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Preço da dúzia do ovo sobe 36,8% em um ano em Curitiba e chega à casa dos R$ 11; entenda por que

Por Giuliano Saito


Levantamento do IBGE mostra que desde março o produto não custa menos que R$ 10. Porém, demanda continua e supermercados não registram queda nas vendas. Cresce a exportação de ovos produzidos no Paraná O preço da dúzia de ovos brancos ficou 36,8% mais caro nos mercados de Curitiba em junho de 2023, na comparação com junho do no passado. O aumento foi registrado pelo portal Clique Economia Alimentar, da prefeitura. O valor médio da dúzia passou de R$ 8,26 para R$ 11,30 no período. De acordo com o balanço, de junho de 2022 a fevereiro deste ano, o preço variou de R$ 8,07 a R$ 9,29 na capital. Porém, de março em diante o preço ultrapassou R$ 10 e não voltou a cair. O comportamento dos preços se repete nacionalmente. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no período de 12 meses até junho, o ovo de galinha registrou alta de 22,93%. É a maior variação para o período desde julho de 2013, segundo a organização. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, entre os fatores que explicam o aumento do preço do ovo estão a alta dos custos do milho e do farelo de soja. Esses ingredientes estão presentes na ração de galinhas poedeiras - àquelas destinadas exclusivamente à produção de ovos -, demandando maior investimento dos proprietários de granjas. Além disso, avalia Santin, houve aumento no preço de medicamentos e embalagens. Fábio Mezzadri, técnico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), explica que a elevação dos preços também reflete fatores mundiais, como a guerra na Ucrânia, e naturais, como as mudanças climáticas enfrentadas no último ano. Veja a evolução dos preços registrada em doze meses no gráfico abaixo: Lei da procura e da oferta Apesar do aumento no preço, as vendas de ovos não registraram queda no Paraná. O gerente de supermercado Celio Valmir Bras Jr. explica que o ovo continua sendo a proteína mais barata, portando, a procura continua a mesma. "A venda não diminuiu. A gente ainda está vendendo cerca de mil bandejas por mês, mesmo com a alta do ovo", comenta. Preço pode cair? Os números levantados pelo Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral-Pr) indicam que a saca de soja teve queda de 32% no mês de junho deste ano, na comparação com o mesmo mês do anterior. No mesmo período avaliado, o preço da saca de milho baixou 41%. Mezzadri explica que, como a alimentação das aves está entre os principais itens na balança dos custos de produção de ovos, a redução nos gastos da produção deve refletir nas prateleiras do supermercado nos próximos meses. Paraná é exportador de ovos Com os casos de gripe aviária em outros países exportadores, o Paraná, que não tem caso da doença confirmado em aviários comerciais, tem ganhado cada vez mais espaço no mercado internacional no último ano. De acordo com uma pesquisa do IBGE, o estado é o segundo maior exportador de ovos do país. Anualmente, o Paraná exporta 380 milhões de dúzias. A maior parte dos ovos é produzida em Arapongas, no norte do estado, onde foram produzidas cerca de 38,3 milhões de dúzias, segundo o relatório mundial Valor Bruto da Produção de 2022. Mezzadri explica que a região de Curitiba representa 4,6% da produção estadual. Além de consumir o que produz, o município também recebe ovos de outras regiões para atender a demanda. Preço do ovo aumenta 36,8% em Curitiba RPC Entre janeiro e maio deste ano, as exportações brasileiras de ovos totalizaram 11.950 toneladas de acordo com levantamentos da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O resultado representa um aumento de 93,1% do total exportado no mesmo período em 2022, quando foram embarcadas 6,1 mil toneladas para o exterior. Ricardo Santin explica que a gripe aviária, que chegou recentemente no Brasil em aves silvestres, atacou muitas granjas de países como Japão, Europa e Estados Unidos. Conforme Santin, isso fez com que os locais diminuíssem as produções "e que o Brasil fosse chamado a aumentar a exportação". Atualmente, Japão, Taiwan e Estados Unidos são os principais destinos dos ovos produzidos no Brasil. Santin garante que a alta exportação não é a causa para o aumento do preço do ovo no estado, isso porque, segundo ele, a exportação equivale a menos de 1% do que é produzido no Paraná. "Não tem nenhum efeito da exportação quanto ao preço do ovo no mercado interno", explica. *Com colaboração de Caroline Maltaca, assistente de produtos digitais. Vídeos mais assistidos no g1 PR: o Mais notícias do estado em g1 Paraná.