GCAST

Tarifa de Trump contra Brasil gera reação política intensa

Governadores ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro responsabilizaram diretamente a política externa do governo Lula pelo revés

Por Da Redação

Tarifa de Trump contra Brasil gera reação política intensa Créditos: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O anúncio do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros provocou uma onda de reações no cenário político nacional. O impacto imediato nas relações diplomáticas foi acompanhado de forte repercussão interna, com acusações cruzadas entre apoiadores de Lula e da oposição.

Governadores ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro responsabilizaram diretamente a política externa do governo Lula pelo revés. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que "Lula colocou sua ideologia acima da economia" e pediu a instalação de uma mesa de negociação, deixando de lado “revanchismo e narrativas”. Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, afirmou que o “preço será pago por empresas e trabalhadores”, criticando o que chamou de provocações do governo federal.

Ronaldo Caiado (União), de Goiás, fez duras críticas à postura de Lula, comparando-a à do venezuelano Hugo Chávez. Ele sugeriu a criação de uma comissão parlamentar para abrir diálogo direto com os EUA e disse que “Lula não representa o sentimento patriótico do nosso povo”. Já Eduardo Leite (PSD), do Rio Grande do Sul, condenou a tentativa de interferência externa nas instituições brasileiras, mas também criticou a radicalização política, afirmando que ela “fere os interesses do país”.

Na outra ponta, governadores e ministros próximos a Lula rebateram com veemência. Jerônimo Rodrigues (PT), da Bahia, declarou que “o Brasil não é quintal de ninguém” e que a medida de Trump é uma “chantagem” contra a soberania nacional. Para ele, o governo federal está do lado do povo e da democracia.

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, responsabilizou a família Bolsonaro e Tarcísio pelo tarifaço. Segundo ela, trata-se de “o maior ataque já feito ao Brasil em tempos de paz”, com motivações políticas para enfraquecer Lula. Ela afirmou que é um “movimento golpista com apoio externo”, classificando de “traidores” aqueles que aplaudem a medida.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também viu motivações políticas e não econômicas na decisão americana. “Não há racionalidade econômica”, disse ele, apontando que os EUA mantêm histórico de déficits comerciais favoráveis com o Brasil. Haddad também criticou Eduardo Bolsonaro, que, segundo ele, admitiu o envolvimento da família na crise. “Foi um tiro no pé”, declarou.

Nos bastidores, mesmo entre aliados da direita, houve incômodo. Eduardo Bolsonaro publicou um vídeo em que assumiu responsabilidade pela tarifa e atacou o STF, o que, segundo interlocutores, pode agravar sua situação jurídica e política. Um aliado da família avaliou: “Isso vai ampliar a pressão para que o nome da direita não venha da família. É gás para o nome de Tarcísio”.

A repercussão internacional também veio. O economista norte-americano e vencedor do Nobel da Economia, Paul Krugman, chamou o ato de Trump de “maligno e megalomaníaco”, dizendo que o ex-presidente usa a política tarifária para interferir politicamente em outros países. “Trump realmente imagina que pode intimidar uma nação enorme a abandonar a democracia?”, questionou, classificando a atitude como motivo suficiente para um impeachment.

A crise escancarou o quanto a polarização interna brasileira tem repercussões globais.

 

Acesse nosso canal no WhatsApp