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PodParaná #115: Benzedeiras resistem ao tempo e carregam cultura milenar

Por Giuliano Saito


Em Rebouças, prática é regulamentada e benzedeiras têm carteira de agentes de saúde pública. No estado, cultura do benzimento é ligada ao catolicismo popular e é passada de geração a geração. Na cultura popular, o benzimento é considerado uma forma de promover a cura e o bem-estar a partir de rituais específicos para cada mal. No Paraná, a tradição milenar é passada de geração a geração e resiste ao tempo. O episódio #115 do PodParaná se dedica a contar como, no estado, a prática carrega principalmente influências do catolicismo popular. O município de Rebouças, na região central do estado, é o primeiro do país a regulamentar a função das benzedeiras. Participam deste episódio: Ana Maria dos Santos, uma das benzedeiras de Rebouças, na região central do Paraná. Vânia Inácio Costa Gomes, historiadora e pesquisadora da comunidade das benzedoras no Paraná. Kelen Oliveira, moradora de Rebouças e frequenta benzedeiras desde criança. Benzedeira Ana Maria com a sua carteirinha e benzedeira Reprodução Estúdio C Em Rebouças, certificação permite que as benzedeiras sejam consideradas agentes de saúde pública. Ana Marina Oliveira é uma delas. A mulher carrega o ofício vindo de uma longa geração. O bisavô dela era benzedeiro, descendente de índios. O conhecimento foi sendo passado de pai para filho. Ana conta que, dos seis filhos, ela foi a única que quis seguir como benzedeira. "Quando o meu pai não estava em casa, eu fazia. Cortava um cobreiro, um bugreiro. Ele viu que eu tinha dom e muita fé, aí me transformei em uma benzedeira", explicou. Benzedeira Ana Maria com o seu reconhecimento em mãos Reprodução Estúdio C Prática perdeu força com avanço do SUS A historiadora e pesquisadora da Universidade Estadual de Maringá (UEM) Vânia Inácio Costa Gomes explica que a prática do benzimento é muito forte no Brasil. Ela cita que em cada região a cultura se manifesta de uma forma. No Nordeste, afirma, a prática traz mais referências de matriz africana e, no Paraná, do catolicismo popular. A historiadora afirma que, no século XX, o trabalho das benzedeiras era muito procurado por populares que queriam curar algum mal no corpo e na mente. Mas, ao longo do tempo, a atividade foi perdendo espaço com o desenvolvimento da medicina e o desinteresse das novas gerações em seguir o caminho. Benzedeiras mantêm tradição e recebem reconhecimento de saúde pública no interior do Paraná Ainda assim, a historiadora destaca que a comunidade de benzedeiras tem resistido ao tempo. "Há uma preocupação muito forte com isso. Na verdade, existem muitas benzedeiras. Elas estão escondidas porque a modernidade vem chegando com a evolução do SUS. Como esses meios ficaram mais acessíveis, as pessoas começaram a se desligar", contou. PodParaná Artes/g1 Paraná PodParaná Você pode ouvir o PodParaná no g1, no Spotify, no Castbox, na Amazon, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, no Deezer, no Hello You ou no aplicativo de sua preferência. Assine ou siga o PodParaná, para ser avisado sempre que tiver novo episódio no ar. Acesse todos os episódios do PodParaná na página especial do g1 Sugestões de temas, pessoas, lugares que podem virar episódio do PodParaná podem ser enviadas pelo aplicativo Você na RPC. FOTOS: o trabalho das benzedeiras Altar montado por benzedeiras mostra influência de diversas crenças da cultura popular Jonathan Lins/G1 Medicamento utilizados pelas benzedeiras Reprodução Estúdio C Altar das benzedeiras para fazer as orações Reprodução/RPC Vela usada para as orações Reprodução Estúdio C VÍDEOS: mais assistidos do g1 Paraná Mais notícias do estado em g1 Paraná.