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PM que matou ex em Curitiba fez TCC sobre violência doméstica: ‘Feminicídios aumentam por inércia dos órgãos’, diz trabalho

Por Giuliano Saito


Soldado Dyegho Henrique Almeida da Silva atirou contra carro da enfermeira Franciele Cordeiro enquanto ela dirigia. Polícia disse que ele ficou 3 meses afastado da corporação por 'problemas psicológicos'. Dyegho Henrique Almeida da Silva estava na PM desde 2013, segundo portal da transparência Divulgação/Redes sociais O soldado da Polícia Militar (PM-PR) Dyegho Henrique Almeida da Silva, que matou a ex-esposa a tiros em uma rua de Curitiba enquanto ela dirigia, fez um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre violência doméstica. No artigo, Dyegho analisou os atendimentos de crimes de violência doméstica na capital paranaense. Em um trecho, disse que os casos de feminicídio aumentam pela “inércia dos órgãos que deveriam atuar nesse combate”. O TCC foi apresentado para ele concluir um curso técnico em segurança pública. Veja mais abaixo. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram O crime aconteceu na terça-feira (13), dois dias após após Franciele formalizar um Boletim de Ocorrência (B.O.) contra Dyegho por ameaça. Um dia antes do crime, em 12 de setembro, uma reavaliação interna da PM liberou o uso de arma para o policial. Franciele Cordeiro e Silva foi assassinada por Dyegho Henrique Almeida da Silva em Curitiba Reprodução/Redes Sociais Conforme a polícia, o PM atirou várias vezes contra o carro em que a vítima estava. Depois, ele entrou no veículo e impediu que equipes de socorro se aproximassem. Após cerca de quatro horas de negociação para se entregar, ele cometeu suicídio. Veja a linha cronológica do caso Nesta quarta (14), a corporação disse que, no início de 2022, o policial chegou a ficar três meses afastado por "questões psicológicas". Afirmou, também, que ele voltou ao trabalho em abril em atividades administrativas. Até a publicação desta reportagem, não havia informações sobre as possíveis defesas das famílias dos envolvidos. O TCC O TCC de Dyegho foi apresentado em junho de 2021 para o curso de tecnólogo em segurança pública, desenvolvido pela Secretaria de Gestão e Ensino em Segurança Pública (SEGEN) em parceria com o Instituto Federal do Paraná (IFPR). Ele foi aprovado com conceito B, segundo arquivo que o g1 teve acesso. Nas considerações finais do trabalho, Dyegho disse que os casos de feminicídio aumentam frente ao que chamou de "inércia" de órgãos de controle. Disse, também, ser necessário a PM ter uma equipe “que atenda exclusivamente as vítimas de violência doméstica”. “[...] Não basta apenas alegar que não localizou a vítima, é envidar esforços para aquela mulher que por vezes tem medo de denunciar e o vizinho que aciona a PM [...] diversos casos de feminicídio ocorrem e só aumentam por uma inércia dos órgãos que deveriam atuar nesse combate”. Entenda: Polícia diz que PM que matou ex foi afastado; ele recebeu arma após reavaliação Após matar a ex, PM comete suicídio durante negociação para se entregar Ex-companheira morta por PM registrou B.O contra ele dias antes do crime No mesmo trabalho, ele também afirmou que a Polícia Militar deveria “analisar os déficits no atendimento, seja no registro de ocorrência ou da equipe que se desloca até o endereço, a fim de localizar uma maneira mais efetiva de atender a sociedade”. Câmeras flagraram ação Câmeras flagram policial atirando contra carro em Curitiba Câmeras de segurança registraram o momento em que o soldado atirou contra o veículo de Franciele. Assista acima. Imagens mostram o soldado, que dirigia uma moto, parando o veículo da ex-esposa na rua Francisco Nunes, no bairro Rebouças. Violência contra a mulher: saiba como pedir medida protetiva e acessar botão do pânico Na sequência, o homem atirou várias vezes. O vídeo mostra ainda a motorista do carro dando marcha à ré para tentar fugir. Uma outra câmera registrou o momento em que o carro bateu em um outro veículo, que vinha atrás. Em seguida, uma jovem aparece correndo pela rua. A polícia confirmou que era uma das filhas de Franciele, de 11 anos. A vítima Franciele foi morta enquanto dirigia em rua de Curitiba Divulgação/Redes sociais Franciele tinha 29 anos, era enfermeira e deixa três filhos, de outro relacionamento. Ela está sendo velada nesta quarta-feira, na Capela Mortuária Santa Cândida. O sepultamento dela está marcado para quinta (15), às 17h, no Cemitério Municipal Santa Cândida. Promotora fala sobre características de casos de feminicídio Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.