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Paraná teve novembro atípico com chuvas acima da média e três tornados, aponta Simepar

Levantamento do Simepar mostra temperaturas abaixo da média, tempestades com granizo e três tornados que deixaram rastro de destruição no Estado.

Paraná teve novembro atípico com chuvas acima da média e três tornados, aponta Simepar Créditos: José Fernando Ogura/Prefeitura de Curitiba

O levantamento consolidado das estações meteorológicas do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) mostra que novembro de 2025 registrou temperaturas dentro ou abaixo da média histórica na maior parte do Estado. Já a chuva, acumulada ao longo do mês, ficou dentro ou acima do esperado para o período em quase todas as regiões. O mês também foi marcado por três tornados e por tempestades típicas da primavera, muitas delas acompanhadas de granizo.

A média das temperaturas ficou entre o normal e ligeiramente abaixo do padrão climatológico. As maiores anomalias foram observadas em áreas próximas a Antonina, Foz do Iguaçu, Cascavel e Toledo, que registraram de 1,1°C a 1,2°C abaixo da média histórica de novembro. Em municípios como Joaquim Távora, Ibaiti e Telêmaco Borba, além de áreas próximas a Guaíra, Assis Chateaubriand, Cascavel e Foz do Iguaçu, as mínimas ficaram entre 1°C e 1,5°C abaixo do esperado. No restante do Paraná, as temperaturas mínimas ficaram dentro da normalidade.

As máximas apresentaram comportamento semelhante: ficaram entre 1°C e 2°C abaixo da média no Litoral e em praticamente todo o Oeste e Noroeste. Exceções ocorreram em Guaíra, Altônia e Foz do Iguaçu, onde os valores ficaram alinhados ao padrão histórico. Um dos poucos locais onde a média de máximas superou a referência foi Cândido de Abreu, que atingiu 30,8°C, acima da média de 29,5°C. A semana final do mês teve sequência de dias acima dos 35°C em várias regiões, influenciando o resultado geral do período.

Chuva

Das 41 estações do Simepar com mais de seis anos de dados, apenas nove fecharam novembro com acumulados abaixo da média: as duas de Antonina, Fazenda Rio Grande, Francisco Beltrão, Palmas, Paranaguá, Guaraqueçaba e União da Vitória. Em todo o restante do Estado, a precipitação ficou acima do esperado, com destaque para Apucarana, Campo Mourão, Cândido de Abreu, Cianorte, Cornélio Procópio, Guaratuba, Londrina, Santa Helena e Ubiratã, todas com excedentes superiores a 100 mm. Em Cianorte, Santa Helena e Campo Mourão, o volume típico de novembro já havia sido superado logo nos dois primeiros dias do mês.

Novembro registrou várias tempestades com descargas elétricas, ventos acima de 50 km/h e granizo em diferentes cidades. De acordo com o meteorologista Reinaldo Kneib, a primavera já é uma estação naturalmente instável, mas o padrão negativo da Oscilação Antártica favoreceu a atuação mais frequente de frentes frias sobre o Sul do Brasil durante o mês.

Guaratuba concentrou um dos maiores episódios de chuva diária: 108,8 mm no domingo, 21 de novembro. Cornélio Procópio atingiu o maior volume mensal desde o início da série histórica, em 2018. Em municípios como Apucarana, Campo Mourão, Cândido de Abreu, Cianorte, Guaratuba, Lapa, Londrina e Santa Helena, novembro de 2025 foi o mais chuvoso desde 2015. Campo Mourão e Cianorte, com estações instaladas em 2017 e 2016, também registraram o maior acumulado desde o início dos registros. Em Cerro Azul, foi o novembro mais chuvoso desde 2020; em Palotina, desde 2017; e em Pinhão e Telêmaco Borba, desde 2019.

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Tornados

O evento meteorológico mais severo ocorreu no dia 7. O ramo frio de um ciclone extratropical que se formou sobre o Sul do País criou condições para tempestades muito intensas no Paraná. Algumas das nuvens convectivas evoluíram para supercélulas, sistemas com rotação vertical, graças ao forte cisalhamento do vento e ao aporte de ar quente e úmido.

