Ponto 14

Pequenos produtores investem em soja não transgênica no norte do Paraná

Por Giuliano Saito


Agricultores argumentam que cultivo não transgênico é mais sustentável por usar menos agrotóxicos. Pequenos produtores investem em soja não transgênica no norte do Paraná A soja transgênica começou a ser cultivada no Brasil no fim da década de 1990, com mais intensidade no início dos anos 2000. A tolerância a herbicidas e a maior resistência ao ataque de insetos fizeram dela bem mais atrativa do que suas versões convencionais. E rapidamente a soja transgênica ocupou a maior parte das áreas destinadas à oleaginosa no país. De acordo com uma associação que reúne especialistas, instituições e empresas que atuam na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias, 98% de toda a soja cultivada no país em 2019 eram plantas geneticamente modificadas. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Pequenos produtores investem em soja não transgênica no norte do Paraná Foto: Ouro Safra/Divulgação Na contramão desse domínio, pequenos agricultores no norte do estado começaram a cultivar soja convencional em 200 hectares. Eles afirmam que usam menos agrotóxico e que, por isso, o custo é menor e a produção mais sustentável. No fim de fevereiro, eles deram início à primeira colheita, que está rendendo 60 sacas por hectare - quantidade semelhante à média de produção nas lavouras transgênicas. O cultivo de soja é inviável economicamente em pequenas propriedades. Em assentamentos rurais como um de Centenário do Sul, a produção de soja não transgênica só começa a ganhar espaço graças ao cooperativismo. “Para que os pequenos produtores possam produzir, é necessário ter máquinas adequadas para essa produção e que essas máquinas sejam [adquiridas] de forma cooperada”, disse Diego Moreira, integrante da coordenação nacional do setor de produção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Os ministros da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário estiveram na cidade. Carlos Fávaro, da Agricultura, afirmou que há demanda para a soja convencional. “É uma oportunidade de mercado, é um nicho de mercado importante que agrega valor. [As famílias dizem que] estão conseguindo R$ 24 a mais por saca de soja, com o mesmo nível de produtividade”, diz Fávaro. Especialistas afirmam que, para ser viável ao pequeno produtor, além do cooperativismo, o governo federal precisa disseminar assistência técnica, apoiar o desenvolvimento de novas variedades de soja convencional e também ampliar as linhas de crédito. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou que o governo vai melhorar o acesso aos financiamentos. “Tanto haverá aumento de volume de recursos para o pequeno agricultor, como também nós precisamos corrigir os valores, tendo em vista que esses valores estão defasados. O BNDES pode ampliar as linhas de crédito para cooperativas e a cooperativa pode adquirir máquinas modernas, pode adquirir silos e pode fortalecer o agricultor familiar em sua negociação para ele ganhar mercado”, afirma. Esses agricultores apostam na soja convencional como uma boa alternativa em pequenas propriedades que atuam de forma cooperada. “O retorno à produção da soja convencional nos dá condições de produzir de forma mais sustentável e garantir um equilíbrio ambiental e garantir renda em especial para os agricultores, que é o que nós temos de melhor”, afirma Moreira. Vídeos mais assistidos do g1 Paraná: Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.