PodParaná #95: 'Filhas do Vento e da Liberdade', motociclistas se juntam para viajar e conscientizar mulheres sobre câncer de mama
Por Giuliano Saito
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Grupo criado por paranaense encoraja outras mulheres a pilotar e percorre cidades promovendo debates sobre direito e saúde; episódio conta trajetória e importância do moto clube. Criado a partir do sonho de uma apaixonada por aventura, a confraria de motociclistas "Filhas do Vento e da Liberdade" passou a mudar a vida de outras mulheres, com a coragem para encarar a estrada pilotando. No 95º episódio, publicado nesta sexta-feira (9), o PodParaná conta a história do grupo de Curitiba fundado pela motociclista paranaense Telma Crummenauer, que decidiu começar a pilotar aos 46 anos. Mulheres motociclistas que se conheceram pela internet iniciam viagem de mais de 7 mil km ao deserto do Atacama A confraria reúne mulheres que se encorajam no motociclismo e faz ações por todo o país para tratar de assuntos como a prevenção contra o câncer de mama, depressão e o combate à violência doméstica. Confraria 'Filhas do Vento e da Liberdade' reúne mulheres motociclistas Telma Crummenauer/arquivo pessoal Participam do programa: Telma Crummenauer, motociclista e fundadora do grupo; e as também motociclistas e integrantes do moto clube: Viviane Santos, de 54 anos, e Silmara Andrade, de 58 anos. Você pode ouvir o PodParaná no g1, no Spotify, no Castbox, na Amazon, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, no Deezer, no Hello You ou no aplicativo de sua preferência. Assine ou siga o PodParaná, para ser avisado sempre que tiver novo episódio no ar. PodParaná: toda sexta-feira um novo episódio. Ouça no G1 e em diversas plataformas Arte/RPC Telma conta que é apaixonada por motocicletas desde a juventude, quando acompanhava o pai, que era motociclista. Porém, o sonho de ganhar a estrada não era possível diante do preconceito de que a aventura não fosse para ela. O tempo foi passando, ela casou, teve filhos, e acabou ficando cada vez mais distante da estrada. PodParaná conta a história das 'filhas do vento e da liberdade' Aos 46 anos, ela resgatou a vontade de pilotar em meio à superação de episódios frequentes de depressão. "Para despertar disso tudo, eu queria saber quem eu era, o tamanho da força que eu tinha, mas não como mãe e nem como esposa. Porque, normalmente, o marido chama de amor, os filhos chamam de mãe, e quem chama de Telma? Eu queria saber quem era a Telma", disse. Telma Crummenauer, de 50 anos, ajudou a convocar mulheres apaixonadas por motocicletas para uma viagem de 27 dias ao deserto do Atacama Giuliano Gomes/PRPress Com o incentivo do marido e dos filhos, ela retomou aos poucos a coragem de pilotar. Um ano depois, foi convidada por outra mulher a fazer uma primeira grande aventura. Elas viajaram de Curitiba até Brasília para um evento. Depois, outras mulheres foram se juntando ao sonho de Telma, e outras viagens ocorreram. Ela conta que o nome do grupo foi escolhido porque ela sempre se sentiu "uma filha do vento e da liberdade". Grupo de mulheres motociclistas de Curitiba mobilizaram outras apaixonadas por motos de outros estados brasileiros para realizar a viagem ao deserto do Atacama Giuliano Gomes/PRPress Motociclismo como ferramenta de conscientização Com o tempo, o grupo se tornou um meio de transformar a vida de mulheres. No caso da Telma, foi a superação da depressão. Para outras, a conscientização sobre o câncer de mama. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que, em 2022, o estado do Paraná registre mais de 12,6 mil casos de câncer em mulheres, sem contar casos câncer de pele não melanoma. Mulheres motociclistas percorrem o Paraná, em ações de conscientização contra o câncer de mama Divulgação/Filhas do vento e da Liberdade Especificamente sobre o câncer de mama em mulheres, o Inca estima 3.470 novos casos no estado. A prevenção e o incentivo ao acompanhamento médico é tema frequente nas viagens das motociclistas. "No outubro rosa, nós saímos das nossas casas para lembrar as mulheres do nosso Paraná da importância da prevenção. Depois, a gente teve um feedback de mulheres que disseram: 'Vocês passaram aqui na minha cidade, eu fui fazer o exame, e acabei descobrindo um nódulo ainda muito pequeno, e eu achava que isso não poderia acontecer comigo", destacou Telma. Confraria de mulheres motociclistas 'Filhas do Vento e da Liberdade', em ação de conscientização contra o câncer de mama Telma Crummenauer/arquivo pessoal A motociclista Silmara Andrade, de 58 anos, está tratando um câncer de mama. O acompanhamento começou depois que ela fez o autoexame incentivada em um evento do grupo. Na ocasião, as motociclistas viajaram até a cidade de Paranaguá, no litoral do estado, para lembrar as mulheres sobre a importância do diagnóstico precoce. "Essa ação me conscientizou da importância do autoexame. Cuidaram de mim. Eu acho que o Filhas do Vento é uma irmandade, onde as mulheres estão ali para dar apoio e levantar outras mulheres. Muitos problemas, às vezes, eu resolvo em cima da moto. Adoro sentir o vento, a liberdade", contou. Silmara Andrade, de 58 anos, encontrou no motociclismo incentivo e apoio de outras mulheres Silmara Andrade/arquivo pessoal Outra integrante da confraria, a motociclista Viviane Santos, de 54 anos, também relata que sempre foi apaixonada por motos. Na parceria com o grupo, ela encontrou uma forma de ajudar outras mulheres que enfrentam o câncer de mama - como ela também precisou enfrentar. Viviane participou em 2021 de uma expedição do "Outubro rosa", promovida pelo "Filhas do Vento e da Liberdade". Na viagem, as mulheres percorreram diversas regiões do Paraná falando sobre o assunto. " Eu olhava aquelas mulheres pilotarem e eu pensava: 'Se elas podem, eu também posso'. Foi uma experiência inovadora. O Filhas do Vento traz uma experiência de que a gente pode o que a gente quer, porque eu nunca havia pilotado e quando vi, estava pilotando e fazendo um rally", disse. Ela destacou que as ações do grupo de motociclistas promovem conforto e esperança para outras mulheres. Viviane Santos encontrou no motociclismo a motivação para buscar novos desafios Viviane Santos/arquivo pessoal Destino: deserto do Atacama Em 2019, Telma e outras integrantes fizeram uma expedição saindo do Paraná em direção ao deserto do Atacama, no Chile. Foram mais de 7 mil quilômetros percorridos. Ela conta que a experiência na estrada e a recepção de outras mulheres que acabam encontrando o grupo são inspirações e um grande incentivo para continuar pilotando. "Seja na moto, seja onde for, nunca é tarde para a gente realizar nossos sonhos. Uma mulher sozinha, ela tem poder. Juntas, nós temos impacto", concluiu. Mulheres motociclistas do Paraná viajam cidades com ações de conscientização Divulgação/Filhas do Vento e da Liberdade O PodParaná tem episódios semanais que contam a história de moradores do estado e tratam de temas importantes para os paranaenses. Para sugerir temas e interagir com a equipe, os ouvintes podem usar o aplicativo Você na RPC. Assista aos vídeos mais acessados do g1 PR Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.
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