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Paraná pretende gastar até R$ 4,3 milhões em veículo lançador de água para PMPR

Atualmente, o estado já possui um veículo semelhante, que foi utilizado em situações como a manifestação de professores em 29 de abril de 2015

Por Bruno Rodrigo

Paraná pretende gastar até R$ 4,3 milhões em veículo lançador de água para PMPR Créditos: Batalhão da Polícia de Choque do Rio de Janeiro

O Governo do Paraná lançou um edital para adquirir um Veículo Lançador de Água (VLA) para o Batalhão de Polícia de Choque da Polícia Militar (PM-PR). O equipamento, que será utilizado no controle de manifestações e distúrbios civis, será comprado por meio de um pregão eletrônico, programado para a próxima semana, com base no critério de menor preço. O valor estimado para a aquisição pode chegar a 844 mil dólares, o equivalente a aproximadamente R$ 4,3 milhões.

Atualmente, o estado já possui um veículo semelhante, que foi utilizado em situações como a manifestação de professores em 29 de abril de 2015. Na ocasião, cerca de 200 educadores ficaram feridos após uma ação policial durante um protesto contra a retirada de recursos do fundo de previdência para pagar dívidas do Estado. O novo VLA, no entanto, promete modernizar e ampliar a capacidade de atuação da PM-PR em cenários de conflito.

De acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), o Veículo Lançador de Água é uma ferramenta essencial para o controle de manifestações violentas, brigas de torcidas organizadas e operações de reintegração de posse. O equipamento é considerado "imprescindível" diante do "cenário atual de manifestações violentas e distúrbios civis", conforme destacado no edital que regulamenta a compra.

O governo justifica a aquisição como uma forma de modernizar os recursos do Batalhão de Polícia de Choque, proporcionando uma abordagem não letal no controle de distúrbios. "A aquisição do VLA permitirá que a tropa de choque atue com maior segurança e eficiência, garantindo a dispersão efetiva das multidões e reduzindo o risco de lesões tanto para os policiais quanto para os manifestantes", afirma o edital.

O edital estabelece uma série de requisitos técnicos para o veículo. Entre as exigências, está a presença de pelo menos dois canhões de água por impulso, com alcance mínimo de 60 metros. O equipamento deve ser capaz de disparar água em três modos: pulso curto, pulso longo e fluxo contínuo, com uma vazão de 1.200 litros por minuto.

Além disso, o VLA deve contar com um tanque de água com capacidade para até 6 mil litros, blindagem e sistemas de segurança avançados, incluindo recursos antichamas. O veículo também precisa ter tanques adicionais para armazenamento de gás lacrimogêneo (60 litros), corante (60 litros) e espuma (100 litros). Outra exigência é a capacidade de disparar diferentes misturas, como água pura, água com espuma, água com gás lacrimogêneo, água com tinta corante ou uma combinação de água, gás lacrimogêneo e tinta corante.

Para garantir a segurança dos policiais durante as operações, o veículo deve ser equipado com um sistema de pressão positiva que impeça a entrada de gás lacrimogêneo ou de pimenta no interior da cabine quando as janelas estiverem fechadas. O VLA também precisa ter capacidade para transportar pelo menos três policiais equipados e acelerar de 0 a 60 km/h em, no máximo, 30 segundos.

A compra do Veículo Lançador de Água é vista como uma medida necessária para fortalecer a atuação da PM-PR em situações de conflito. Segundo especialistas em segurança pública, o uso de equipamentos não letais, como o VLA, pode reduzir significativamente o risco de ferimentos graves ou mortes durante operações de controle de multidões.

No entanto, a aquisição também levanta debates sobre o uso de força policial em manifestações. Organizações de direitos humanos e entidades civis questionam se a presença de um veículo com capacidade de dispersão em massa pode aumentar a tensão em protestos, especialmente em contextos de reivindicações sociais e políticas.

Histórico controverso

O uso do VLA no Paraná não é novidade. O veículo já existente foi empregado em situações polêmicas, como a manifestação de professores em 2015, que resultou em centenas de feridos. O episódio gerou críticas à atuação da polícia e levantou discussões sobre a necessidade de equilibrar a manutenção da ordem pública com o respeito aos direitos de manifestação.

Para o governo, no entanto, a aquisição do novo VLA é uma forma de modernizar a atuação da PM-PR e garantir maior segurança tanto para os policiais quanto para os cidadãos. "O veículo é uma ferramenta essencial para garantir a ordem pública de forma eficiente e segura, minimizando os riscos de confrontos violentos”, diz o edital.