Ponto 14

Secretário de segurança diz que PM vai reforçar policiamento em colégios estaduais do Paraná

Por Giuliano Saito


Segundo Hudson Teixeira, PM usará militares que estão se formando para reforço do policiamento. Dois estudantes de Cambé morreram após assassino entrar em escola e fazer disparos. Secretário de Segurança Pública do Paraná, Hudson Teixeira RPC O secretário de Segurança Pública do Paraná, coronel Hudson Teixeira, disse que a Polícia Militar do Paraná (PM-PR) vai reforçar a segurança de colégios estaduais com novos policiais militares que estão se formando. Cerca de três mil militares concluem a graduação em setembro deste ano. A declaração foi feita em entrevista ao vivo para o Bom Dia Paraná, da RPC, nesta terça-feira (20). Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram “Ontem já foi estabelecido um novo reforço de policiamento. Temos quase três mil policiais militares se formando agora em setembro, eles estão sendo aplicados na frente das escolas, como eu falei, pra dar mais tranquilidade aos pais. Obviamente não temos condições de estar à frente de todos os colégios, mas estamos atentos a isso.” A decisão foi tomada após um assassino, de 21 anos, entrar no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, e fazer disparos de arma de fogo contra a comunidade escolar. Dois jovens morreram. O autor está preso. Leia mais abaixo. 'Senti que tinha que fazer alguma coisa', diz homem que conteve assassino Estudante morta em colégio é velada nesta terça (20) Secretário de Segurança do Paraná fala ao vivo no Bom Dia Hudson não informou quais colégios do estado terão reforço do policiamento, nem quantos policiais serão direcionados para a atividade. Segundo o secretário, o objetivo é coibir qualquer ocorrência como a registrada em Cambé, e também, “dar uma maior sensação de segurança às pessoas que estão preocupadas naquela região e em todo o estado”. O secretário também afirmou que protocolos serão adaptados após o crime, mas não detalhou o que será mudado, especificamente. Colégio atacado seguiu protocolo recém-criado no PR O secretário destacou que o colégio em que o assassino cometeu o crime foi um dos dois mil colégios estaduais que passou por treinamento elaborado pelo Batalhão da Patrulha Escolar e Batalhão de Operações Especiais. O treinamento integra um protocolo implantado após o atentando a uma creche em Blumenau (SC), que deixou quatro crianças mortas e cinco feridas. De acordo com Hudson, o treinamento ensina a comunidade escolar sobre como proceder na presença de “atirador ativo”, como a polícia nomeia a ocorrência. Segundo o secretário, o colégio agiu conforme o protocolo. “Essa escola em específico havia passado sim [pelo treinamento]. E também temos à disposição da rede privada esse treinamento, no Ensino à Distância (EaD). Então está à disposição. Obviamente, vamos reforçar novamente isso.” Na segunda-feira (19), Hudson tinha informado que a Polícia Militar chegou ao local três minutos depois de ser acionada por meio de um botão do pânico. Os equipamentos foram instalados em abril deste ano pelo Governo do Paraná, como forma de prevenção a casos de violência. Namorados morreram Karoline Verri Alves e Luan Augusto Arquivo pessoal Dois adolescentes morreram no ataque ao colégio estadual, em Cambé. As vítimas são Karoline Verri Alves, de 17 anos, que morreu dentro do colégio logo após o assassino invadir o local e fazer os disparos. Ela foi atingida com um tiro na cabeça, segundo o Serviço de Atendimento Móvel (Samu). O namorado dela, Luan Augusto, de 16 anos, também foi atingido na cabeça. Ele foi socorrido, encaminhado para atendimento no Hospital Universitário de Londrina (HU), mas não resistiu aos ferimentos e morreu na madrugada desta terça-feira (20). Os órgãos de adolescente serão doados, segundo a família. Família: 'O sonho dele era ser perito', diz pai de aluno morto 'Não merecia o que aconteceu', diz pai de estudante morta Assassino disse que não conhecia vítimas, segundo secretário Secretário de Segurança