Plano para sequestrar Moro custou ao menos R$ 564 mil, indica anotação de suspeitos
Por Giuliano Saito
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Print de 'controle de gastos' indica que operação para o crime envolvia a compra de armas, aluguéis, viagens e carros. Mensagem que indicou ameaça de sequestro de Moro mostra momento que suspeitos definem códigos para o crime Foto: RPC O plano de integrantes de uma facção criminosa para sequestrar o senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) custou pelo menos R$ 564 mil. O valor foi revelado em anotação divulgada na decisão que autorizou a prisão dos suspeitos de planejar o crime contra Moro e outras autoridades. A Operação Sequaz da Polícia Federal (PF), com pelo menos nove preso, aconteceu na quarta-feira (22). Veja detalhes abaixo. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Nas anotações, feitas em um bloco de notas de um aplicativo de celular, há o controle de gastos com menções ao código "Tokio", usado para referenciar Moro, e "Flamengo", usado para referenciar o sequestro. O controle de gastos indica que a operação para o crime envolvia a compra de armas, aluguéis, viagens e carros. Print mostra anotações de suspeitos sobre gastos que teriam em crime contra Moro Reprodução O print é uma das provas anexas na decisão que teve o sigilo retirado nesta quinta-feira (23) pela juíza responsável, Gabriela Hardt, da 9ª Vara Federal de Curitiba. Em 2018, Gabriela assumiu temporariamente a Lava Jato após um afastamento de Moro. Mensagem mostra suspeitos definindo códigos A decisão também revela a conversa de dois suspeitos, pelo WhatsApp, em que eles definem os códigos sobre o possível sequestro. Confira quais eram: Mato Grosso do Sul: México Moro: Tokio Sequestro: Flamengo Ação: Fluminense Segundo a decisão que autorizou a operação, a mensagem "permitiu descortinar o plano" que estava sendo articulado "para a consecução de um atentado" contra a segurança do senador. O documento cita que foi esta mensagem que estabeleceu o uso de "linguagem cifrada pela organização, com intuito de dificultar a identificação da ação criminosa". Print de mensagem que constatou possível sequestro de Sergio Moro Reprodução Caderno tinha controle de endereços A mesma decisão revelou que um caderno encontrado nas investigações comprova "categoricamente" os levantamentos de informações pessoais sobre Moro, a esposa, deputada federal Rosângela Moro (União-SP), e os filhos do casal. O caderno detalha, por exemplo, endereços do casal. No material apreendido havia, também, informações sobre bens declarados. Caderno dos suspeitos tinha controle de endereços de Moro e da família Reprodução Ações para ataque começaram na campanha eleitoral O g1 teve acesso ao documento em que delegado da Polícia Federal Martin Purper detalha à 9ª Vara Federal de Curitiba que as ações para o ataque contra Moro começaram em setembro de 2022, no período eleitoral, quando o atual o atual senador ainda era candidato ao cargo que ocupa atualmente. O delegado também disse que, no atentado planejado contra Moro, ao menos 16 pessoas eram investigadas por crimes como extorsão mediante sequestro, porte ilegal de arma de fogo de uso proibido e também promover ou integrar organização criminosa. O documento é de 13 de março de 2023. "As provas colhidas indicam que a maioria dos atos criminosos estão efetivamente em andamento na cidade de Curitiba e região, pois nas demais localidades identificadas, não há registro de atos recentes", diz trecho do documento. Segundo Moro, a retaliação contra ele seria uma retaliação de integrantes de uma facção criminosa por causa de uma portaria do governo, na época em que Moro era ministro, que restringia visitas em presídios federais. Outro motivo seria o pacote anticrime apresentado por Moro no Governo Bolsonaro. Os atentados eram planejados desde 2022, segundo a investigação. Investigações De acordo com as investigações, os suspeitos planejavam homicídios e extorsão mediante sequestro em pelo menos cinco unidades da federação. Os ataques poderiam ocorrer de forma simultânea. De acordo com a Polícia Federal, ao menos 10 criminosos se revezavam no monitoramento da família do senador em Curitiba, segundo agentes. Os suspeitos alugaram chácaras, casas e até um escritório ao lado de endereços do senador. A família do senador também teria sido monitorada por meses pela facção criminosa, apontam os investigadores. Conforme apuração do g1, depois de alerta do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de São Paulo, o senador e a família passaram a contar com escolta da Polícia Militar do Paraná. Outro alvo do grupo era Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), de Presidente Prudente, interior de São Paulo, devido às investigações comandadas por ele. De acordo com o blog da jornalista Andréia Sadi, um comandante de Polícia Militar também era alvo dos atentados. Vídeos mais assistidos do g1 PR: o teve acesso ao documento XX em que delegado da Polícia Federal Martin Purper, enviado no dia 13 de março, de 2023 à 9ª Vara Federal em Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.
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