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PRF diz que não teve como parar caminhão que causou 18 acidentes sequenciais na BR-277 e em Curitiba: 'Esforço não foi suficiente'

Por Giuliano Saito


Porta-voz da PRF afirmou que duas viaturas foram utilizadas nas buscas pelo caminhão, e que caso será tema de estudo. Três pessoas ficaram feridas. Na capital, batidas começaram por volta de 8h de sábado Reprodução O porta-voz da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Fabiano Moreno, afirmou nesta segunda-feira (16) que a corporação não teve como parar o caminhão que causou pelo menos 12 acidentes sequenciais em Curitiba e seis na BR-277. O veículo entrou na cidade depois de percorrer um trajeto de 140 quilômetros, entre Ponta Grossa, nos Campos Gerais, e a capital. Veja abaixo a dinâmica das buscas pelo caminhão. Em entrevista à RPC, Moreno reforçou que equipes chegaram a procurar o caminhão e que a “Polícia Rodoviária Federal fez o que estava ao alcance no momento”. Afirmou, ainda, que o caso tem que ser tema de um estudo. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Os acidentes aconteceram no sábado (14), no início da manhã, em diversos pontos da cidade. Três pessoas ficaram feridas, segundo a PRF. Depois de cruzar a capital causando batidas, o caminhão parou na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), após apresentar falha mecânica. Segundo o porta-voz, duas viaturas fizeram buscas pelo caminhão na rodovia antes dele entrar na capital. “Não teve como esse caminhão ser parado antes dele entrar na capital, isso é fato. Assim como também não teve como ele ser parado dentro da capital”. O policial afirmou que, ao que tudo indica, quando o caminhão passou pelo posto da PRF em Ponta Grossa, ainda não havia indícios de que ele estava em surto. À polícia, o motorista Nilson Pedro dos Santos, 35 anos, admitiu que ingeriu droga e bebeu antes de dirigir. Ele também pediu perdão às famílias vítimas dos acidentes. Leia mais abaixo. Dinâmica das buscas da PRF pelo caminhão Caminhão cruza Curitiba batendo sequencialmente em vários veículos Segundo o porta-voz, a polícia foi acionada pouco antes do caminhão passar pelo posto da Polícia Rodoviária Federal de São Luís do Purunã. Moreno afirmou que a primeira equipe que procurava pelo caminhão na estrada precisou parar por conta de outro acidente, o que dificultou a tarefa de localizá-lo. “Ele passou em alta velocidade. Não foi possível. Então, uma viatura foi atrás desse caminhão, mas 11 quilômetros à frente, no ponto 129, encontrou um aglomerado de carretas com outro local de acidente. Foi obrigado a parar para checar e nisso”. O porta-voz também disse que depois de monitorar o acidente, no posto 129, a equipe seguiu até Curitiba procurando pelo caminhão, mas não o localizou. Disse, também, que uma segunda viatura saiu no Contorno Sul, sentido BR-277, e quando chegou na rodovia não localizou o caminhão, apenas o rastro de veículos atingidos por ele. “Parar um veículo de mais de 60 toneladas em alta velocidade é algo que não tem uma fórmula mágica. Não existe um procedimento que você possa aplicar como uma receita. Cada caso é um caso e ele precisa ser tratado como tal. O certo é: a ação rápida é primordial para que a gente consiga fazer essa ação”. Ausência de acionamento da PM pela PRF Questionado sobre o porquê a PRF não comunicou a Polícia Militar do Paraná (PM-PR) sobre o caminhão, Moreno afirmou que a comunicação entre as policiais também deve ser tema de estudo. “Esse caminhão estava na rodovia, ele foi perdido pelas nossas viaturas, não foi localizado [...] Nós também soubemos da entrada dele pelo Copom (Centro de Operações Policiais Militares) , o Copom entrou em contato com a Polícia Rodoviária Federal e aí que nós soubemos que [o caminhão] tinha entrado em Curitiba”. O policial também destacou que a PRF conta com o