A primeira supercélula originou dois tornados. O Tornado 1 passou por Quedas do Iguaçu, Espigão Alto do Iguaçu, Nova Laranjeiras, Rio Bonito do Iguaçu, Porto Barreiro, Laranjeiras do Sul, Virmond e Cantagalo, com categorias variando entre F1 e F4. Ele percorreu cerca de 75 km e deixou uma área de impacto estimada em 12.426 hectares. A largura variou de 750 metros a 3.250 metros, com grande destruição em Rio Bonito do Iguaçu, onde 90% das edificações foram atingidas.

O Tornado 2, formado pela mesma supercélula, passou por Candói (F2) e pelo Distrito de Entre Rios, em Guarapuava (F4). Ele percorreu aproximadamente 44 km, com área de impacto de 2.301 hectares e largura entre 500 e 1.160 metros.

Uma segunda supercélula deu origem ao Tornado 3, que atingiu Turvo em categoria F2. Foi o de menor percurso, com 12 km de extensão e 570 hectares de área de impacto, e largura variando entre 400 e 675 metros.

Após duas semanas de análises, entrevistas e sobrevoos, além de avaliações de imagens de satélite e radar, o Simepar concluiu que este episódio está entre os mais significativos dos últimos 30 anos no Paraná, considerando danos, extensão e quantidade de tornados associados ao mesmo sistema.

Confira estações meteorológicas com mais de seis anos de operação que ultrapassaram a média de chuvas para novembro:

Estação / média histórica para novembro / quanto choveu em novembro de 2025

Altônia: 139,6 mm / 209,6 mm

Apucarana: 161,2 mm / 275,8 mm

Capanema: 150,1 mm / 212,4 mm

Campo Mourão: 146 mm / 302 mm

Cândido de Abreu: 130,1 mm / 303,8 mm

Cascavel: 176,6 mm / 184,2 mm

Cerro Azul: 106,8 mm / 154,2 mm

Cianorte: 114,9 mm / 275,8 mm

Cornélio Procópio: 139,3 mm / 282,8 mm

Curitiba: 122,4 mm / 164,2 mm

Distrito de Entre Rios, em Guarapuava: 142,6 mm / 142,4 mm (considerado dentro da média)

Irati: 102,4 mm / 113,2 mm

Foz do Iguaçu: 150,2 mm / 172,4 mm

Guaíra: 153,1 mm / 229,8 mm

Guarapuava: 134,1 mm / 179,4 mm

Guaratuba: 218,8 mm / 334,4 mm

Jaguariaiva: 157,7 mm / 212,2 mm

Lapa: 110,1 mm / 177,8 mm

Laranjeiras do Sul: 140,3 mm / 145,6 mm

Loanda: 77,5 mm / 92,2 mm

Londrina: 154,6 mm / 271,22 mm

Maringá: 126 mm / 181,6 mm

Distrito de Horizonte, em Palmas: 103,7 mm / 123,2 mm

Palotina: 142,2 mm / 187,6 mm

Paranavaí: 136,2 mm / 145,2 mm

Pinhão: 149,7 mm / 180,4 mm

Santa Helena: 156 mm / 311,8 mm

Santo Antônio da Platina: 132,8 mm / 203 mm

São Miguel do Iguaçu: 170,4 mm / 204,4 mm

Telêmaco Borba: 136,2 mm / 149 mm

Toledo: 168,4 mm / 194 mm

Ubiratã: 115,4 mm / 204,4 mm

Mais de seis anos de operação que tiveram volume de chuvas abaixo da média para novembro:

Antonina: 224,8 mm / 120 mm

APPA Antonina: 165,2 mm / 110 mm

Fazenda Rio Grande: 151,3 mm / 144,2 mm

Francisco Beltrão: 166,9 mm / 158,6 mm

Palmas: 156,7 mm / 102,4 mm

Paranaguá: 124,1 mm / 116 mm

Ponta Grossa: 117,3 mm / 103,6 mm

Guaraqueçaba: 215,9 mm / 157,6 mm

União da Vitória: 140,1 mm / 82,6 mm.

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