Promotores reforçam motivação política e defendem júri popular a acusado de matar tesoureiro do PT, em Foz do Iguaçu
Por Giuliano Saito
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MP diz em alegações finais que prisão de Jorge Guaranho deve ser mantida. g1 tenta contato com defesa de Guaranho que também deverá apresentar alegações finais. . O petista Marcelo Arruda (esq.) foi morto por Jorge Guaranho (dir.), apoiador de Bolsonaro Reprodução "Ainda na parte externa, Jorge José da Rocha, dolosamente e imbuído da mesma fútil motivação, dizendo ‘petista vai morrer tudo’, detonou dois disparos contra a vítima, atingindo-a no abdômen e na coxa direita, o que a fez cair", diz outro trecho. As alegações finais do Ministério Público do Paraná (MP-PR) apresentadas na quarta-feira (19) sobre o assassinato de tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, reforçam que o crime foi por motivação política e defendem que o acusado vá a júri popular. O crime foi em 9 de julho. Marcelo Arruda foi baleado na própria festa de aniversário, que tinha como tema o PT e o ex-presidente Lula. Ao ser atingido pelo bolsonarista Jorge Guaranho, o petista revidou e baleou o policial. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Arruda chegou a ser levado ao Hospital Municipal, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na madrugada do dia 10. Guaranho, acusado por homicídio duplamente qualificado, está preso desde agosto. Relembre o caso mais abaixo. O g1 tenta contato com a defesa de Guaranho. O que diz MP Ao pedir que Guaranho fique preso, o MP cita nas alegações finais tópicos da decisão do Tribunal de Justiça do Paraná que manteve o réu preso. Entre eles, "proximidade das eleições", "evidências de materialidade e nos indícios de autoria, visando a garantia da ordem pública", além da "gravidade em concreto da conduta do paciente, caracterizadora da sua periculosidade social". No documento o MP reforça que "a discussão sobre política já foi reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça como caracterizadora da futilidade do homicídio". O MP menciona em outro trecho que não há dúvida quanto a autoria do crime por Guaranho, uma vez que ela não foi negada pela defesa dele e está "fartamente demonstrada pelos vídeos" e pelo testemunho de Pâmela, mulher de Marcelo, que presenciou o crime. Com as alegações do MP apresentadas, agora será aberto período para que a defesa de Arruda e Guaranho apresentem as alegações finais. Após este período, a Justiça decidirá se o réu vai ou não a júri popular. Qualificadoras do crime Conforme o MP, com os laudos apresentados, são apenas reforçadas as qualificadoras de perigo comum e motivo fútil. Nas alegações os promotores citam que Arruda, após ser atingido por disparos de Guaranho, atirou contra o réu em legítima defesa e de todos os que estavam na festa, configurando, desta forma, o perigo comum que Guaranho. "Atirava em legítima defesa própria, de sua esposa e da dezena de convidados que ainda remanesciam na festa, os quais tiveram suas vidas expostas à situação de perigo comum produzida deliberadamente pelo tiroteio iniciado pelo denunciado", diz trecho. O texto menciona ainda que a qualificadora por perigo comum é reforçada pelas imagens que "não deixam margem de dúvida à sua ocorrência, assim como à presença de diversas pessoas (inclusive crianças e um bebê de quarenta dias) que remanesciam na festa, quatro das quais presentes no salão no momento dos disparos", diz trecho. Quanto à motivação fútil, o MP sustenta que dois momentos caracterizam tal qualificadora. O primeiro é quando Guaranho chega à festa e discute com Arruda. Ao sair, faz ameaças de que irá retornar ao local. "O denunciado, então, deixou o local, mas não sem antes prometer que lá retornaria e acabaria com todos, não obstante à fútil motivação da querela (preferências político-partidárias antagônicas)", diz documento. O segundo momento em que se configura a qualificadora, segundo o MP, é que ao retornar ao local da festa de Arruda, antes de atirar contra a vítima, o réu menciona "petista vai morrer tudo". "Ainda na parte externa, Jorge José da Rocha, dolosamente e imbuído da mesma fútil motivação, dizendo ‘petista vai morrer tudo’, detonou dois disparos contra a vítima, atingindo-a no abdôme e na coxa direita, o que a fez cair", diz outro trecho. Relembre o caso O infográfico abaixo mostra a ordem dos acontecimentos no dia do crime, segundo a Polícia Civil: Entenda ordem dos acontecimentos no dia do assassinato do petista baleado em festa de aniversário, segundo a polícia Arte/g1 O que se sabe sobre o assassinato de petista por apoiador de Bolsonaro no PR VÍDEOS: Mais assistidos g1 PR Veja mais notícias da região em g1 Oeste e Sudoeste.
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