Ponto 14

Prolongamento da Avenida Herval divide opiniões; Sindicato se pronuncia

Projeto busca melhorar mobilidade, mas impactos sociais e acadêmicos geram debate na comunidade

Por Gabriel Porta Martins

Prolongamento da Avenida Herval divide opiniões; Sindicato se pronuncia Créditos: Divulgação CMC Maringá

Maringá - Em pronunciamento durante a 1ª Plenária de 2025 do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem), o prefeito Silvio Barros anunciou que a Universidade Estadual de Maringá (UEM) autorizou a construção de uma avenida que cortará o campus universitário, como parte do prolongamento da Avenida Herval. O projeto, no entanto, enfrenta um desafio significativo: a necessidade de apoio dos moradores da Vila Esperança, já que a obra pode exigir a demolição de uma faixa de casas no bairro. Barros pediu o engajamento da sociedade civil organizada, representada pelo Codem, para mediar a discussão. "A reitoria da UEM já autorizou a transposição da universidade no prolongamento da Avenida Herval, com o traçado definido dentro do campus. Agora, o desafio está no trecho que segue após a UEM, na Vila Esperança. As ruas do bairro são estreitas e não comportam uma avenida de grande porte. Precisamos encontrar uma solução que cause o menor impacto possível, mas é inevitável que haja consequências significativas", explicou o prefeito.
Barros destacou que as opções em discussão incluem a utilização de duas ruas paralelas para o tráfego de mão única ou a demolição de uma faixa de casas para a construção da avenida em duas vias. Ele enfatizou, no entanto, que a decisão final não será tomada de forma unilateral. "Não vou decidir sozinho. Quero que essa seja uma decisão conjunta, discutida com a comunidade. A demolição de casas é uma possibilidade, mas vamos debater todas as alternativas", afirmou.

Nota do Sesduem
A nota divulgada pelo Sindicato dos Docentes da UEM (Sesduem) questiona a legitimidade do anúncio feito pelo prefeito. Segundo o sindicato, a afirmação de que a reitoria autorizou a obra representa uma "grave interferência na autonomia e na democracia universitária". O Sesduem lembra que o debate sobre o projeto foi interrompido há mais de uma década, sem a devida discussão no Conselho Universitário (COU), órgão máximo de deliberação da universidade. "A menção a uma suposta autorização do reitor gera desconfiança na comunidade acadêmica. É essencial que a UEM se manifeste publicamente em defesa da autonomia universitária e dos princípios democráticos que devem nortear qualquer decisão dentro da instituição", destacou o sindicato.
Além disso, o Sesduem retomou críticas levantadas em 2013, quando o projeto foi inicialmente proposto. Entre as principais preocupações estão a interferência em áreas acadêmicas, a inviabilidade de manter a estação climatológica da UEM — que opera desde 1978 com uma série histórica de dados — e o risco de especulação imobiliária, que pode afetar tanto a Vila Esperança quanto áreas do entorno da universidade.

Impactos sociais e urbanos
O prolongamento da Avenida Herval é visto como uma obra estratégica para o desenvolvimento urbano de Maringá, mas os impactos sociais e ambientais geram controvérsias. A possível demolição de casas na Vila Esperança preocupa moradores, que temem o deslocamento de famílias e a perda de suas raízes comunitárias. Por outro lado, o poder público argumenta que a obra é necessária para melhorar a mobilidade urbana e conectar regiões da cidade.
Enquanto o prefeito busca o diálogo com a comunidade, a UEM enfrenta pressão para se posicionar de forma clara sobre o projeto. A reitoria ainda não se manifestou oficialmente sobre o assunto, mas a expectativa é que a universidade defenda sua autonomia e promova um debate amplo e democrático sobre os rumos da obra.