Segundo o homem, ele foi aliciado por uma quadrilha chinesa, que conta com integrantes brasileiros. O homem disse que a passagem aérea dele para o país foi paga pela suposta empresa contratante. Ele integrava um grupo de oito brasileiros quando foi ao país. Chegando lá, ele disse que o prometido não foi cumprido, e os grupo era obrigado a aliciar outros brasileiros via internet. A orientação era que a captação de novas vítimas acontecesse de maneira romântica. "Eles davam sete dias. Em três dias você vai conhecer a pessoa, colher o máximo de informações possíveis e criar um vínculo amoroso [...] A partir do quarto até o sétimo dia aí a gente começava a falar sobre investimento [...] A gente continuava a enrolar essas pessoas para tirar o máximo de dinheiro possível". Pelas redes sociais, aliciadores mostravam suposto local onde trabalhadores ficariam Divulgação Passaportes retidos Ele contou que quando chegou ao Camboja, o passaporte dele e dos outros brasileiros foram retidos. Todos passaram a ser vigiados 24 horas por dia, e constantemente precisavam mandar fotos dos pés para provar onde estavam. Para sair, grupo precisava mandar fotos dos pés mostrando onde estavam Divulgação "A gente não tinha a liberdade de ir pro mercado que era do outro lado da rua. Pra gente poder sair, a gente tinha que tirar foto do pé, mandar pra um dos líderes e ver se os líderes estavam disponíveis pra ir com a gente”. Investigação O NETP-PR disse ter sido acionado por vítimas que tinham acesso à internet. O Paraná afirma estar prestando auxílio a todos os integrantes do grupo, mesmo os que não são paranaenses. Segundo a coordenadora do núcleo, Silvia Xavier, a investigação indica que os grupos de brasileiros com destino ao país costumam sair do Brasil por São Paulo. "Eles saem de São Paulo em grupo, geralmente. Quando chegam no Camboja, eles são retirados da fila de migração, vão para uma sala onde têm os seus passaportes carimbados e, a partir dali, eles vão para uma van e vão para o destino onde devem realizar o trabalho deles", explicou Silvia. De acordo com o governo, o fato de o Camboja não ter consulado brasileiro está dificultando o resgate destas pessoas. "Eles estavam oferendo mil dólares para saber onde a gente tava [...] A gente tá muito esperançoso que ainda essa semana a gente consiga retornar ao nosso país", disse o homem que conseguiu fugir. Vídeos mais assistidos do g1 PR: Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.
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