Ponto 14

Polícia investiga homem que agrediu músico negro com cassetete em Curitiba

Por Giuliano Saito


Agressor está solto e g1 tenta contato com a defesa dele. Vítima relata que fraturou maxilar, quebrou dente, e terá que passar por cirurgia. Músico é agredido por homem com golpes de cassetete em Curitiba A Polícia Civil informou que investiga Paulo Cezar Bezerra da Silva, suspeito de agredir o músico Odivaldo Carlos da Silva, conhecido como Neno, com cassetete no centro de Curitiba. O caso aconteceu na última terça-feira (22). Câmeras de segurança registraram o momento da agressão. Assista no vídeo acima. No vídeo, o músico de 55 anos aparece andando sozinho na calçada quando Paulo Cezar se aproxima junto com um cachorro e aborda Neno. Em seguida, o homem usa o cassetete para acertar o rosto, a nuca e as pernas do músico. O suspeito também incentiva o cão a atacar a vítima. O g1 tenta contato com a defesa de Paulo. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Segundo a Policia Civil, o músico foi ouvido pelo delegado responsável pelo caso nesta segunda-feira (28), e o depoimento durou cerca de uma hora e meia. Conforme a polícia, Paulo Cezar será ouvido na terça-feira (29). Relembre: Câmeras flagram homem agredindo músico negro com cassetete em Curitiba Ainda segundo a Polícia Civil, o caso foi atendido inicialmente pela Polícia Militar (PM), que registrou a situação como lesão corporal. Porém, segundo Neno, durante as agressões o suspeito o chamou de "macaco" e de "negro sujo". De acordo com o músico, o suspeito também disse que "morador de rua tem que apanhar". Suspeito usou cassetete para agredir a vítima Reprodução Segundo a esposa da vítima, Lucimar Almeida, após Neno sair do hospital, o casal pegou o Boletim de Ocorrência registrado pela equipe policial. Porém, no documento não havia informações sobre as denúncias de ofensas e xingamentos de cunho racistas proferidos pelo suspeito. Segundo Lucimar, depois de insistir com os policiais, foi registrado um segundo Boletim de Ocorrência acrescentando a questão. Após as agressões, o suspeito foi identificado, encaminhado ao cartório do 12º Batalhão da Polícia Militar e liberado. José Carlos Portella Junior, advogado de Neno, afirmou que questionou a atuação a Polícia Militar no caso. "Um crime tão grave como esse, considerado pela legislação como um crime imprescritível, inafiançável, e tem essa natureza hedionda por sua violência atroz, não pode levar a uma posição tão leniente assim como a Polícia Militar tomou esse cidadão", afirmou. Câmeras registraram momento em que músico é agredido com golpes de cassetete em Curitiba Reprodução Ainda segundo Portella Junior, a equipe policial ouviu a versão do músico em um momento de "fragilidade", antes dele receber atendimento médico. A Polícia Civil afirmou que após tomar conhecimento da situação solicitou o encaminhamento do Boletim de Ocorrência com uma complementação com a denúncia sobre a injúria racial. A vereadora e deputada federal eleita Carol Dartora solicitou ao Ministério Público (MP) a prisão do suspeito. O Ministério Público do Paraná disse que aguarda a conclusão do inquérito por parte da autoridade policial. Agressões Neno precisou levar cinco pontos no rosto e fraturou três lugares no maxilar por conta das agressões Reprodução/RPC Neno conta que, após o início das agressões, tentou fugir do suspeito, mas que Paulo Cezar incentivou o cachorro a persegui-lo e a mordê-lo. Ainda segundo o músico, a violência só parou quando pessoas e motoristas que passavam pelo local começaram a gritar. Três mulheres testemunharam as agressões, chamaram a polícia e prestaram suporte a Neno, que foi encaminhado a um hospital. O músico afirmou que sofreu ferimentos no rosto, levou cinco pontos, fraturou o maxilar, quebrou um dente, está com marcas de mordidas de cachorro nos braços e nas costas, e terá que fazer uma cirurgia. Neno mostra que ficou com mordidas nos braços Reprodução/RPC A Polícia Militar (PM) informou que durante o atendimento à vítima, recebeu um chamado informando que uma pessoas com as mesmas características do suspeito e com um cachorro estava "tumultuando nas proximidades". A equipe se deslocou até o local e encontrou Paulo Cezar. Segundo a polícia, a equipe levou o suspeito até a casa dele para deixar o cachorro e, em seguida, ele foi encaminhado ao cartório do 12º Batalhão da Polícia Militar. Neno conta que as roupas que usava no dia da agressão ficaram manchadas de sangue. Leia também: Artistas denunciam injúria racial em feira de Curitiba após funcionária acusá-los de furto; polícia investiga Por conta das agressões, o músico ficou sem trabalho: os machucados nas mãos não permitem que ele toque, e o machucado no rosto impede que ele cante. "Estou me sentindo indefeso e com medo. Não são só as cicatrizes físicas, na memória fica uma coisa muito pesada. À noite tenho pesadelo, a cabeça já mudou bastante, já não saio ali fora, a gente fica muito receoso com as coisas", afirmou a vítima. VÍDEOS: mais assistidos do g1 Paraná Leia mais notícias no g1 Paraná.