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Servidora é presa em flagrante por racismo contra advogada, em Curitiba

Por Giuliano Saito


Advogada afirma que funcionária se negou a atendê-la por conta da cor da pele. Servidora foi levada para a Polícia Federal. Defesa diz que a servidora nega as acusações. Advogada diz que foi vítima de racismo em repartição pública Uma servidora pública foi presa em flagrante por racismo em uma unidade do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) nesta quarta-feira (16), em Curitiba. A advogada Mariana Lopes afirma que foi vítima de racismo quando, segundo ela, a funcionária pública se negou a atendê-la por causa da cor da pele. As ofensas, de acordo com a vítima, foram dentro da repartição pública. À RPC, ela contou que está cuidando do processo administrativo de uma cliente e que precisava reagendar uma perícia. Ela afirma que a funcionária do setor do INSS , que atende servidores públicos que tenham problemas de saúde e precisam se afastar das funções, não quis atende-la. "Me questionou se eu era advogada. Eu falei: 'Por que você está me questionando se eu sou advogada?' Ela falou: 'Porque você é preta'. Aí eu peguei a minha carteira da OAB e eu mostrei para ela", disse Mariana Lopes. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram De acordo com a advogada, a servidora que não reagendaria a perícia e que daria a ela outros endereços para ela se dirigir. Então, Mariana afirmou ter pedido à servidora uma certidão que formalizasse o motivo da perícia não ter podido ser reagendada. Segundo a advogada, a funcionária repetiu: "Eu não vou te dar porque você é preta". Advogada acionou a OAB e a servidora foi presa em flagrante RPC Curitiba A vítima afirma que, em seguida, acionou a comissão da OAB responsável por atender este tipo de ocorrência. Os integrantes da comissão deram voz de prisão à servidora pública, e a Polícia Militar foi chamada. De acordo com os representantes da OAB que acompanharam a prisão, a servidora evitou se dirigir e a olhar para a vítima, deixando claro o preconceito com pessoas negras. Após ser presa em flagrante, a servidora foi levada até a sede da Polícia Federal. Antes de ser levada para prestar depoimento, a reportagem tentou conversar com a servidora, mas ela preferiu não falar. A RPC apurou que a funcionária é servidora da Previdência Social há quinze anos. Durante a tarde desta quarta, a suspeita, a vítima e uma testemunha foram ouvidas. O delegado responsável pelo caso não quis gravar entrevistas. A PF informou apenas que o delegado fixou uma fiança mediante a qual a servidora pode responder o processo em liberdade. O valor não foi divulgado. O procurador federal Marcelo Alberto Gorski Borges atua na defesa da servidora e do INSS. Ele afirmou que a funcionária foi enquadrada pelo crime de injúria racial. De acordo com o procurador, a servidora nega "veementemente" a prática de qualquer ato de racismo e/ou de injúria racial. Ele afirmou que o INSS não compactua com qualquer ato de discriminação e que será instaurada uma sindicância investigativa. Segundo o procurador, a testemunha - uma estagiária - não será mais subordinada à suspeita ou ao setor onde a servidora atua. O procurador disse ainda que não há provas concretas do crime. A advogada Mariana Lopes disse que vai tentar reverter a decisão. "Não podemos mais aceitar. Isso não é injúria racial, isso é racismo. Eu não posso ser advogada porque eu sou preta. Foi isso que ela quis dizer, foi isso que ela disse. Essa é a frase dela." Leia também: Jovem é presa por suspeita de injúria racial, em Curitiba; 'Chega de racistas, chega de racismo', diz vítima Mulher é presa no Paraná por cometer injúria racial contra policial: 'Não vou conversar com você, preto', cita relatório Os vídeos mais assistidos do g1 PR: Mais notícias do estado em g1 Paraná.