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Unioeste é a universidade com um dos maiores orçamentos do Estado

Secretário da Seti, Aldo Bona, confirma à Gazeta que tem conhecimento sobre designação de funções dentro da instituição e também sobre o número de processos trabalhistas contra a entidade

Por Eliane Alexandrino

Unioeste é a universidade com um dos maiores orçamentos do Estado Créditos: Divulgação

Da Redação / Cascavel

A Gazeta do Paraná traz uma série de reportagens sobre o ensino superior público no Paraná. Entre as universidades que mais se destacam está a Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), que possui cinco campi (Cascavel, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Marechal Cândido Rondon e Toledo).
Na terceira reportagem, a GP entrevistou o secretário da Seti (Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior), Aldo Bona, que confirmou ter conhecimento sobre o número de processos do Sinteoeste (Sindicato dos Trabalhadores da Unioeste), tanto individuais quanto ações coletivas. Atualmente, são 16 ações coletivas e mais de 600 ações individuais contra a universidade. A maioria dos processos está relacionada a desvio de função, insalubridade, licenças especiais, licenças-maternidade, data-base, divisor de horas, auxílio-alimentação, horas extras e abono de permanência, entre outros temas. O secretário também afirmou ter conhecimento sobre a designação de funções dentro da Unioeste.

“O que existe em todas as universidades e não especificamente na Unioeste são cargos ocupados por servidores de carreiras extintas ao vagarem, antigos auxiliares administrativos, cujas funções não existem mais. A universidade tenta fazer com que o servidor possa contribuir com a instituição em atividades que se assemelham àquelas do cargo extinto e às próprias funções. Eu tenho conhecimento das ações, dos deferimentos e indeferimentos. Aqui na Unioeste, sei que algumas foram deferidas. A Unioeste é a universidade que tem o maior número de processos em todo o Paraná. Isso se deve ao fato de que a nova lei dos agentes universitários, aprovada em 2005, previa que as instituições deveriam realizar processo seletivo de promoção interna antes de abrir concurso público”, explica.

Bona também justificou que a Unioeste foi a única universidade entre as instituições públicas de ensino superior que ficou mais tempo sem a realização de concurso público, por conta dos questionamentos do MPPR (Ministério Público do Paraná) e também do Tribunal de Justiça, que considerou inconstitucional a norma na época o que, segundo ele, aumentou o número de vagas em cargos extintos.

“A Unioeste teve inclusive intervenções e questionamentos do próprio MP sobre esse processo seletivo interno de promoção. Foi a única universidade que não conseguiu realizar o processo e, posteriormente, o Tribunal de Justiça considerou, de fato, inconstitucional esse dispositivo da lei que determinava a realização dos processos seletivos de promoção. As demais universidades conseguiram realizar alguns processos antes de a lei ser declarada inconstitucional. Como a Unioeste não conseguiu realizar nenhum, ficou com o maior número de servidores em funções de cargos extintos ao vagarem. Sem dúvida nenhuma, aqui está o maior quantitativo de pessoas nessa situação”, completa.

Funcionários fantasmas

A GP também questionou Bona sobre a denúncia de “funcionários fantasmas” na Unioeste. A 7ª Promotoria de Justiça de Cascavel já investigou a prática desse crime no câmpus de Cascavel. O caso foi denunciado ao MPPR, já que havia servidores recebendo sem trabalhar, como a Gazeta do Paraná mostrou em diversas reportagens. Para o secretário da Seti, Aldo Bona, o esquema ficou no passado.
“Felizmente, isso é coisa do passado. A nova gestão da universidade, que já está em seu segundo mandato, enfrentou algumas realidades que exigiram pulso firme para serem resolvidas. Hoje esse assunto não está mais em pauta, é matéria vencida, ficou no passado”, pontuou.

Unioeste tem um dos maiores orçamentos do Estado

A Unioeste começou no final dos anos 1960 e virou universidade em 1994. Hoje, oferta 65 cursos de graduação, além de nove programas de mestrado, cinco de doutorado, e conta com aproximadamente 1,6 mil alunos.
A GP apurou que o orçamento para 2025 da universidade foi aprovado em R$ 573.634.120,00, sendo deste total R$ 443.203.293,00 destinados a despesas com pessoal; R$ 98.423.768,00 a despesas correntes (custeio); e R$ 32.007.059,00 a despesas de capital (investimentos).

Segundo Bona, a universidade teve uma ampliação expressiva no orçamento em 2025, assim como as demais instituições. Ele pontuou que a Unioeste é uma das que têm o maior orçamento financeiro e que o maior gasto será no segundo semestre. Também lembrou que a Unioeste foi a primeira instituição a atingir o conceito 5 no Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes).

“Não só na folha de pagamento, com os reajustes aos funcionários e docentes concedidos pelo governo, pela alteração nos planos de carreira, mas sobretudo no orçamento de custeio. Também ampliamos o investimento em projetos. A Unioeste é uma das instituições com os maiores índices de execução orçamentária. É natural que a execução orçamentária seja maior no segundo semestre do que no primeiro, pois é no primeiro semestre que a universidade prepara os processos licitatórios e de compra, que se consolidam no segundo semestre. Não tenho dúvida de que a execução orçamentária da universidade corresponderá à expectativa e ao montante de recursos a ela disponibilizados. A Unioeste é destaque nacional, foi a primeira a receber nota 5 no Enade”, conclui.

Novos servidores técnico-administrativos

Na tarde desta quarta-feira (23), a Unioeste recebeu 104 novos servidores técnico-administrativos aprovados em concurso público. Eles irão atuar nas áreas administrativas e de apoio técnico dos cinco campi da universidade.
Bona ressaltou o impacto da nomeação na estrutura das instituições de ensino superior do Paraná.
“Há mais de 20 anos a Unioeste não recebia esse tipo de reforço administrativo via nomeação direta do Governo. Isso mostra a sensibilidade da gestão estadual com a importância das universidades. A Unioeste ganha quase 30% a mais de força de trabalho técnico, o que impacta diretamente no bom funcionamento das atividades acadêmicas e administrativas”, afirmou.


Foto: Divulgação

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