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Vítima fez palestra sobre respeito na escola e, segundo depoimentos, foi alvo do crime ao sair da sala. Secretaria de Educação lamentou e disse que a servidora está afastada. Defesa diz que acusação não procede e será demonstrado no decorrer do processo. Professora é indiciada por suspeita de racismo contra soldado da PM em sala de aula no Paraná Reprodução Em um depoimento à Polícia Civil, a professora indiciada por injúria contra a soldado da Polícia Militar Luci Ferreira negou o crime. A docente atua no Colégio Estadual Leocádia Braga Ramos, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), e, segundo depoimentos, ela chamou a agente policial de "macacona". O caso aconteceu dentro de uma sala de aula, após a soldado dar uma palestra sobre respeito aos alunos, no dia 31 de maio. Luci contou que soube do crime no dia seguinte por relatos dos estudantes. O g1 teve acesso ao conteúdo do depoimento, prestado à polícia no início do mês de julho. Ao ser questionada se fez sinal de "vômito" logo após a soldado sair da sala, a professora admite que fez alguns gestos "a intenção de amenizar a situação". Ela disse ainda que imitou a forma como a soldado andava. De acordo com a professora, ao entrar na sala, Luci chamou atenção de uma aluna, questionou o trabalho da docente e andou pelo local passando uma impressão de quem estava "oprimindo". Conforme a professora, assim que a policial saiu da sala, ficou um "clima tenso" em que "os alunos nem se mexiam de medo". Isso a deixou "constrangida, coagida e com medo". A docente foi questionada também se chamou a soldado de "macacona" ou "gorilona", como afirmado por algumas testemunhas. "Nunca. O que eu falei quando eu imitei ela andando foi que parece até aquela mulher gorila do circo, que é uma mulher novinha, bonitinha, de biquíni e, de repente, naquele jogo de espelhos, se transforma num monstro ali, numa gorilona e começa a assustar os telespectadores, mas nunca com tom de ser racista, de ser pejorativo", afirmou a professora. No depoimento, a mulher afirmou também que a mãe é negra, já sofreu racismo e, por conta disso, "jamais iria reproduzir a situação". A professora foi indiciada pelo crime de injúria em razão de raça, cor ou etnia. Conforme a Polícia Civil, ela irá responder em liberdade e, caso seja condenada, pode pegar de 2 a 5 anos de reclusão e multa. A defesa da docente afirmou que a acusação não procede e que isto será demonstrado no decorrer do processo. Câmera de segurança registrou interação Câmeras de segurança registraram a interação da professora com os estudantes. Nas imagens é possível ver que, após a soldado sair da sala, a professora se levanta e caminha em direção aos estudantes gesticulando. Alguns deles denunciaram a professora informando que ela imitou um gorila. Veja no vídeo abaixo. Professora é investigada por suspeita de racismo contra soldado PM dentro de sala de aula Além disso, os alunos contaram à vítima que a professora colocou o dedo na garganta, simulando nojo. "É uma professora, é uma formadora de opinião, é uma pessoa que tem relevância na sociedade. Como assim ela vai ensinar? Vai propagar, perpetuar, um crime horroroso desse? É chocante", afirmou a soldado. LEIA MAIS: Em 10 meses, Paraná registrou 7 vezes mais casos de injúria racial do que racismo; crimes foram equiparados Vítima deu palestra sobre respeito PM registra queixa contra professora por racismo dentro de sala de aula A soldado contou que foi convidada pela diretora da escola para conversar com as crianças e adolescentes sobre respeito. "Eu fui nas oito primeiras salas, sempre falando a mesma coisa. Eu sempre bato na tecla nessas palestras sobre respeito. O respeito entre menina, menino, com os funcionários, com a direção. Respeitar o professor dentro da sala de aula, o aluno que é gay, negro, qualquer outra coisa. Todo mundo tem quer ser respeitado", disse. Luci também é permissionária no colégio, ou seja, mora e cuida do local. Segundo ela, isso faz parte de um convênio entre a Polícia Militar e a Secretaria de Educação. Ela contou ao g1 que a situação a deixou emocionalmente abalada. "Não acredito que uma professora fez isso. Eu tinha acabado de sair de lá, falei exatamente o contrário que ela está fazendo. E aí eu vim para dentro da minha casa e comecei a chorar", relatou. LEIA TAMBÉM: Cães recebem agasalhos e cobertas para se proteger do frio no Paraná; especialista dá dicas para identificar se animal está com frio Jovem de Curitiba passa 48 horas pensando estar grávida após receber resultado errado de exame para colocar DIU: 'Repensei minha vida inteira' Idoso improvisa mesa em árvore e há 15 anos deixa café no quintal para coletores de lixo: 'Eu sei que é sofrido' O que diz a Seed Em nota, a Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED-PR) lamentou o caso e informou que a servidora está afastada e que uma sindicância será aberta para apurar a situação. "Caso comprovado o ato racista, a professora autora do fato responderá processo administrativo disciplinar correndo risco, inclusive, de destituição do cargo", diz a nota. Initial plugin text VÍDEOS: Mais assistidos do g1 Paraná Leia mas notícias no g1 Paraná.
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