apoio de motoristas que presenciam situações de imprudência no trânsito, para denunciem os casos via 191 tão logo os presenciem. “Todo o esforço que nós tínhamos foi empenhado. Foi suficiente? Não. Os fatos mostram que não foi suficiente. Então, procedimentos como esses serão reavaliados, e é fato que nós tivemos aí, neste caso, uma situação que é uma situação rara”. Veja outras notícias: Depoimento: Motorista de caminhão que atingiu 12 carros admitiu uso de droga e ingestão de cerveja, diz delegada Assista: Caminhão percorre mais de 130 km e bate sequencialmente em pelo menos 12 veículos em Curitiba Relato: 'Cena de filme', diz mulher que teve carro atingido por caminhão que bateu em 12 veículos em Curitiba Vídeo: Caminhão derrubou garrafas de cerveja na BR-376 Caminheiro pediu perdão às famílias Nesta segunda-feira (16), o caminheiro Nilson Santos pediu perdão às famílias envolvidas no acidente que provocou, e disse estar arrependido. "Eles não sabem que isso é uma doença crônica que existe no mundo do caminhoneiro", disse. O caminhoneiro assumiu para a polícia que fez uso de rebite (droga sintética) e que estava há três dias sem dormir. Nilson foi autuado por homicídio tentado, dirigir sob efeito de substância entorpecente, direção perigosa e omissão de socorro, conforme a delegada da Polícia Civil Vanessa Alice. Os crimes não dão direito à fiança por conta da somatória das penas. Nilson está preso e passou por audiência de custódia nesta segunda-feira. A Polícia Civil ainda ouvirá mais testemunhas e espera por laudos técnicos para continuar a investigação. O advogado de defesa de Nilson, Niki Petterson, afirmou que o homem usou drogas para conseguir terminar viagem pois estava acordado há muitas horas. Frisou, ainda, que ele não teve intenção de machucar ninguém. O motorista responde a outros quatro processos judiciais, sendo um de desacato à autoridade e três estão em sigilo. Motorista que causou série de acidentes em rodovia e em Curitiba está preso na capital paranaense. RPC Curitiba Lei do descanso De acordo com artigo 67 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a jornada diária de trabalho do motorista profissional é de oito horas, com prorrogação feita mediante acordo. O condutor é obrigado, dentro do período de 24 horas, realizar 11 horas de descanso, que podem ser fracionadas. Além disso, segundo a lei, após seis horas de condução ininterruptas , o motorista precisa descansar por 30 minutos. Caminhão atinge carros em diversos pontos de Curitiba Reprodução Três feridos Três pessoas ficaram feridas, de acordo com a polícia, na série de batidas provocadas pelo caminhoneiro. Duas na capital e uma na rodovia. Uma delas precisou ser levada para um hospital por conta de ferimentos na perna e foi liberada ainda no sábado. Em depoimento para a polícia, Nilson foi questionado pela delegada o motivo de não ter parado após as batidas. Ele respondeu que sentiu, mas não viu os carros por causa da altura da cabine. O que dizem as empresas envolvidas A empresa proprietária da carga de cervejas que caiu na rodovia é a Rododrive, da região norte. Em nota, eles manifestaram "profundo respeito quanto ao indesejável acontecimento" e destacaram que Nilson, assim como o caminhão, são terceirizados. A empresa também disse que instaurou sindicância "para apuração dos fatos, visando a elucidar todo o ocorrido". A RPC apurou que Nilson é funcionário da empresa RRLog, com sede em Mandaguaçu. Em nota, a empresa disse que repudia a conduta do motorista e que ele chegou na noite de sexta-feira (13), às 19h30 em Ponta Grossa, para realizar a descarga na manhã de sábado (14). A empresa também disse que "toda conduta de mudança de rota não foi orientado ou autorizado. Ele estava orientado a descansar e descarregar pela manhã". VÍDEOS: Mais assistidos do g1 PR Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.