Ponto 14

Polícia investiga denúncias de pessoas lesadas por empresa de cerimoniais: 'Não recebi o dinheiro, ela cancelou a festa'

Por Giuliano Saito


Caso aconteceu em Ponta Grossa. Segundo polícia, clientes e fornecedores acusam dona de empresa de enviar comprovantes falsos de depósito. Defesa diz que não agiu de má-fé e que tenta renegociar contratos. Polícia de Ponta Grossa investiga golpe de empresa de festas A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar denúncias de pessoas lesadas por uma empresa de cerimoniais em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná. De acordo com uma das vítimas, a festa de debutante da filha foi cancelada duas semanas antes da realização, por mensagem, com quase tudo pago. Foram quase dois anos organizando a celebração. "Eu fui lá no salão. Chegando no salão, eu pedi para ver a agenda e, no dia da minha festa, estava agendado no nome dela para outra festa, não para a minha. Eu paguei R$ 5,5 mil. Eu não recebi o dinheiro, ela cancelou a festa", contou. A mulher preferiu não se identificar. Mensagem de cancelamento foi enviada por celular Reprodução/RPC Para não deixar sem festa a filha que já sonhava com o evento, a vítima contratou de última hora uma outra empresa. Para isso, ela pagou R$ 9 mil à vista. "Faltando 15 dias para minha festa, eu já tinha enviado os convites, eu tive que ir atrás de outra pessoa pra fazer a festa. Eu paguei uma festa à vista e tive um prejuízo de R$ 9 mil, que eu paguei à vista pra fazer a festa. A festa aconteceu, mas não foi ela que fez. A gente está tentando receber na denúncia agora e tentando alertar outras pessoas porque ela continua fazendo a mesma coisa", contou. Além dela, outras nove pessoas entre clientes e fornecedores já acionaram a polícia contra a empresa M.F King Festas. Elas contam que em tentativas de negociação, a responsável chegou a enviar falsos comprovantes de depósito e transferência bancária editados em programas de computador. Segundo o delegado, os responsáveis-legais da empresa podem responder por estelionato, sendo um para cada vítima que se apresentar. A pena prevista para o crime é até 5 anos, mas por serem condutas separadas elas podem ter as penas somadas. Por nota, o advogado da representante afirmou que não agiu com dolo e má-fé e que lamenta o ocorrido. Afirmou, ainda, que está renegociando contratos com clientes e fornecedores devido aos efeitos causados pela pandemia. "A empresa entrou em uma grande crise financeira, que chegou ao seu limite, culminando na interrupção de novos contratos, não sendo possível prosseguir nem realizar novas contratações. [...] Ao retorno das atividades, tendo a empresa lutado de todas as formas para não chegar nesta situação, acabou por não conseguir honrar na integralidade com todos os seus contratos, seja com clientes ou fornecedores", cita trecho da manifestação. A nota também refuta "as alegações de crimes praticados, entendendo se tratar de quebra de contratos bilaterais" e diz que a empresa "a empresa buscará as formas de saldar [...] todos os pontuais casos ao seu tempo". Outras vítimas Entre as outras vítimas estão prestadores de serviço que acabaram trabalhando de graça e fornecedores que entregaram o produto mas não receberam o valor. Um homem que fornecia bebidas e preferiu não se identificar afirmou que, no caso dele, o prejuízo gira em torno de R$ 10 mil. Ele também contou sobre depósitos com dinheiro que nunca chegava. "Ela começou fazendo depósito sem dinheiro no envelope, no caixa eletrônico. Normalmente, final de semana, para ela ter um pouco de sossego no final da semana, ela fazia na sexta. Daí sábado e domingo ela tinha um pouco de sossego. Segunda-feira era estornado esse depósito na nossa conta. Posteriormente, ela depositou um cheque, num envelope no caixa eletrônico também, e esse cheque voltou", contou. O mesmo aconteceu com uma responsável por fornecer alimento, como bolo, doces e salgados. Ela entregou os alimentos, mas disse não ter recebido os pagamentos. Polícia abre inquérito para investigar denúncias de pessoas lesadas por empresa de cerimoniais Reprodução/RPC "Me passou nove PIXs falsos, né, alegando pagamento, mas esse dinheiro nunca entrou na minha conta. Cheque também, me passou dois cheques com assinatura falsa. Aí ela dizia que o problema estava no banco dela, que o PIX estava fora do ar ou que ela fez o PIX mas estornou pra conta dela ou ela dizia: 'Vou sacar o dinheiro e levar na tua casa', mas isso nunca aconteceu", relembrou. À RPC, o delegado também afirmou que os comprovantes apontados pelas vítimas já foram anexados ao inquérito. Ele ainda vai ouvir a empresa. "Especialmente no que se refere a esses comprovantes de depósitos falsos né, em que a pessoa encaminha pra vítima dizendo que o valor foi depositado, mas na verdade aquele comprovante foi maquiado, foi criado num programa de computador, e o dinheiro nunca foi movimentado. Então esses comprovantes falsos estão já no inquérito e demonstram realmente que teve essa má-fé", afirmou. Segundo uma proprietário de um salão de festas, para ela mais de 30 pessoas se dirigiram para relatar terem sido lesadas pela empresa. "Mais ou menos umas 36 pessoas que entraram em contato sendo lesadas por ela nesse sentido. Não entrega cobertura fotográfica, entrega evento faltando salgado, se utiliza da informação de que a equipe está com Covid e que não pode fazer o evento naquela semana", disse. Parte das vítimas também entrou com ação judicial para tentar reaver o dinheiro pago. Em um dos casos, os advogados afirmaram que também pedem indenização por danos morais diante do transtorno. Orientações para evitar golpe O delegado responsável deu dicas para que outras pessoas não caíam nesse tipo de golpe. Antes de tudo, ele afirmou ser importante checar o trabalho da empresa a partir de serviços anteriores. "Primeiro verificar se há outras pessoas que já usufruíram desse serviço, que podem indicar ele. Verificar outros eventos, outras festas que essa empresa já tenha feito para ver se ela está adequada aquilo que você deseja", ressaltou. Derek ainda reforçou que os passos, em especial os que envolvem dinheiro, devem ser documentados. "Mais do que isso sempre documentar os negócios jurídicos que vão ser feitos. Nunca deixar apenas na palavra, especialmente nessas questões que envolvem dinheiro. Sempre ter algum documento que se responsabilize, que tragam respaldo caso o objeto que foi contratado não seja prestado de modo adequado", disse. VÍDEOS: Mais assistidos do g1 PR Veja mais notícias da região em g1 Campos Gerais e Sul.