Pública do Paraná, Hudson Teixeira fala sobre assassino em colégio do Paraná Reprodução/RPC Na segunda-feira (19), o secretário Hudson Teixeira disse que o assassino não conhecia as vítimas. Ele, que é ex-aluno da instituição, é investigado por homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo. Segundo o delegado-chefe da 10ª Subdivisão Policial, Amarantino Ribeiro, o assassino fez pelo menos 16 disparos dentro do colégio. A Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) informou que, além da arma, apreendeu com o assassino um caderno com anotações sobre ataques em escolas, incluindo o ataque em Suzano, em São Paulo. A secretaria ainda informou que, em contato com a família do assassino, foi informada de que ele é esquizofrênico e que faz tratamento para a doença. O que se sabe: Assassino diz que não conhecia vítimas baleadas Polícia chegou ao colégio minutos após Botão do Pânico ser acionado Assassino disparou ao menos 16 vezes Suspeito de participação no crime Carro do IML em escola no Paraná Kathulin Tanan/RPC Ainda na segunda-feira, após a tragédia, um homem de 21 anos foi preso. Ele é suspeito de ter participação no crime. Aulas suspensas Em Cambé, as aulas na rede municipal e estadual estão suspensas por tempo indeterminado. Alunos relatam terror 'Apontou a arma pra mim e para mais cinco amigas e deu um tiro', relata estudante Uma adolescente que sobreviveu aos disparos no colégio disse que ela e um grupo de alunos foram ameaçados pelo assassino enquanto estavam escondidos dentro da sala dos professores. Assista acima. "Ele falou assim: se não abrir essa porta, vai todo mundo morrer aqui dentro. E a gente tava trancado na sala dos professores. A gente tentou sair correndo, mas aí nisso ele apontou a arma pra mim e pra mais cinco amigas minhas e deu um tiro. Só que a gente conseguiu sair", disse uma estudante em entrevista à RPC. Outra aluna conta que estava no refeitório com as amigas quando ouviu disparos. "Na hora a gente estava sentado no refeitório, eu e umas amigas. Na hora escutamos três tiros, tipo bombinha. Quando viramos, tinha um menino na fresta do portão. Aí a gente falou, não vamos fazer barulho e correr. Na hora que a gente viu, ele já tinha passado, por outro lado. Só via as faíscas do revolver saírem", relatou. Relatos de sobreviventes: 'A gente não sabia onde estava o assassino', diz professora 'Só via as faíscas do revólver saírem', diz aluna Adolescente relata ameaças: 'Vai todo mundo morrer' Violência nas escolas Criança morre após escola ser invadida no Paraná Kathulin Tanan/ RPC No Brasil, houve 31 ataques com violência extrema a escolas em pouco mais de 20 anos (entre janeiro de 2002 e maio de 2023), segundo estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Nesse período, 36 pessoas morreram, sendo: 25 estudantes (15 meninas e 10 meninos); quatro professoras; uma coordenadora; uma inspetora; cinco atiradores (suicídio). O balanço ainda não inclui o caso desta segunda-feira, em Cambé. Repercussão O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), decretou luto de três dias no estado e lamentou o caso. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também lamentou o ataque. "É urgente construirmos juntos um caminho para a paz nas escolas. Meus sentimentos e preces para a família e comunidade escolar." O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que o Brasil vive "a apologia à violência na palma das mãos dos jovens". A Prefeitura de Cambé divulgou uma nota oficial na qual manifestou solidariedade e se colocando à disposição dos pais dos alunos. "Neste momento de imensa dor, nossos corações estão com as famílias das vítimas, que estão enfrentando uma perda irreparável. Oferecemos nosso mais sincero apoio e solidariedade, colocando à disposição todos os recursos e suporte necessários para auxiliá-las neste momento tão difícil." Disparo em escola deixa uma aluna morta e outro ferido Arte/g1 Initial plugin text Tragédia em Colégio do Paraná: Mais notícias da região em g1 Norte e Noroeste.