Ponto 14

Paranaense é o primeiro paciente pediátrico do Brasil a passar por terapia celular de combate ao câncer; conheça tratamento

Por Giuliano Saito


Segundo médicos, terapia é usada como última alternativa, quando não há mais nenhuma linha de tratamento disponível. Procedimento modifica células do próprio paciente para combater tumores. Paranaense é o primeiro paciente pediátrico a passar por terapia celular no Brasil O estudante Caio Bressan, de 16 anos, passou por um tratamento de terapia celular inovador no Brasil no combate ao câncer. O procedimento envolve o uso de células do próprio paciente, modificadas em laboratório, que se tornam capazes de combater tumores. A terapia, entretanto, é indicada apenas quando não há mais nenhuma linha de tratamento disponível para o paciente. Segundo o Hospital Erasto Gaertner, Caio foi o primeiro paciente pediátrico do país a passar pelo tratamento. Entenda abaixo. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram O paranaense foi diagnosticado com leucemia aos 9 anos. Antes do tratamento ser indicado para ele, passou por vários procedimentos que não resultaram na cura completa da doença. De acordo com a médica Antonella Zanette, uma das que atendeu o caso de Caio no Erasto Gaertner, o tratamento de terapia celular faz o uso de células chamadas linfócitos T. Caio foi o primeiro paciente pediátrico do Brasil a passar por tratamento inédito contra o câncer RPC Funcionamento da terapia celular No procedimento, o material genético é coletado e enviado para os Estados Unidos, onde as células são modificadas. Depois, estas células são recolocadas no organismo do paciente por meio de uma infusão - um processo parecido com uma transfusão de sangue. Quando o tratamento surgiu como alternativa à doença de Caio, o procedimento era inédito no país. Atualmente a terapia não é oferecida pelo Sistema Único de Saúde. “Essa célula tumoral acaba sendo destruída de uma forma bem específica. Por exemplo, um de nossos casos, ele entrou no procedimento, um dos pacientes adultos que tinham linfoma difuso de grandes células. Fez o procedimento e um mês depois fez o mesmo exame. Estava completamente zerado”, explicou o médico Johnny Camargo, diretor do serviço de transplante de medula óssea do Erasto Gartner. Tratamentos feitos antes da terapia celular Caio foi o primeiro paciente pediátrico do Brasil a passar por tratamento inédito contra o câncer RPC Antes de iniciar o tratamento, Caio passou por quimioterapias. Depois, um transplante de medula óssea da mãe, 50% compatível com ele. Foram sete meses na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), ocasião em que ele ficou frente a frente com a morte. Leia também: Corpus Christi: saiba o que é e como a descrença de um padre influenciou celebração VÍDEO: jovem é espancado por 15 pessoas; polícia vai investigar motivo das agressões Entenda: Por que jogar moedas nas Cataratas do Iguaçu prejudica biodiversidade? “Nesse dia ele tava muito ruim, alucinando. Vendo coisa, conversando, parece que era uma despedida”, lembra a mãe Márcia Bressan. Márcia contou que chegou a se despedir do filho. Ele estava intubado, mas lembra de tudo. “Ela se despediu. Eu ouvi tudo. Estava intubado, ainda consegui reagir... fiz assim com o ombro pra mostrar pra ela: ‘Não, mãe, eu to bem, eu to aqui. Eu vou continuar firme e forte nessa’.” Caio resistiu e voltou para casa. Um ano depois do transplante, entretanto, a leucemia voltou pela terceira vez. Resultados positivos Caio foi o primeiro paciente pediátrico do Brasil a passar por tratamento inédito contra o câncer RPC Depois que o Caio fez a infusão, a espera pelo resultado do exame foi de cinco semanas. E o alívio veio na primeira consulta: nenhuma célula de leucemia foi encontrada. No Brasil, atualmente, a terapia com as células modificadas é indicado para pacientes que já tentaram outros tratamentos e não conseguiram a cura para leucemia aguda linfoide, até os 25 anos de idade, e para o linfoma difuso de grandes células. “Esse é o grande desafio, o grande problema nosso hoje com a terapia celular. Num quarto você poder falar sobre isso, dar indicação e dar mais uma chance de tratamento. E você sair dali, entrar no quarto ao lado e não poder nem tocar no assunto, nem falar nada. Isso corta o coração da gente. De você saber que poderia ter uma cura, assim como o vizinho tem, e infelizmente a gente não ter essa disponibilidade no sistema público", disse a médica Antonella. Cinco meses depois do tratamento, Caio voltou a ver a chance de olhar para o futuro. "Eu digo que a gente tem que aproveitar os mínimos detalhes da vida, porque é isso que importa, isso que traz alegria pra gente. Aproveitar nossa família, nossos amigos, poder apreciar uma boa refeição, sair na rua, ouvir uma música. É isso que eu digo e é isso que eu vou fazer". Jovem paranaense é o primeiro paciente pediátrico a passar por terapia celular no Brasil Vídeos mais assistidos do g1 PR: Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.