Paraná lança fundo pioneiro para o agronegócio estadual
O fundo, que é o primeiro desse tipo no Brasil, será gerido pela Fomento Paraná, que atuará como cotista e principal responsável pela definição das políticas de aplicação dos recursos
Por Gazeta do Paraná
O governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior, anunciou na noite desta quarta-feira (11), em Brasília, a criação do Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas do Agro (Fiagro FIDC). O fundo, que é o primeiro desse tipo no Brasil, será gerido pela Fomento Paraná, que atuará como cotista e principal responsável pela definição das políticas de aplicação dos recursos.
O Fiagro foi estruturado com base na Lei Federal nº 14.130/2021 e contará com um aporte inicial de R$ 150 milhões já disponíveis, além de um total de R$ 350 milhões que serão investidos pelo Governo do Estado. O fundo tem como objetivo oferecer alternativas de financiamento ao setor agropecuário, complementando recursos do Plano Safra e outras linhas de crédito rural.
Os recursos do Fiagro poderão ser direcionados para diversas áreas estratégicas do agronegócio, incluindo sistemas de irrigação, expansão da produção, armazenagem, modernização de maquinários agrícolas e financiamento de indústrias que atendem ao setor, como fabricantes de tratores e outros equipamentos.
Além disso, o fundo visa contribuir para o crescimento econômico, a segurança alimentar, a preservação ambiental e o fortalecimento das comunidades rurais.
A gestora responsável pelo Fiagro será a Suno Asset, selecionada por meio de edital público aberto pela Fomento Paraná. A empresa, que pertence ao Grupo Suno, possui mais de R$ 1,5 bilhão sob gestão, sendo R$ 500 milhões investidos diretamente no setor agropecuário. A Suno Asset também já mantém operações com cooperativas e produtores rurais.
O fundo deve entrar em operação ao longo de 2025. Antes disso, serão realizados trâmites junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para a elaboração do regulamento, política de investimentos e definição das diretrizes do fundo.
O agronegócio representa mais de um terço do Produto Interno Bruto (PIB) estadual e é um dos pilares econômicos do Paraná. O estado é o maior produtor de proteína animal, o segundo maior produtor de soja e o maior exportador de alimentos orgânicos do Brasil.
Com exportações para mais de 170 países, o setor movimenta bilhões de dólares anualmente. Dados recentes mostram que as exportações de carne de frango paranaense, por exemplo, cresceram 2,6% em 2024, atingindo 1,8 milhão de toneladas, com faturamento de US$ 3,3 bilhões.
Cenário climático e produtivo
O lançamento do Fiagro ocorre em um momento de melhorias climáticas para o agronegócio paranaense. As chuvas registradas na última semana em diversas regiões do Paraná tiveram impactos importantes no agronegócio estadual. Essas precipitações, que atingiram volumes previstos para o mês inteiro, foram decisivas para a recomposição do déficit hídrico que vinha prejudicando lavouras em várias localidades.
Para a soja, principal cultura do estado, a regularização das chuvas trouxe condições favoráveis para a safra, que tem potencial de alcançar 22,3 milhões de toneladas. Esse número pode superar o recorde histórico de produção, refletindo as melhorias climáticas recentes. O milho, outra cultura de destaque, também se beneficiou, com projeção de 2,6 milhões de toneladas para esta safra.
Nas lavouras de feijão, a situação é mais complexa. A colheita, iniciada no dia 2 de dezembro, foi interrompida devido ao excesso de chuvas. Essa pausa aumenta o risco de perdas na qualidade dos grãos, especialmente nas áreas prontas para colheita. Mesmo assim, 93% das lavouras de feijão do estado permanecem em boas condições, enquanto 7% estão em qualidade mediana.
Outro impacto foi observado no cultivo de cebola, que registrava 85% das lavouras em boas condições e produtividade estimada em 39,9 mil quilos por hectare, um crescimento de 21,2% em relação à safra anterior. No entanto, chuvas intensas em curtos períodos podem afetar parte da produção, exigindo atenção dos produtores para mitigar perdas.
Além das lavouras, o setor de pecuária também enfrenta cenários variados. Em novembro, o preço do leite longa vida caiu 2,8% no varejo em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto o valor pago ao produtor registrou alta de 0,94%. Já o setor de suínos destacou-se nas exportações, com as Filipinas liderando o destino de 16% do volume exportado, totalizando 2,6 mil toneladas e gerando receita de US$ 6,9 milhões.
Esses dados refletem a diversidade de condições e desafios que o setor enfrenta, reforçando a importância de mecanismos como o Fiagro para oferecer suporte financeiro e fortalecer o agronegócio paranaense.
Créditos: Redação