Sistema de caça de renas de 1.500 anos é revelado na Noruega
Após derretimento de gelo, sistema de captura de renas de 1.500 anos foi revelado no planalto montanhoso de Aurlandsfjellet, na Noruega
Créditos: Thomas Bruen Olsen
Um grupo de arqueólogos atuando no planalto montanhoso de Aurlandsfjellet, localizado no Condado de Vestland, na Noruega, fez uma descoberta impressionante: um sistema de armadilhas para renas, datado em 1.500 anos, que foi revelado pelo derretimento do gelo. A pesquisa é conduzida pelo Conselho do Condado de Vestland em colaboração com o Museu Universitário de Bergen e é considerada uma das descobertas arqueológicas mais significativas da Noruega em 2025.
O local da descoberta abriga centenas de toras de madeira meticulosamente talhadas, que formavam uma instalação elaborada para a caça em massa. A parte mais bem preservada apresenta duas cercas convergentes feitas de madeira, levando a um grande recinto construído com madeira pesada, onde as renas eram agrupadas e abatidas. Este é o primeiro grande sistema de armadilhas de madeira a ser encontrado derretendo do gelo na Noruega e possivelmente em toda a Europa.
Nas proximidades, os arqueólogos também descobriram um depósito contendo centenas de chifres de rena, muitos dos quais apresentam marcas profundas de cortes, evidenciando como os animais eram processados após a captura. A descoberta reforça a certeza de que este era um local dedicado à caça em larga escala. Estima-se que a instalação remonta ao meio do século 6 d.C., quando as condições climáticas mais frias levaram ao seu sepultamento sob o gelo, preservando-a por séculos.
A excepcional conservação do sítio vai além do sistema de caça. A equipe recuperou diversas pontas de lanças em ferro, fragmentos de arcos e flechas, além de ferramentas de madeira finamente esculpidas, cujas funções ainda estão sendo investigadas, informam em comunicado.
Entre as descobertas mais intrigantes estão vários remos com ornamentação delicada — objetos cujo propósito permanece enigmático e cuja presença em um local elevado de caça levanta novas questões sobre práticas rituais ou simbólicas. Um alfinete de roupa cuidadosamente elaborado a partir de chifre, provavelmente perdido por um caçador, também foi encontrado entre os artefatos.
Descoberta surpreendente
A história dessa descoberta teve início quando o caminhante local Helge Titland, que já documentava locais antigos de caça na região, encontrou pedaços de madeira esculpidos emergindo do gelo derretido. Seu relato levou os arqueólogos a incluírem a localização na lista de áreas congeladas a serem investigadas. No retorno da equipe com Titland no ano seguinte, uma parte ainda maior da estrutura havia se revelado, mostrando a magnitude da instalação.
De acordo com os pesquisadores, a notável preservação do local deve-se ao fato dele ter se tornado inativo exatamente no início de uma fase climática mais fria. A constante acumulação de neve selou a estrutura sob o gelo antes que o processo de degradação pudesse começar.
Por mais de um milênio, madeiras, chifres e metais foram protegidos contra destruição nesse ambiente frio e ligeiramente úmido. Agora, somente com o aquecimento climático moderno esses restos voltaram à superfície.
Todos os materiais recuperados estão agora armazenados no departamento de conservação do Museu Universitário em Bergen, onde especialistas estabilizam cuidadosamente as peças frágeis. Os elementos em madeira devem secar lentamente, enquanto os objetos metálicos passam por tratamento anticorrosão. A área montanhosa foi oficialmente protegida pela Lei do Patrimônio Cultural da
Com o contínuo derretimento do gelo, os pesquisadores alertam que muitos artefatos antigos correm o risco de deterioração rápida ou perda irreparável. Eles esperam que esta descoberta — que oferece uma visão rara sobre a tecnologia da caça na Idade do Ferro e as mudanças ambientais — faça parte de uma exposição museológica destinada a preservar a história dos caçadores de renas do Aurlandsfjellet para as gerações futuras.
Créditos: Aventuras na História
