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Tirar 'alta chance de mortalidade', explica médico sobre bariátrica em menina de 11 anos com mutação rara e mais de 200 kg

Por Giuliano Saito


Segundo Paulo Nassif, que realizou a cirurgia, criança se recupera bem do procedimento; equipe avalia possibilidade de alta. Menina tem mutação que impede cérebro de entender saciedade. Médico que fez cirurgia em menina de 11 anos falou sobre necessidade do procedimento Reprodução/RPC O médico responsável pela cirurgia bariátrica em uma menina de 11 anos com mais de 200 quilos explicou que o procedimento foi feito para diminuir o risco de morte da criança, diagnosticada com uma mutação genética rara que impede o cérebro de entender estar saciado após comer. "A decisão pela cirurgia, já que nós não temos um tratamento específico para a parte genética, foi justamente para que a gente tirasse essa alta chance de mortalidade que ela se encontrava", ressaltou Paulo Nassif, especialista em cirurgia bariátrica e metabólica, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (15). O que causa, riscos e diagnóstico: entenda a mutação genética O procedimento foi autorizado e determinado pela Justiça. Isso porque, no Brasil, o Ministério da Saúde permite a realização de cirurgia bariátrica apenas para pessoas a partir dos 16 anos. Ainda de acordo com o médico, a menina está bem e apresenta excelente recuperação. "Ela está muito bem, tendo uma evolução até melhor do que nós esperávamos, tanto no sentido emocional quanto no sentido da própria evolução da técnica operatória. Ela já está com alimentação, aceitando bem [...] consegue se locomover já com uma certa facilidade. Está muito feliz", frisou o especialista. Com mutação rara, menina de 11 anos chega aos 200 kg e consegue na Justiça direito à bariátrica Foto cedida/Arquivo Pessoal Nassif disse também que a criança não apresentou nenhuma complicação até o momento, mas que o acompanhamento mais intenso do pós-operatório dura um mês. LEIA TAMBÉM: Cirurgia bariátrica: quando é a hora de fazer? Diagnóstico de doenças raras podem levar de 5 a 7 anos no Brasil, diz especialista Curitibana com tumor de cerca de 35 kg usa redes sociais para conscientizar sobre doença rara O procedimento foi realizado no último dia 8 de dezembro, no Hospital do Rocio, em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba. Sobre data para alta, o médico afirmou que a paciente tem condição para a liberação, mas é preciso uma avaliação da equipe sobre o retorno para casa. "A nossa dúvida se damos alta ou esperamos um pouco é como estão as condições para ela chegar em casa, se está tudo estruturado, porque ela não pode ficar sozinha. Aqui a gente tem vigilância total", ressaltou. Internamento de 40 dias Antes da cirurgia, a criança passou 40 dias internada na instituição para um processo de pós-operatório. Ela foi acompanhada diariamente por uma equipe multidisciplinar envolvendo médicos, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas e enfermeiros. Durante o período, a menina perdeu 20 quilos. O processo, de acordo com o médico intensivista Ricardo Risson, foi fundamental para dar condições dela ser operada. Segundo ele, o trabalho dos profissionais foi e permanece intenso junto à paciente. "As complicações são inerentes às condições que ela tem. Mas nós tomamos várias medidas para minimizar as chances dessas complicações. Temos os 30 primeiros dias para acompanhar, os riscos existem, mas acreditamos que a pior fase já passou", frisou Ricardo. Intensivista falou sobre acompanhamento à criança após cirurgia bariátrica Reprodução/RPC Conquista na Justiça Junto ao Conselho Tutelar e Assistência Social de Irati, a família conseguiu ingressar com uma ação na Justiça solicitando a realização da cirurgia. A decisão que determinou o procedimento saiu em setembro deste ano. Conforme um anexo do processo, assinado por uma endocrinologista, o procedimento era "urgente e necessário" diante das complicações em decorrência da mutação. Além da ordem para realização da cirurgia, a Justiça determinou que o estado seja responsável pelos custos do prestador. Por nota, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) afirmou ter acatado a decisão e que irá cumprir com a ordem judicial que optou pela realização do procedimento. Disse ainda que fará o pagamento dos custos do prestador do serviço "tão logo a unidade instrua um protocolo administrativo com a documentação necessária, incluindo os documentos que comprovem a realização do procedimento e os custos hospitalares". Ainda na Justiça, a família briga para conseguir um medicamento à base de cannabis que pode ajudar no tratamento da menina. O remédio não está disponível no Brasil e precisa ser importado dos Estados Unidos. VÍDEOS: Mais assistidos do g1 PR Veja mais notícias da região em g1 Campos Gerais e Sul.