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Passageira estava em ônibus a poucos metros de deslizamento na BR-376: 'Parecia uma cachoeira, era muita água e lama'

Por Giuliano Saito


Valquíria John é professora da UFPR e vinha de Itajaí (SC) para Curitiba. Segundo ela, apesar da proximidade do acidente, passageiros demoraram a saber o que estava acontecendo. Acidente deixou mortos. Professora registra momento em que ambulâncias iniciaram os resgates na BR-376 A professora Valquíria John estava em um ônibus próximo ao trecho atingido pelo deslizamento na BR-376 em Guaratuba, no litoral do Paraná, na noite desta segunda-feira (28). Ela relatou ao g1 que acompanhou as ambulâncias e bombeiros passando pela estrada para iniciar o resgate. O acidente deixou mortos e diversos carros soterrados. "As ambulâncias pareciam que não paravam nunca mais de passar. Nesse ponto, a gente enxergava as sirenes na frente. Estava muito escuro, mas a luz das ambulâncias era visível", afirmou O que se sabe e o que falta esclarecer sobre o deslizamento na BR-376 O deslizamento ocorreu na noite desta segunda-feira (28) e matou ao menos duas pessoas. De acordo com a Defesa Civil, pelo menos 15 carros e seis caminhões foram arrastados pela terra. Houve dois deslizamentos na BR-376 - um por volta das 15h30, quando a rodovia ficou interditada, e outro quatro horas depois com o trânsito liberado em meia pista. Foi neste momento que os veículos foram levados pela enxurrada. Equipes dos bombeiros, da Defesa Civil e da concessionária Arteris atuam nas buscas no local. Imagem aérea do deslizamento na BR-376 CBMSC/divulgação Valquíria John é professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e viajava de Itajaí, em Santa Catarina, para Curitiba. Ela afirma que faz o trajeto semanalmente. Conforme a passageira, o ônibus atrasou e saiu da rodoviária de Itajaí meia hora depois do previsto. Ela acredita que o atraso impediu que o ônibus estivesse no exato local do desmoronamento, mas poucos metros antes. Segundo a professora, apesar da proximidade do acidente, os passageiros não tinham informações sobre o que estava acontecendo. "Era um local sem nenhum acesso à internet, e a gente não fazia a menor ideia do que estava acontecendo. Apesar de estar geograficamente muito perto do que havia acontecido e, ao mesmo tempo, no escuro, sem nenhuma informação", relembrou. Valquíria John é professora da UFPR e estava em ônibus próximo ao local do deslizamento. Arquivo Pessoal/Valquíria John Leia também: Imagem aérea mostra destruição na BR-376 após deslizamento em Guaratuba 'Estrondo e o barulho, depois veio a terra tudo pra frente', diz motorista atingido por deslizamento na BR-376 em Guaratuba Carro de prefeito de Guaratuba é atingido por deslizamento: 'Só estamos vivos por um livramento de Deus' De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a pista foi completamente interditada por volta das 19h20. Valquíria conta que as primeiras informações chegaram por volta das 22h. "O que me deixou pela primeira vez com medo do lugar que eu estava, além da chuva, foi quando chegou um carro e eles instalaram uns refletores. Aí, a gente conseguia ver a água jorrando pelo asfalto. Parecia uma cachoeira, era muita água e lama", conta. Ainda segundo Valquíria, o sentimento foi de desespero. Ela relata que os passageiros começaram a perceber a gravidade da situação enquanto viam as ambulâncias e retroescavadeiras paradas ao lado. "O que mais me impactou foi aquele número de ambulâncias que foi parando e dos caminhões do bombeiro, e a expressão dos socorristas. Eles estavam todos ali, desciam e andavam de lá para cá, e começou a ficar muito claro que eles não tinham como chegar no local", contou. A situação fez a professora lembrar de 2008, quando morava em Itajaí e acompanhou o desastre do Morro do Baú, que desabou levando toneladas de terra, pedras e entulho em direção a uma comunidade. 135 pessoas morreram na tragédia. Preocupação dos familiares Segundo a professora, os passageiros ficaram horas sem sinal de telefone e não conseguiam contato para avisar familiares. Ao se aproximarem do posto de pedágio em Garuva (SC), os telefones começaram a apitar. Valquíria conta que a família dela tentava contato havia mais de quatro horas. Ela acredita que a tensão que os familiares passaram chegou a ser maior do que a dos passageiros. "Eu só fui tentando responder algumas mensagens no WhatsApp avisando: 'Tá tudo bem, eu to bem." Infográfico deslizamento BR-376 Arte/g1 Deslizamento arrasta carros e caminhões na BR-376 Leia mais notícias no g1 Paraná.