Operações que miram crimes contra a administração pública são realizadas no Paraná
Foram mais de 80 mandados judiciais cumpridos durante as operações
Por Bruno Rodrigo

A terça-feira (8) foi marcada por duas grandes operações da Polícia Civil do Paraná (PCPR), que miraram crimes contra a administração pública e fraudes financeiras em diferentes regiões do estado. As ações resultaram na prisão de dezenas de suspeitos e revelaram esquemas que, juntos, causaram prejuízos de aproximadamente R$ 4 milhões aos cofres públicos.
Na primeira operação, deflagrada logo nas primeiras horas do dia, a PCPR cumpriu 79 mandados judiciais contra um grupo investigado por desviar mais de R$ 3 milhões de contas bancárias de cinco municípios paranaenses: Doutor Camargo, Iporã, São Manoel do Paraná, Roncador e Paranapoema. A ação foi realizada simultaneamente em nove estados brasileiros, com apoio das polícias civis locais.
Foram expedidos 43 mandados de prisão pelos crimes de associação criminosa e estelionato, além de 36 mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos investigados. Os alvos foram localizados nos estados do Ceará, São Paulo, Rio Grande do Norte, Goiás, Piauí, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Pará e Distrito Federal.
As investigações, iniciadas em 2023, revelaram um esquema sofisticado de desvio de recursos públicos, com uso de engenharia social. Os suspeitos se passavam por funcionários de empresas ligadas a instituições bancárias e entravam em contato com servidores das prefeituras, solicitando supostas atualizações cadastrais. Com as informações obtidas, acessavam as contas públicas e realizavam transferências fraudulentas.
Segundo o delegado Gustavo Mendes Marques de Brito, os valores desviados eram pulverizados em contas de diversas pessoas jurídicas. Até agora, foram identificados 38 beneficiários diretos das transações ilícitas, concentrados principalmente nos estados do Ceará e de São Paulo. A operação segue em andamento, e novas informações devem ser divulgadas nos próximos dias.
Funcionários fantasmas
Também na terça-feira, uma segunda operação da Polícia Civil resultou na prisão de oito pessoas envolvidas em um esquema de funcionários fantasmas na Prefeitura de Clevelândia, no sudoeste do estado. O grupo é suspeito de causar um prejuízo de aproximadamente R$ 800 mil aos cofres públicos ao receber salários sem exercer nenhuma função.
A investigação aponta que o esquema era coordenado por um servidor público concursado da própria prefeitura, que teria articulado a inclusão de nomes na folha de pagamento municipal. A operação cumpriu ainda 11 mandados de busca e apreensão nos municípios de Clevelândia, Chopinzinho, Pato Branco e Campina da Lagoa.
Além das prisões e buscas, foram executadas medidas de bloqueio de bens, veículos e contas bancárias dos investigados, além da quebra de sigilos bancário e fiscal.
“Identificamos que os envolvidos recebiam remuneração sem apresentar qualquer atividade vinculada ao serviço público”, afirmou a delegada Alini Simadon, responsável pelo caso. Os detidos respondem por organização criminosa e peculato-estelionato.
As investigações continuam para identificar outros possíveis envolvidos e apurar a totalidade do prejuízo causado pela fraude.