Trump impõe tarifa de 30% à UE e ameaça Rússia com retaliação econômica
Trump anunciou tarifas a União Europeia e ameaçou tarifar a Rússia em 100%, caso Putin não aceite cessar-fogo na guerra da Ucrânia
Por Da Redação

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a movimentar o cenário do comércio internacional ao anunciar novas tarifas de 30% sobre produtos da União Europeia e do México, com vigência prevista a partir de 1º de agosto. Além disso, ameaçou a Rússia com um tarifaço de 100% caso o governo de Vladimir Putin não aceite um cessar-fogo na guerra da Ucrânia dentro de 50 dias. As decisões reforçam a escalada protecionista da Casa Branca, que nos últimos dias também aplicou uma taxa de 50% sobre produtos brasileiros, gerando reações em todo o mundo.
A medida contra a União Europeia foi comunicada por carta enviada à presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen. No documento, Trump alegou que a relação comercial com o bloco europeu tem sido “longe de recíproca” e que os Estados Unidos não podem mais tolerar déficits comerciais prolongados. A tarifa de 30% se aplicará também a produtos reexportados e poderá ser ampliada caso a UE decida retaliar.
“A União Europeia permitirá acesso completo e aberto ao mercado dos Estados Unidos, sem que tarifas sejam cobradas de nós, em uma tentativa de reduzir o grande déficit comercial. Se decidirem aumentar suas tarifas e retaliarem, qualquer que seja o valor, esse aumento será somado aos 30% que cobraremos”, escreveu Trump na notificação.
A presidente da Comissão Europeia reagiu com cautela, mas firmeza. Ursula Von der Leyen afirmou que a imposição de tarifas pode romper cadeias de suprimento transatlânticas cruciais, prejudicando consumidores e empresas de ambos os lados. Segundo ela, a UE seguirá empenhada em alcançar um acordo até o prazo estabelecido por Washington, mas adotará contramedidas proporcionais se necessário.
“A UE tem priorizado consistentemente uma solução negociada com os EUA, refletindo nosso compromisso com o diálogo, a estabilidade e uma parceria transatlântica construtiva. Seguimos prontos para continuar trabalhando em direção a um acordo até 1º de agosto. Ao mesmo tempo, tomaremos todas as medidas necessárias para proteger os interesses da UE”, afirmou Von der Leyen.
O ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, classificou a medida como “absolutamente inaceitável” e reforçou que o bloco europeu precisa estar pronto para reagir com firmeza. “Se nenhuma solução satisfatória puder ser encontrada, a UE permanece pronta para reagir, e isso inclui contramedidas robustas e proporcionais, se necessário”, disse.
A iniciativa de Trump também movimentou governos nacionais dentro do bloco. A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, manifestou apoio às negociações lideradas por Von der Leyen, enquanto o primeiro-ministro holandês classificou as tarifas como “preocupantes” e defendeu uma resposta unificada do bloco. A Comissão Europeia ainda tenta fechar um acordo bilateral com os EUA, com concessões em setores estratégicos como aeronaves, equipamentos médicos e bebidas alcoólicas.
Paralelamente, a tensão geopolítica no leste europeu também entrou na mira tarifária dos Estados Unidos. Durante reunião com o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, Trump anunciou que, se a Rússia não aceitar um cessar-fogo na Ucrânia dentro de 50 dias, aplicará uma tarifa de 100% sobre todos os produtos russos. O pacote, segundo o republicano, será “muito severo” e servirá como ferramenta de pressão econômica para encerrar o conflito iniciado em 2022.
“Estamos muito, muito insatisfeitos com a Rússia, e vamos aplicar tarifas muito severas se não alcançarmos um acordo de cessar-fogo em 50 dias”, afirmou Trump. O presidente americano também confirmou o envio de novos sistemas antimísseis Patriot à Ucrânia, sinalizando uma retomada no apoio militar ao governo de Volodymyr Zelensky após meses de atritos.
A medida tarifária contra Moscou se somaria às sanções econômicas já impostas desde o início da guerra, mas que não impediram o fluxo comercial entre os dois países. Segundo o Escritório do Representante Comercial dos EUA, o intercâmbio com a Rússia em 2024 alcançou US$ 3,5 bilhões, envolvendo itens como fertilizantes, metais e combustível nuclear.
Ao todo, 25 países já foram notificados com tarifas que entram em vigor em 1º de agosto, caso não haja acordo com os EUA. As taxas variam entre 20% e 50%, sendo a mais alta aplicada ao Brasil, e a menor, às Filipinas. A lista inclui desde parceiros estratégicos como Japão, Coreia do Sul e Canadá, até nações com menor volume de intercâmbio, como Mianmar e Moldávia.
As decisões provocaram reações diplomáticas em várias frentes. No Brasil, o governo Lula montou uma força-tarefa para lidar com a medida tarifária. Em reunião no Palácio da Alvorada, o presidente ordenou que as negociações com os EUA sejam conduzidas com “firmeza e sobriedade”, e avisou que a soberania nacional não estará em jogo. O governo brasileiro estuda acionar a Lei da Reciprocidade para retaliar, mas mantém a prioridade na busca por um acordo que limite os danos econômicos.
Trump, por sua vez, segue utilizando o comércio como instrumento de pressão política e diplomática. Argumenta que as tarifas visam proteger os trabalhadores americanos e reequilibrar relações comerciais consideradas desfavoráveis.
