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Polícia indicia frentista que ateou fogo em cliente em posto de combustíveis por tentativa de homicídio qualificado

Por Giuliano Saito


Vítima teve queimaduras de até terceiro grau pelo corpo e continua internada em hospital de Curitiba. Durante inquérito, defesa de suspeito disse que ele não teve intenção de matar o cliente. Frentista ateou fogo em cliente após discussão em posto de combustível RPC A Polícia Civil do Paraná (PC-PR) indiciou o frentista Paulo Sérgio Esperançeta por tentativa de homicídio qualificado, por motivo fútil e uso de fogo. Segundo a investigação, ele jogou gasolina e ateou fogo em um cliente, Caio Murilo Lopes dos Santos, de 34 anos, após uma discussão. O caso foi em 18 de março, em um posto de combustíveis de Curitiba. Entenda abaixo. O frentista está preso preventivamente desde 22 de março. Ele chegou a se apresentar à polícia, prestou depoimento e foi liberado. Após isso, a Justiça expediu o mandado de prisão. O g1 tenta contato com a defesa do suspeito para comentar o indiciamento, divulgado à imprensa nesta quarta-feira (29). No relatório obtido pela RPC, a delegada Magda Hofstaetter, responsável pelo caso, descreveu que a intenção do frentista em "ceifar a vida" do cliente "resta ainda mais clara quando se observa que ele, mesmo observando a vítima em chamas, nada faz para lhe socorrer, mas lhe desfere dois socos". O inquérito traz um trecho do depoimento de Paulo. À polícia, ele disse que "achou que iria ser agredido por Caio, quando armou a bomba, jogou o combustível e após duas tentativas acendeu o isqueiro". No depoimento, o suspeito confessou que "não prestou qualquer tipo de socorro", mas que "apenas se defendeu pois ele [Caio] veio para cima". Com a conclusão do inquérito policial, o caso será enviado ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), que pode, ou não, oferecer denúncia contra o frentista. A advogada Celma Karine Castro, que representa o indiciado, afirmou recentemente que o homem lamentava o ocorrido e que não tinha intenção de matar Caio dos Santos. A vítima Caio Murilo está internado no Hospital Evangélico Mackenzie. Ele teve queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus. Pouco após o incêndio, o posto em que Esperançeta trabalhava disse que demitiu o homem. Discussão por chave De acordo com Caio, o carro tem duas chaves: uma específica do tanque de gasolina e uma da ignição que, segundo ele, estava inteira antes do abastecimento. "Daí eu questiono o rapaz que abasteceu: 'Cara, quebraram a chave do meu carro'", disse. À polícia, o frentista nega que quebrou a chave e informou que foi xingado pelo cliente. "Aí o sangue né? Eu tava passando por uns probleminhas também... Tipo uma separação assim", diz o frentista. Caio disse que em nenhum momento ofendeu o frentista. O incêndio Após a discussão, câmeras de segurança mostram que Paulo Sérgio retira a mangueira da bomba de gasolina e dispara o líquido inflamável no homem. Em seguida, tira um isqueiro do bolso e ateia fogo. Caio contou que ficou desesperado e tentou proteger o rosto. "O meu desespero era de não deixar pegar no rosto, por isso tirar a camisa, por isso tentar apagar o fogo com a mão e tirar a calça, até que veio o rapaz e apagou com o extintor", falou. Douglas de Araújo, frentista que trabalha há oito anos no posto, foi quem combateu o fogo com o extintor. "Quando eu escutei o som que acendeu, o combustível inflamou, eu peguei o extintor", contou Douglas. Logo após as chamas apagarem, Paulo Sérgio volta a se aproximar de Caio para agredi-lo. Vítima teve queimaduras graves Caio foi socorrido por Tcharles Begerron e levado para um posto do Corpo de Bombeiros, há cerca de 300 metros do local, onde recebeu os primeiros atendimentos. "Tava reclamando muito, muita dor, até minha [filha] mais velha que estava junto falou pra ele: 'Acalma um pouquinho que já estamos chegando'", disse Tcharles. 'Pediu muito socorro', relata homem que ajudou motorista incendiado; vítima segue internada De lá, Caio foi encaminhado de ambulância para o Hospital Evangélico Mackenzie. A vítima teve queimaduras de segundo e terceiro grau nos braços, tórax e abdômen, além de queimaduras de primeiro grau nas pernas. A esposa, Ana Paula Franco Ribeiro Lopes, de 28 anos, foi até o Corpo de Bombeiros e contou que encontrou o marido enrolado em papel alumínio gritando de dor. "Foi chocante, foi muito desesperador. Graças a deus que meu filho ainda tava dentro do carro e não presenciou essa cena", disse. Grávida, esposa de motorista incendiado por frentista relata medo e busca por justiça: 'Tentando manter a calma' Caio Murilo teve queimaduras de primeiro, segundo e terceiro grau RPC Perigo de explosão Segundo o frentista Douglas, o fogo ficou próximo dos tanques de armazenamento, onde havia pelo menos 30 mil litros de combustíveis. De acordo com ele, o vapor eliminado é inflamável. "Uma pessoa pegando fogo seria uma bola de fogo, né?", falou. VÍDEOS: Mais assistidos do g1 PR Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.